20 de julho de 2017

O SENHOR SALVADOR JESUS CRISTO – Pr. José Costa Junior


O SENHOR SALVADOR JESUS CRISTO – Pr. José Costa Junior

 

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

Durante séculos o relato dos Evangelhos acerca de Jesus vem sendo aceito pela Igreja cristã em geral como sendo fidedigno, isto é, correspondendo com exatidão aos fatos que realmente ocorreram no início do primeiro século, e que formam a base histórica do cristianismo. Baseando-se nesse relato, o cristianismo vem ensinando, desde o seu surgimento, que Jesus é o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nasceu de uma virgem, que realizou milagres e que ressuscitou fisicamente de entre os mortos. A teologia cristã nunca teve dificuldade séria em admitir a atuação miraculosa de Deus na história, e sempre encarou a mensagem da Igreja apostólica registrada no Novo Testamento (como as cartas de Paulo e os Evangelhos) como sendo o registro acurado dos eventos sobrenaturais que se sucederam na vida de Jesus de Nazaré. Os Concílios cristãos que elaboraram dogmas a respeito da pessoa de Jesus (Nicéia, 325; Constantinopla, 381; Calcedônia, 451), não o fizeram como meras ideias divorciadas da história e de fatos concretos. Para eles, a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, viveu, atuou, morreu e ressuscitou dentro da história real.

 

A situação mudou, com o surgimento do Iluminismo no início do século XVIII. A razão humana foi endeusada como capaz de explicar todas as dimensões do universo e da existência do homem. Tudo que não pudesse ser aceito pela razão deveria ser rejeitado. Houve uma "desmistificação" de todos os aspectos da vida e do pensamento. A própria Igreja se viu invadida pelo racionalismo. Muitos estudiosos cristãos se tornaram racionalistas em alguma medida. Como resultado, em muitas universidades e seminários chegou-se à conclusão de que milagres realmente não acontecem. Os relatos dos Evangelhos acerca da divindade de Jesus e de sua atividade sobrenatural passaram a ser desacreditados. Era preciso pesquisar para encontrar o verdadeiro Jesus, já que aquele pintado nos Evangelhos nunca poderia ter realmente existido. E assim teve, inicio a "busca do Jesus histórico", levada a efeito por professores e eruditos de universidades e seminários cristãos que achavam irracional o Jesus sobrenatural dos Evangelhos.

 

Eles afirmaram que para reconstruir o verdadeiro Jesus era necessário abandonar os antigos dogmas da Igreja acerca da inspiração e infalibilidade das Escrituras, bem como sobre a divindade de Jesus Cristo. Era preciso usar o critério da razão para separar nos relatos bíblicos a verdade da fantasia, Para isso, desenvolveram vários métodos que analisavam os Evangelhos como qualquer outro livro antigo de religião, procurando descobrir como as ideias fantasiosas acerca de Jesus se originaram nas igrejas cristãs primitivas. Pensavam (ingenuamente) que seria possível examinar a história de forma isenta de preconceitos ou pressuposições.

 

No século passado, os estudiosos, em busca do Jesus histórico, começaram a aceitar a ideia do "mito", ou seja, a ideia de que os Evangelhos são relatos mitológicos sobre Cristo, lendas piedosas criadas em torno da figura histórica de Jesus pelos seus discípulos. Assim, firmou-se a ideia de que Jesus não ressuscitou fisicamente. A ressurreição, na verdade, era a crença dos discípulos na presença espiritual de Jesus.

A essa altura, os próprios estudiosos perceberam que a "busca" não os estava levando a lugar algum. Era fácil destruir o Cristo dos Evangelhos, mas eles não conseguiam reconstruir um Jesus histórico que os satisfizesse. As vidas de Jesus reconstruídas pelos pesquisadores diziam mais acerca dos autores do que da pessoa que eles tentavam descrever. Os autores olharam no poço profundo da história em busca de Jesus, e o que viram foi seu próprio reflexo no fundo do poço.

 

 Apesar das diversas tentativas de reconstrução, ao fim chegava-se a um Jesus cuja existência era não apenas implausível, como impossível de ser provada. O Jesus liberal, desprovido do sobrenatural e da divindade, foi uma criação da obstinação liberal, que se recusava a receber como autêntico o relato dos Evangelhos sobre Jesus. A falta de comprovação histórica e documentária quanto ao Jesus liberal acabou por dar fim à "busca".

 

 O Jesus do liberalismo pouco se parecia com o Jesus da concepção histórica da Igreja de Jesus Cristo, como sendo tanto humano quanto divino, as duas naturezas unidas organicamente numa mesma pessoa. O racionalismo eliminou a natureza divina de Cristo e a considerou como produto da Igreja, dissociada do Jesus da história. Jesus era apenas o grande exemplo, e a religião que Ele ensinou era simplesmente um moralismo ético e social.

 

Entretanto, é preciso mais do que teorias para tornar convincente a tese de que a comunidade cristã inventou tanto material sobre Cristo, e que ela mesma acabou crendo em sua mentira. É quase inconcebível que uma comunidade tenha criado material histórico para dar sustentação histórica à sua fé. Uma comunidade que dá tal importância aos fatos históricos, não os criaria! Além do mais, essas teorias não levam em conta o fato de que os eventos e ditos de Jesus foram testemunhados por pessoas que estiveram com Ele, e que essas testemunhas oculares certamente teriam exercido uma influência conservadora na imaginação criativa da Igreja. Também ignoram o fato de que os líderes iniciais da comunidade os apóstolos, estiveram com Jesus e muito perto dos fatos históricos para dar asas à livre imaginação. Também deixa sem explicação o alto grau de unanimidade que existe entre os Evangelhos. Se cada Evangelho é o produto da imaginação criativa da igreja, como explicar diferenças entre eles? E se é o produto de comunidades isoladas, como explicar as semelhanças? Essas teorias são especulações e nada podem nos dar de evidência concreta. Portanto, continuamos a crer nas evidências internas e externas de que os Evangelho dão testemunho confiável do Jesus histórico, que é o mesmo Cristo da fé.

 

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações e textos, colhidos dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão desta lição “O Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.


O FILHO UNIGÊNITO DE DEUS

 

 

Quando os escritores do Novo Testamento se referem a Jesus como o Filho de Deus (João 1:49; 10:36), eles estão atribuindo divindade a ele. Como lemos em João 5:18, os judeus contemporâneos de Jesus entenderam claramente que quando Jesus disse que Deus era o seu Pai, ele estava “fazendo-se igual a Deus”. Em seu julgamento diante do sumo-sacerdote, quando perguntado: “tu és o Cristo, o Filho de Deus?” (Mateus 26:63), Jesus replicou no afirmativo (versículo 64). Os juízes, reconhecendo essa reivindicação de divindade ontológica, encontraram-no culpado de blasfêmia, e o sentenciaram a morte de acordo com Levítico 24:16 (versículos 65-66). 

 

Jesus, como o Filho de Deus, não é ontologicamente subordinado ao Pai.  Sua Filiação é uma relação intra-trinitariana, conforme lição III da EBD, que denota uma unidade essencial com o Pai. Algumas vezes o Novo Testamento se refere a Cristo como o “unigênito” (monogenes) do Pai (João 1:14,18; 3:16). Mas a palavra monogenes, que é derivada de duas palavras gregas — mono (um) e genos (tipo) — significa “um de um tipo”, e tem a ver com a “exclusividade” de Cristo.  Ela não implica que Jesus, como a Segunda Pessoa da Trindade, tenha sido criado ou nascido, ou que em algum sentido ele seja ontologicamente subordinado ao Pai. Como B. B. Warfield escreve: “O adjetivo ‘unigênito’ transmite a ideia, não de derivação e subordinação, mas de exclusividade e consubstancialidade: Jesus é tudo o que Deus é, e somente ele é isso”.  

 

Como o Filho unigênito do Pai, então, Jesus é único. Os cristãos são como filhos e filhas de Deus o Pai, mas eles são filhos adotados (Romanos 8:14-16; Gálatas 4:4-6). Em João 20:17, Jesus faz uma distinção entre seu relacionamento com o Pai e o relacionamento de seus discípulos com o Pai: “Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.

 

A DEIDADE DO FILHO DE DEUS

 

Na história da igreja, sempre tem havido aqueles que negam a divindade de Cristo. Os Ebionistas do segundo século, provavelmente um desdobramento do movimento judaizante, que Paulo denuncia em sua carta aos Gálatas, mantinham que Jesus era o filho natural de José e Maria, afirmando assim sua natureza humana. Mas os Ebionistas negavam que Jesus era divino. Os Arianos do quarto século também rejeitaram a eternidade de Jesus como o Logos. Distorcendo passagens tais como Provérbios 8:22, Romanos 8:29 e Colossenses 1:15, Ário alegava que Jesus era gerado e, portanto, devia ter tido um começo. Ário dizia que Cristo era a maior de todas as criaturas de Deus, tinha sido criado antes do restante da criação e tinha uma natureza divina similar àquela que é de Deus, mas ele não era o mesmo que Deus. O Arianismo foi condenado como herético no Concílio de Nicéia (325 d.C.). As Testemunhas de Jeová de hoje são uma forma moderna de Arianismo. No século dezenove homens tais como Ernest Renan e David Strauss foram instrumentais em iniciar movimento que veio a ser conhecido como “a busca do Jesus histórico”.

 

Negando que os evangelhos nos dão um relato exato dos verdadeiros ensinos de Jesus Cristo, estes estudiosos pensavam ser necessário ir além do texto da Escritura, um texto cheio de mitos e folclore, e encontrar o Jesus histórico. De modo crescente, o “Jesus real” foi descrito como um bom professor de princípios espirituais, mas certamente não a Segunda Pessoa da Trindade. 

 

A Confissão de Fé de Westminster (8:2) ensina a visão bíblica de que Jesus Cristo é “o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a ele”. A Bíblia está repleta de passagens que apoiam esta posição. Já vimos que os títulos Cristológicos “Cristo”, “Senhor”, “Filho do Homem”, “Filho de Davi”, “Palavra de Deus”, “Deus” e “Filho de Deus”, juntamente com os “EU SOU” encontrados no Evangelho de João – tudo isso – afirma a natureza divina de Cristo.  

 

A pré-existência da Segunda Pessoa da Trindade é claramente ensinada em passagens tais como João 1:1 (“No princípio era o Verbo”), João 3:13 (“Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu”), e João 3:31 (“Aquele [Cristo] que vem de cima é sobre todos”, ARC) e outras.

 

               No Antigo Testamento, há várias passagens que falam sobre o “Anjo do Senhor”, onde está claro que o Anjo é uma manifestação do próprio Deus. Ele tanto se identifica como Deus como também exerce prerrogativas divinas (Gênesis 16:7-13; 18:1-21; 19:1-21; 22:1118; Êxodo 3:2; Juízes 2:1-4; 6:11-22; 2 Samuel 24:16). Todavia, ao mesmo tempo, o Anjo é distinguido do Senhor (Gênesis 48:15-16; Êxodo 23:20-23; Zacarias 1:12-13). O que temos aqui é uma “Cristofania”, uma manifestação da Segunda Pessoa pré-encarnada da Trindade. Como Reymond afirma: “O registro bíblico sugere que o Anjo, como uma Pessoa divina, era incriado”.

 

Da mesma forma, Isaías 9:6 e Miquéias 5:2 profetizam sobre a vinda do Messias, o qual é dito ser “eterno”. A profecia de Isaías é especialmente forte, visto que ele afirma que o Messias vindouro é “Deus Forte”. O Novo Testamento revela que essas duas profecias do Antigo Testamento foram cumpridas em Cristo, afirmando assim sua divindade (Lucas 2:11; João 3:16; Efésios 2:14; Tito 2:13; Mateus 2:1-12).

 

Várias outras profecias do Antigo Testamento revelam a natureza divina do Messias vindouro. Salmo 2 ensina sobre a vinda de um Filho entronizado, que é igual ao Pai. Hebreus 1:5, Atos 4:25-26 e 13:33 nos ensinam que este Filho é Jesus Cristo. Salmo 45 fala sobre um Rei e Noivo divino. Hebreus 1:8-9 nos revela que este é Cristo. Salmo 102 refere-se às atividades criativas do Deus eterno. Hebreus 1:10-12 nos diz que isto refere-se a Jesus Cristo. Salmo 110 nos ensina sobre um Sacerdote e Rei que é Senhor. Mateus 22:41-45, Hebreus 1:3,13 e 5:6,10 nos informa que este é Cristo. E em Malaquias 3-4 somos informados sobre a vinda do Mensageiro divino do pacto. Marcos 1:2 nos diz que este também é a Segunda Pessoa da Deidade, Jesus Cristo. 

 

A natureza divina de Jesus Cristo é revelada de várias outras formas. Como temos visto, ele é o Criador (João 1:1; Colossenses 1:16; Hebreus 1:2) e Sustentador providencial (Colossenses 1:17; Hebreus 1:3) do universo. Ele perdoa pecados (Marcos 2:1-12). Ele tem poder e autoridade universal (Mateus 28:18; Efésios 1:22). Ele ressuscita mortos (João 11:38-44). Ele tem o poder e autoridade para conceder vida eterna (Mateus 11:25-27; João 5:26; 6:63). Ele é o objeto de adoração (Mateus 28:16; João 20:28; Atos 7:59). Ele realizou milagres “quais nenhum outro fez” (João 15:24) – milagres que “manifestaram sua glória [isto é, sua divindade]” (João 2:11), e deu autoridade a outros para realizar milagres também (Mateus 10:1-8). Todas estas revelações do poder e autoridade de Cristo falam da sua natureza divina. 

 

O Novo Testamento também ensina que Jesus Cristo possui atributos divinos. Ele demonstrou sua onipotência e soberania ao criar e (continuamente) sustentar o universo (Colossenses 1:16-17), ao silenciar uma tempestade no mar (Marcos 4:35-41), ao andar sobre a água (Mateus 14:22-33), ao transformar água em vinho (João 2:1-11) e ao ressuscitar Lázaro dentre os mortos (João 11:38-44). Ele ensinou que ele é eterno nas declarações “EU SOU”  e isso é confirmado adicionalmente em Hebreus 1:10-12. Ele demonstrou sua onisciência ao conhecer os pensamentos das pessoas (Marcos 2:8; João 1:48; 2:25), ao saber “desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (João 6:64), ao proclamar que ele tinha um conhecimento igual àqueles de Deus o Pai (Mateus 11:25-27), e  ao reconhecer a afirmação de seus discípulos de que “[tu] sabes todas as coisas” (João 16:30; 21:17). Jesus demonstrou sua onipresença ao afirmar que ele sempre estaria com a sua igreja (Mateus 18:20; 28:20). E a imutabilidade de Deus o Filho é ensinada em Hebreus 13:8: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (ARC). 

 

Finalmente, somos ensinados no Evangelho de João que Jesus Cristo, que é a Palavra de Deus encarnada (1:1,14), é “um” em essência com o Pai  (10:30), recebe a mesma honra que o Pai (5:23), deve-se confiar e crer nele assim como se deve confiar e crer no Pai (14:1), manifesta o nome de Deus em sua Pessoa (17:6), revela a obra de Deus em sua obra (17:4), e revela as palavras de Deus em suas palavras (12:44-50; 17:8). De acordo com a Escritura, Jesus é plenamente divino. 

 

A HUMANIDADE DO FILHO DE DEUS

 

Assim como na história da igreja sempre houve aqueles que negaram a divindade genuína de Jesus Cristo, assim também sempre houve aqueles que negaram sua humanidade genuína, obviamente negando através disso não somente sua encarnação, mas também sua crucificação, sua ressurreição corporal e sua ascensão. No primeiro século emergiu uma forma de Gnosticismo conhecida como Docetismo (do verbo grego dokeo, “parecer ou aparentar”). Esta visão sustentava que seria mal para Deus tomar sobre si uma natureza humana, pois o mundo físico é em si mesmo pecaminoso. Assim, somente “parece ou aparenta” que Cristo tinha um corpo físico. O apóstolo João fala contra o Docetismo em 1João 4:1-6. 

Então, no quarto século, Apolinário ensinou que Cristo tinha um corpo humano e uma alma humana, mas seu espírito humano tinha sido substituído pelo Logos divino. Isto, certamente, faz de Cristo menos do que humano. Esta visão foi condenada no Concílio de Constantinopla (381 d.C.). 

 

A natureza humana de Jesus Cristo é manifesta de várias formas no Novo Testamento. Mateus (1:18-25) e Lucas (1:26-38) nos informam, nas palavras da Confissão, que “quando chegou o cumprimento do tempo”, Cristo foi “concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria e da substância dela”. Isto, de acordo com Mateus 1:23, foi o cumprimento de Isaías 7:14: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel”. Não é que o Filho de Deus se tornou um homem no sentido de abrir mão da sua divindade. Antes a Segunda Pessoa tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado (veja João 1:14; Hebreus 4:15). 

 

Jesus chama a si mesmo de homem em João 8:40, e ele é chamado de homem em inúmeras circunstâncias (Marcos 14:71; Lucas 23:4; João 4:29; 5:12; 10:33; 1Timóteo 2:5). O autor de Hebreus é muito claro quando escreve que “visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele [Cristo], igualmente, participou... Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos  (2:14,17). Além do mais, a descendência humana de Jesus é traçada tanto em Mateus 1:1-17 (até Abraão) como em Lucas 3:23-37 (até Adão). Então, em Mateus 26:26,38 e Lucas 23:46, lemos que Jesus Cristo tinha uma alma humana. Assim, aprendemos, a partir destes versículos, que Cristo, o Filho de Deus, fez-se homem tomando um verdadeiro corpo, e uma alma racional. 

 

Além disso, em Lucas 2:52 lemos que Jesus Cristo passou por um período de desenvolvimento humano, no qual ele “crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens”. A Bíblia nos ensina que Jesus tinha necessidades humanas, tais como comida (Mateus 4:2), bebida (John 4:7) e sono (Marcos 4:38). Somos informados também que Jesus “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hebreus 5:8). Ele se cansava (João 4:6), e tinha sangue humano em suas veias (João 19:34; Hebreus 2:14). Em Tiago 1:13 somos ensinados que Deus não pode ser tentado. Mas em Mateus 4:1-11 e Hebreus 2:17-18, é nos dito que Jesus foi tentado. Obviamente, então, esta tentação tinha a ver com sua natureza humana, e não com sua natureza divina. Também, a Escritura ensina que Deus é onisciente (Atos 15:18; 1João 3:20), mas em Marcos 13:32 lemos que o Filho não sabia o tempo do segundo advento – uma referência óbvia à sua humanidade. A Bíblia também ensina que Deus é o doador da lei (Isaías 33:22; James 4:12), e, portanto, ele está acima da lei: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmo 115:3; 135:6). Mas Cristo como um ser humano, foi “nascido sob [sujeito] a lei” (Gálatas 4:4). Então também, sabemos que Deus, sendo imutável, não se emociona. Todavia, Jesus, como um ser humano, se emocionava.

Por exemplo, ele expressou irritação ou indignação (Marcos 10:14), se entristeceu (Marcos 3:5), ficou perplexo, angustiado e perturbado (Marcos 14:34; João 12:27), e expressou surpresa ou admiração (Marcos 6:6; Lucas 7:9). 

 

Outras evidências da humanidade genuína de Jesus são vistas no fato de que ele “cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo” (João 9:6). Ele chorou a morte de Lázaro (João 11:35). Ele teve uma coroa de espinhos “posta na sua cabeça” e deram-lhe [os líderes judeus] “bofetadas” (João 19:2-3). E enquanto Jesus estava sobre a cruz, “um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (João 19:34). Finalmente, Jesus morreu (Marcos 15:44-46). Mas mesmo após a ressurreição, ele revelou suas feridas aos seus discípulos (João 20:20,27). Em várias ocasiões ele comeu com eles (Lucas 24:28-43; João 21:9-14). E ele mostrou aos seus discípulos suas mãos e pés, e encorajou-os da seguinte forma: “apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24:39). Então, como um ser humano, Cristo ascendeu à destra do Pai (Marcos 16:19; Atos 1:9-11).  

 

 Pois nele [Cristo] habita continuamente toda a plenitude da Divindade corporalmente”. E em Filipenses 3:20-21, o apóstolo ensina que Cristo está agora mesmo à destra do Pai na forma corpórea, e na sua segunda vinda “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória”. Então, também, após a ascensão de Jesus, Estevão “fitou os olhos no céu e viu... o Filho do Homem, em pé à destra de Deus” (Atos 7:55-56). E o apóstolo João, tendo visto o Cristo ascendido como “o Filho do homem”, vestido em suas vestimentas sacerdotais, “caiu a seus pés como morto” (Apocalipse 1:12-17). 

 

Isso de forma alguma implica que a natureza humana de Jesus é uma parte da Trindade. Não é! Sua humanidade é tanto uma parte da criação de Deus como o restante da humanidade. O que é único sobre o homem Jesus é que ele não tinha pecado. Esta verdade é frequentemente testemunhada no Novo Testamento. Jesus nasceu da virgem Maria, tendo sido concebido pelo Espírito Santo, evitando através disso a natureza corrupta que ele teria de outra forma herdado através da semente de Adão (Lucas 1:35). E durante toda a sua vida ele permaneceu “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hebreus 7:26). Ele era o cordeiro de Deus, “sem defeito e sem mácula” (1Pedro 1:19). Embora ele tenha sido “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, todavia [ele permaneceu] sem pecado (Hebreus 4:15). E quando sofreu em favor dos seus eleitos, ele “não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1Pedro 2:21-22). Por conseguinte, Deus o Pai, “àquele [Cristo] que não conheceu pecado, o fez pecado por nós [os eleitos]; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Coríntios 5:21). 

 

Além do mais, a Bíblia ensina que para Jesus Cristo ser o Salvador da sua igreja, era essencial que ele fosse tanto Deus como homem. Era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna. 

 

Era necessário que o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso com confiança ao trono da graça. 

 

Era necessário que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosse Deus e homem e isto em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza fossem aceitas por Deus a nosso favor e que nós confiássemos nelas como as obras da pessoa inteira. 

 

CONCLUSÃO

 

            Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão difícil tema e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.

 

 

 

Pr. José Costa Junior

 

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