LIÇÃO
02 – ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS 2º TRI 2017 (Gn 4.8-16)
INTRODUÇÃO
Nesta lição
analisaremos a definição da palavra caráter; estudaremos a pessoa de Caim e
Abel como dois tipos de adoradores opostos; pontuaremos Abel como um grande exemplo
de um verdadeiro adorador, e por fim, comentaremos sobre quais as lições que
Abel nos deixou com sua vida piedosa e obediente.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA CARÁTER
·
Definição
da palavra caráter
Segundo o dicionário
Aurélio caráter é: “formação moral; honestidade, caracterização do próprio
sujeito; índole, humor, temperamento, traço distintivo; conjunto de
características que, sendo boas ou más, distinguem uma pessoa, um povo”. O
caráter refere-se ao aspecto fisiológico ou morfológico usado para diferenciar
os seres em diferentes espécies ou numa mesma espécie. Reunião de caracteres
psicológicos comuns que compõem um indivíduo ou um grupo de pessoas.
II
– A OFERTA DE ABEL
·
Abel:
O homem que agradou a Deus
O exemplo de Abel,
homem espiritual e digno, em sua conduta séria e voltada para o relacionamento
correto fiel a Deus e o quanto foi terrível o efeito do pecado na vida dos
homens. Ao procurar oferecer a Deus sacrifício agradável e santo, Abel fez
irromper no coração de seu irmão Caim, que era carnal, o sentimento da inveja e
da amargura sem sentido. A natureza carnal mostrava, ali, no cenário familiar,
a inveja, o ódio, a ira, e a violência em sua forma mais covarde e cruel. Um
inocente sendo morto por motivo torpe, sem chance de defesa.
Abel, homem fiel, santo
e inocente, foi morto pelo próprio irmão por causa de sua fidelidade a Deus.
Por permissão do Senhor, que respeita o livre-arbítrio humano, teve início a
tragédia da violência no seio da humanidade, em sua marcha contínua e
destruidora de vidas preciosas. Há quem diga que o sacrifício de Abel foi
aceito por Deus pelo fato de ser um sacrifício cruente, com sangue, dos animais
dos animais que ele cuidava. Certamente, perante Deus, o sacrifício com sangue
já tinha o sentido profético do sacrifício de Cristo. Deus, porém, também
aceitava o sacrifício de vegetais. “As primícias, os primeiros frutos da tua
terra, trarás à casa do SENHOR, teu Deus [...]” Ex 23.19; 34.22; Lv 23.10.
Na realidade, o
sacrifício de Caim foi rejeitado não por causa do tipo da oferta – por ser
frutos da terra, mas sim por causa do seu coração maligno, de seus sentimentos
maus. Antes de olhar para a oferta de alguém, Deus olha e vê o coração (lSm
16.7). Não adiante apresentar uma oferta ou um sacrifício que chama atenção dos
homens em quantidade ou qualidade se o interior estiver cheio de maldade, ódio
ou presunção. Na verdade Caim era mau. A Palavra de Deus diz sobre seu caráter:
“Porque esta é a
mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros. Não
como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou.
Porque as suas obras eram más e as de seus irmão, justas” (1 Jo 3.11,12).
lll
– UMA OFERTA AGRADÁVEL A DEUS
·
ABEL:
EXEMPLO DE UM VERDADEIRO ADORADOR
Abel pode ser um
derivado do vocábulo hebraico que significa: “sopro, fôlego, vapor,
respiração”, possivelmente para prefigurar assim que sua vida seria curta
(GARDNER, 1999, p. 11 – acréscimo nosso). Abel é lembrado nas Escrituras como
um homem de fé, um homem de Deus, alguém de destaque (Hb 11.4). Embora saibamos
muito pouco dele, o pouco que nos é revelado é suficiente para nos mostrar
alguém especial e agradável aos olhos de Deus (Gn 4.2-9; Mt 23.35; Lc 11.51; Hb
11.4, 12.24). Diante disso, comentaristas tem afirmado que Abel é, sem dúvidas,
um exemplo para os cristãos em todos os tempos.
·
Abel:
um exemplo de verdadeiro adorador.
O termo “primícias” no
AT é usado correspondentemente em relação a produtos da terra (Gn 49.3; Êx
23.16,19; 34.22, 26; Lv 2.12, 4; 23.10,17,20; Nm 15.20,21; Dt 18.4, 21.17) da
mesma forma como os “primogênitos” eram os mais preciosos entre os animais, as
“primícias” o eram entre os cereais. A ausência do termo primícias em relação a
oferta de Caim mostra que a sua oferta foi de pouca qualidade em contraste com
o melhor que Abel havia trazido, Caim simplesmente trouxe a Deus algo sem
importância. Ao ofertar, Caim trouxe uma oferta “comum” para Deus, e quando
Abel traz sua oferta, a Bíblia faz questão em explicitar que não se tratava de
uma oferta comum, mas dos primogênitos, ou seja, os primeiros animais nascidos.
Enquanto a oferta de Abel foi com fé e zelo, a de Caim foi sem compromisso e
desprezo.
·
Abel:
um exemplo de adorador com caráter.
O crente verdadeiro e o
não verdadeiro são diferenciados por suas atitudes básicas em relação a Deus.
Embora as Escrituras não contenham nem uma única palavra proferida por Abel,
ele “ainda fala” por intermédio de seu caráter exemplar (Hb 11.4). Seu sangue,
que “clamava a Deus desde o solo”, não foi esquecido (Gn 4.10; Lc 11.48-51).
Jesus fala do caráter de Abel em Mateus 23.34-35, e com esses dois versos
aprendemos três lições:
a) Que Jesus reputava a
Abel como um profeta: “eis que eu vos envio profetas...”;
b) Que Jesus reputava a
Abel como um mártir: “...o sangue justo derramado sobre a terra”;
c) Que Jesus reputava
Abel como Justo: “… desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias”.
Duas vezes Jesus usa o
termo “justo” do grego “dikaiós” para descrever a Abel, uma vez em referência a
seu sangue e outro em relação a sua pessoa.
·
Abel:
um exemplo de adorador que tinha uma visão de Deus.
Abel não viveu uma
vida-longa, mas uma vida que se prolonga até hoje. Foi o primeiro a ser
assassinado, e o foi exatamente por causa da visão que tinha de adorador. Caim
e Abel ambos haviam recebido a vida, saúde e condições de trabalhar. Ambos
foram abençoados em seu trabalho, ambos criam em Deus, mas a visão de adorador
foi diferente. A oferta de Abel era uma oferta das suas primícias. O termo
hebraico “bekowrah” é usado poucas vezes no AT, e normalmente significa
primogênito (Gn 43.33), ou até mesmo primogenitura (Gn 25.31). A ideia que se
tem desse texto é que Abel trouxe o que tinha de melhor. Caim por sua vez
lembrou-se do culto, mas não preocupou-se em dar o melhor, pegou qualquer coisa
dos produtos da terra e ofertou ao Senhor (Gn 4.3-5).
IV
- CAIM: UM MAL EXEMPLO DE ADORADOR
·
Antes
de atentar para a oferta, Deus atenta para o ofertante (Gn 4.3-5).
Fica claro que Deus
atenta primeiramente para o homem e depois para a oferta. Nada que possamos oferecer
a Deus pode comprá-lo. Ele não receberá uma oferta de procedência duvidosa (Dt
23.18), nem aquela dada como se fosse uma obrigação incômoda (2Co 9.7). A visão
de Deus se uma oferta é correta ou não, está mais ligada ao coração daquele que
ofertou do que com a oferta em si. Observe que Deus se agradou “de Abel e de
sua oferta”. Primeiro o Senhor olhou para o coração de Abel, e depois observou
que sua oferta era adequada. Da mesma forma Deus não se agradou “de Caim e de
sua oferta”. A atitude de Caim após a rejeição de sua oferta mostrou o que de
verdade ele tinha em seu coração: “Não como Caim, que era do maligno e matou a
seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu
irmão, justas.” (1Jo 3.12).
·
Abel
ofereceu a Deus o melhor que tinha, enquanto Caim não (Jd 11-a).
Caim não foi rejeitado
por causa da oferta que escolheu, mas sua oferta foi rejeitada por causa de
Caim, pois seu coração não estava em ordem com Deus. A Bíblia nos mostra que
Deus observa o coração do ofertante (Is 1.11-20; Mt 5.23-26). Muitos anos
depois, a lei de Moisés prescreveu a oferta de grãos e de frutas (Lv 2; Dt
26:1-11), de modo que não temos motivos para acreditar que tais ofertas (de
cereais) não eram aceitáveis desde o princípio. Contudo, mesmo que Caim tivesse
sacrificado animais e derramado o sangue deles, não teriam sido aceitáveis para
Deus por causa da disposição do coração de Caim. Abel trouxe o que tinha de
melhor e procurou verdadeiramente agradar a Deus; Caim, porém, não teve essa
atitude de fé (1Sm 15.22; Is 1.11-13; Os 6.6; Mq 6.6-8; Mc 12.28-34, 41-44)”.
·
Caim
jamais experimentou um relacionamento verdadeiro com o Senhor.
Sem um coração
submisso, nem mesmo as mais preciosas ofertas podem tornar o adorador aceitável
diante de Deus (Sl 51.16, 17; 2Tm 3.5). O Senhor usando o profeta Isaías disse:
“Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra,
mas o seu coração está longe de mim” (ls 29.1 3; Mt 15.8). O caminho de Caim é
o caminho da vontade própria e da incredulidade (Jd 11). Caim representa a
humanidade caída, pecadora e fugitiva da presença de Deus: “E saiu Caim de
diante da face do Senhor [...]” (Gn 4.16). O rei Salomão disse: “O sacrifício
dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!” (Pv
21.27). Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos
homens agradam a Deus (Is 1.11-17; Ml 1.6-14).
·
Caim
foi o agricultor que sabia cuidar da terra mas não do seu espírito (Gn 4.2).
Caim aprendeu com o seu
pai Adão, a arte da agricultura e certamente foi um bom lavrador da terra,
porém não adiantava ser um bom lavrador da terra se o seu coração era voltado
para o mal. Caim foi recebido em seu lar como uma bênção de Deus (Gn 4.1), e
assim poderia ter sido se tivesse buscado servi-lo. Ele se afastou de Deus, e,
por conseguinte, todos os seus descendentes caíram em desgraça, por isso foram
destruídos no dilúvio (Gn 6.13). Judas nos exorta que evitemos nos apartar do
Deus vivo, pois este caminho conduz, inevitavelmente, à destruição (Jd 11-13).
Apesar das honras que lhe conferiam a primogenitura, Caim deixou-se dominar por
uma inveja tola e injustificável. Como primeiro filho de Adão, cabia-lhe, entre
outras coisas, a herança messiânica se tivesse permanecido fiel, estaria hoje
entre os ancestrais de Cristo.
V
– A INJUSTIÇA CONTRA ABEL
·
Abel
era um homem justo
Diz a Bíblia: “Pela fé, Abel, ofereceu a Deus maior
sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo” (Hb
11.4). Não se sabe quantos anos Abel tinha quando ofereceu seu sacrifício a
Deus e foi assassinado por seu irmão. Mas, em toda a sua vida, ele demonstrou
ser homem de bem, que andava em retidão, de caráter ilibado e reconhecido por
Deus. Abel representa a parte da humanidade que se volta para Deus e que
formada por homens justos.
Caim representa a parte má da humanidade, que dá as
costas para Deus e que busca os interesses egoístas e imediatos. Contra Abel,
foi preparado o terrível crime de homicídio e fratricídio, não porque praticara
qualquer ato indigno, mas porque era homem como Jó: “reto, sincero, temente a
Deus” e desviava-se do mal. Em qualquer tribunal imparcial, a morte de Abel
seria considerada uma terrível injustiça, sujeita ao mais severo castigo. Caim
poderia ter sofrido a pena de morte se teu crime fosse cometido séculos mais
tarde, pena esta por decreto do próprio Deus (Gn 9.6) e na vigência da Lei de
Moisés (EX 21.12,14). Abel era justo e morreu injustamente – permissão de Deus.
Diz a Bíblia que o que acontece ao ímpio acontece também ao justo (Ec 9.2).
·
Abel,
o primeiro Mártir
Abel foi protagonista
primário de algumas coisas: foi o primeiro pastor de ovelhas; o primeiro a
oferecer sacrifício de animais no culto a Deus; e também o primeiro homem
justo; porém, também foi o primeiro mártir; e o primeiro a entrar para galeria
dos mártires por causa de sua fé e também o primeiro a ter seu nome registrado
na galeria dos heróis da fé (Hb 11.4). Jesus foi morto por inveja: “Porque ele
bem sabia que por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado” (Mc
15.10). Da mesma forma que Jesus, Abel também foi morto por inveja. Caim ficou
irado pelo fato de Deus ter aceitado a oferta de Abel e, tomado de ódio,
assassinou friamente o seu irmão sem dar a ele chance alguma de defesa. Hoje,
seu crime seria considerado homicídio qualificado doloso por motivo torpe.
VI
– UM HOMEM QUE AGRADOU A DEUS
O episódio envolvendo
Caim e Abel é o mais destacado na história de Adão. O relato bíblico
autoriza-nos a dizer que Abel buscou a Deus com amis afinco e amor, pois ele
entendeu que seu sacrifício deveria ser o melhor daquilo que possuía: “E Abel
também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o
SENHOR para Abel e para sua oferta” (Gn 4.4). Além de oferecer sacrifício dos
“dos primogênitos” das ovelhas, o texto diz que ele levou a Deus “da sua
gordura”. O sacrifício com gordura sobre o altar era “cheiro suave” e agradável
a Deus (Ex 29.13; Lv 4.31) e fazia parte do “sacrifício pacifico” e “oferta
queimada ao Senhor” (Lv 3.3,4). Que Deus nos ajude e nos guarde e também nos dê
sabedoria e amor para oferecermos sempre “sacrifícios de louvor” (Sl 50.14).
“Portanto ofereçamos sempre por ele, a Deus sacrifícios de louvor, isto é, o
fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).
CONCLUSÃO
A humanidade começou
mal coma desobediência dos primeiros habitantes da terra. Adão pecou ao ouvir o
Diabo através de sua mulher. Toda a tragédia humana decorre daquele gesto
precipitado sob a insinuação maliciosa do Diabo. Expulsos do Éden, Adão e Eva
certamente criaram seus filhos mostrando os preceitos e mandamentos de Deus
para eles. Caim, o primogênito, preferiu o exemplo do pai quando desobedeceu ao
Criador. Seu irmão, Abel, pelo contrário, preferiu dedicar-se a adorar a Deus e
oferecer o melhor dos seus esforços e trabalho.
Deus aceitou a oferta
de Abel e rejeitou a oferta de Caim. Por isso, por inveja, este foi seguido de
milhões de atos semelhantes que causaram e ainda causam dor e tristeza. Em
pleno século XXI, a ciranda da violência prossegue ceifando vidas preciosas. Somente
com a intervenção de Deus na terra, essa onda maligna de infelicidade cessará.
No Milênio, o planeta será restaurado em seu ambiente ecológico, social e
espiritual.
Elaboração
pelo: Pb. Mickel Souza Porto
Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados –
MS
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
GARDNER, Paul. Quem é
quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
RADMACHER, Earl D. Et al. O
Novo Comentário Bíblico: AT. CENTRAL GOSPEL.
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WIERSBE, Warren W.
Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. PDF
ELINALDO RENOVATO DE
LIMA. O Caráter do Cristão. CPAD
IEAD PERNAMBUCO
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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