12 de maio de 2016

A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO


A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO

Pr. JOSÉ COSTA JUNIOR

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

Paulo já havia escrito que mesmo após a nossa salvação continuamos carregando uma companhia desagradável, a velha natureza. Antes da nossa salvação, só tínhamos uma natureza, corrompida, escravizada, entregue às paixões, desejando tudo o que desagradava Deus e odiando tudo o que o agradava.

 

Após a salvação, Deus nos deu uma nova vida, e com ela uma nova natureza. Agora desejamos fazer tudo o que Deus gosta e odiamos tudo o que Ele odeia. Surgiu, então, a crise interior declarada por Paulo no capítulo anterior. As duas naturezas brigam entre si e muitas vezes a velha sai ganhando. Esse nosso inimigo íntimo é o nosso maior adversário.

 

A novidade de Romanos 8 é que não estamos sozinhos nessa luta. Deus enviou o seu próprio Espírito para confirmar que somos de fato salvos e ainda nos ajudar a viver a nova vida diariamente.

 

O Espírito mora em nós. É uma companhia, mais do que uma possessão. Junto desta presença maravilhosa, recebemos também algumas bênçãos. O Espírito Santo é uma visita que trouxe presentes: força para enfrentar a velha natureza; certeza da filiação; certeza da salvação; auxílio na comunicação com Deus através da oração.

 

As mudanças operadas pelo Espírito em nós começam na nossa mente. Como são os nossos pensamentos que governam nosso comportamento, eles devem ser dominados pela presença do Espírito para que não façamos mais as coisas que fazíamos antes. Assim se explicam as mudanças milagrosas que se manifestam nos novos cristãos.

 

Uma das maiores bênçãos do Espírito é a confirmação do nosso novo status: somos filhos de Deus. Filiação é a maior bênção que um cristão poderia receber. Não é ser salvo do inferno, ou ser presenteado com a vida eterna – é ser adotado como filho por Deus para sermos parecidos com Jesus, o Filho amado de Deus, o nosso irmão mais velho.

 

Com isso nos tornamos co-herdeiros de Cristo. Se Deus é rei, o dono do universo, e Cristo é o seu herdeiro, nós somos filhos do Rei e irmãos de Cristo.

 

Paulo menciona nossa herança em outros lugares: “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus”. (ICo 3;21-23). Observe ainda Ef 1;3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.

 
O Espírito ainda nos dá certeza da nossa salvação futura. Ele é a garantia que iremos morar com Deus quando morrermos. No nosso novo lar teremos vida eterna, paz completa, presença eterna de Deus, companhia agradável dos anjos, os irmãos que nunca irão nos deixar. Não haverá mais dor, lágrima, fome, tristeza ou luto.

 

O capitulo oito termina com uma declaração de vitória e segurança. Nada ou ninguém pode impedir-nos de alcançar as bênçãos prometidas por Deus. O medo pode aparecer, mas quando ele surgir, lembramos da companhia que temos ao lado.

 

            O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre a vida segundo o Espírito. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.


 I. A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO A LEI DO PECADO

 

No Velho Testamento o termo "carne" é colocado antagonicamente a "espírito" (hebraico ruach, primariamente "vento" e então "vigor vital"). Is 31;3 é passagem clássica: "Pois os egípcios são homens e não Deus; os seus cavalos carne, e não espírito." Deus, por implicação, é Espírito (ver Jo 4;24). Não só isso, mas o Espírito de Deus pode dar ener­gia aos homens e comunicar-lhes força física, aptidão mental, ou com­preensão espiritual que doutro modo não obteriam. No homem, o espírito é seu alento, sua disposição, sua vitalidade.

 

Semelhantemente, nos escritos paulinos "carne" e "espírito" são termos opostos. Os crentes em Cristo não estão mais "na carne", mas "no Espírito" (8;9); não mais andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito" (8;4); não produzem "as obras da carne", mas o "fruto do Es­pírito" (Gl 5;19, 22).

 

Ficamos em dificuldade por termos de escolher entre o "E" maiús­culo e o "e" minúsculo cada vez que escrevemos a palavra. Paulo não tinha este problema quando pronunciava a palavra grega pneuma ao ditar esta epístola, nem Tércio ao redigi-la.

Em Paulo, podemos distinguir os seguintes usos principais do termo "espirito"

O primeiro uso da palavra espírito se refere a parte "espiritual ' da constituição humana. "Deus, a quem sir­vo em meu espírito", fala Paulo em 1;9. Com isto podemos comparar 7;6, onde os cristãos, não mais sob a lei, mas sob a graça, servem "em no­vidade de espírito e não na caducidade da letra" (que, contudo, vai além de 1;9 em suas implicações). A circuncisão "no espírito, e não na letra" — i. e. a circuncisão ou purificação interior do coração, de que falavam os profetas (Jr 4;4, Dt 10;16) — é contrastada com a circuncisão literal da carne (2;29). Os cristãos são exortados a serem "fervorosos de espírito" (12;11). O espírito dos crentes em Cristo move-se em harmonia com o Es­pírito de Deus (8;16).

Os outros escritores do Novo Testamento empregam o termo "es­pírito" mais ou menos como sinônimo de "alma". Isto ocorre, por exem­plo, nas palavras iniciais do Magnificat: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lc l;46s.). Ou podemos comparar as palavras de nosso Senhor em João 12;27, "Agora está angustiada a minha alma", com a afirmação do evangelista em João 13;21 de que se angustiou "Jesus em espírito". O próprio Paulo emprega "espírito" neste sentido mais geral quando indaga: "qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está?" (ICo 2;11). Mas na maior parte dos casos, "espírito" e "alma" não somente se distinguem entre si em Paulo, mas também se contras­tam: o "homem natural" é o homem "anímico" (psuchikos, depsuche, "alma"), em contraste com o "homem espiritual" (pneumatikos,  de pneuma, "espírito"). Em Paulo, talvez se possa descrever o espírito humano como o elemento que, no homem, pode ter consciência de Deus, elemento adormecido ou morto até receber o impulso vivificante do Es­pírito de Deus. Ou pode ser considerado como a "personalidade cristã" de "homens que, se se nos permite dizê-lo assim, não são vivos apenas, mas são cristãmente vivos".

 

O segundo uso da palavra espírito se refere ao Espírito de Deus, ou Espírito Santo. É chamado "Espírito de santidade" em 1;4, em relação à ressurreição de Cristo. Ver 8;11, onde é chamado "Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos". Sob Sua iluminação, a consciência do homem dá testemunho verdadeiro (9:1). Na proclamação do Evangelho, Ele supre o poder necessário para tornar a mensagem eficiente nos ouvintes (15:19). Os que deste modo são trazidos à fé em Cristo são santificados "pelo Espírito Santo" (15:16). No coração dos que crêem no Evangelho, Ele derrama o amor de Deus (5:5; ver 15:30). E por Seu poder, ficam cheios de paz, alegria e esperança (14:17,15:13).

 

Uma vez que Deus se revelou em Cristo, o Espírito de Deus é o "Es­pírito de Cristo" (8:9). O Espírito comunica tão completamente a vida e o poder do Cristo redivivo e exaltado que, na prática, muitas vezes ambos parecem ser identificados (embora sejam distintos em princípio). Por exemplo, as expressões "se de fato o Espírito de Deus habita em vós" (8:9) e "se porém, Cristo está em vós" (8:10) são praticamente sinônimas.

 

No capítulo oito de Romanos, afeto a essa lição, é que a natureza e as implicações da morada e da operação do Espírito Santo no cristão são expostas com maior clareza.

 

II. A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO À NATUREZA ADÂMICA

 

O sistema anterior de vida, mediante a obediência à lei, manifestamente nunca logrou êxito. Agora prova-se bom pela encarnação de Jesus e a presença do Espírito. A lei é incapaz de conferir benefícios, mas o que ela falhou em fazer, a graça realizou mediante Cristo e o Espírito Santo. A vida triunfante começa aqui e agora na ausência de qualquer sentença por desajustamento com Deus. Unido a Cristo, o crente é absolvido e está livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma vida reta, é levada a cabo não "por" nós, mas “em” nós; isto é “o que fora impossível à lei”. A idéia é mais de inabilidade inerente da lei em fazer algo no sentido de uma vida santa, do que meramente de sua impotência por fazer o que Cristo realizou.

 

O fracasso da lei é absoluto. A nova lei sob que estamos é “a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus”, a qual emancipa “da lei do pecado e da morte”. O pecado é estranho à vida humana. É um intruso. Enviando Seu Filho “em semelhança de carne pecaminosa”, Deus enfrentou o problema do pecado. Paulo não quer dizer aí que Jesus assumiu carne pecaminosa, como se toda carne fosse manchada ou corrompida pelo pecado. Os evangelistas são bem claros acerca do advento de nosso Senhor no que diz respeito à Sua concepção. A santidade do menino Jesus é acentuada tanto por se originar do Espírito Santo quanto por ser Ele em si mesmo santo (Lc 1;35). A carne de nosso Senhor era a da verdadeira humanidade, não degradada, da intenção divina. Seu corpo era apenas "na aparência de carne pecaminosa", e não na própria carne pecaminosa que herdamos de Adão. A idéia de Paulo aqui é que o Pai enviou Seu Filho para enfrentar a questão do pecado nas mesmas circunstâncias e ambiente em que a raça humana em Adão fora derrotada. Esse combate oferecido ao pecado implica tudo que Jesus era, disse e fez para condená-lo em Seu próprio corpo no madeiro (cfr. 3, "como oferta pelo pecado"; Rm 3;25).

 

A carne era a esfera ou domínio do pecado; mas, no caso dos crentes, Deus tornou ilegítima essa esfera de influência, tendo a morte do Filho anulado o poder do pecado sobre os santos, completa e permanentemente. O homem, em Cristo, está livre para sempre da lei do pecado e da morte. A justa exigência da lei, uma vida íntegra, é realizada não pela lei (porque esta falhou), mas pela graça.

 

O apóstolo prossegue a descrever a vida da graça, como sendo do Espírito, contrastando-a com a vida da carne sob a lei. A vida velha tem seus interesses e se deixa absorver por coisas da carne, mas a vida nova se entretém de coisas espirituais. Se nossa vida se põe de acordo com a carne, nossa mentalidade recebe a influência disso. Se prevalecer o elemento espiritual, os resultados análogos se verão em nossa compostura espiritual. A suma de tudo isto vem a ser que a mente carnal é morte; mas “a mente do Espírito é vida e paz”. Por um lado, a morte é o resultado da vida carnal: por outro, a vida flui da vida do Espírito. A razão disso é clara. A vida carnal é hostil a Deus, pois frustra os ideais divinos para a humanidade. Centraliza-se em si mesma e está em guerra contra Deus. Por sua própria natureza, é incapaz de se submeter à lei de Deus. Considerando como supremo o mundo de seu próprio eu e nele vivendo, não pode agradar a Deus. A carne é, de fato, a sede da revolta contra Deus. Como sinônimo de carne, no sentido em que Paulo aí emprega o termo, João apresenta "o mundo" (Jo 16;8-11; Jo 17;6-9). É a vida sem Deus: vida de egoísmo, de indulgência própria e desobediência à luz da consciência.

 

Paulo volta então diretamente a seus leitores como à cristãos em quem o Espírito habita. A força propulsora da vida espiritual é o Espírito Santo morando no íntimo. Daí a vitória da graça sobre a lei; porque pela graça, mediante a fé, o Espírito neles está, e eles no Espírito; o Espírito comunica vida. Sua "lei" é a "lei da vida". Andar "segundo o Espírito" e assim cogitar "das cousas do Espírito" é viver (8;4, 5, 6,10), pois Ele capacita os crentes em Cristo a tratar "os feitos do corpo" — as práticas da velha existência não-regenerada — como coisas mortas, com mais nenhum poder em sua vida. Não pode haver verdadeira vida sem Ele: "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (8;9). Estar "no Espírito" {en pneumatí) é o oposto de estar "na carne" (en sarki). E todos os crentes em Cristo são considerados como es­tando "no Espírito" (8;9). Então, na prática, estar "no Espírito" é estar "em Cristo" (ou "em Cristo Jesus"); assim, estar "no Espírito" não é questão individualista. Pois estar "em Cristo" é estar incorporado em Cristo, é ser membro de Cristo, e é ser co-membro de todos os outros que estão igualmente incorporados em Cristo (12:5). Esta nova solidariedade que os cristãos têm "em Cristo Jesus" (8;1) é, por conseguinte, a mesma coisa que Paulo em outras partes descreve como a "comunhão do Es­pírito" (Fp 2;1; ver IICo 13;14) ou como "a unidade do Espírito" (Ef 4;3).

 

Seja qual for a perspectiva em que se veja a escravidão espiritual dos homens — escravidão do pecado, es­cravidão da lei, escravidão da morte — é o Espírito que os liberta. É Ele que transmite aos que crêem o poder do Cristo ressurreto, pelo qual são "libertados do pecado" (6;18, 22). É Ele que os tira do cativeiro da lei, de modo que agora servem "em novidade de espírito e não na caducidade da letra" (7;6). É Ele que lhes dá o novo princípio "da vida em Cristo Jesus" que os liberta "da lei do pecado e da morte" (8;2). Em todos estes casos, temos ilustrações do princípio concisamente firmado em IICoríntios 3;17: "onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade".

 

O Espírito supre as vidas dos "filhos de Deus" de poder diretivo (8;14). Ele é o "Espírito que nos torna filhos" (8;15), por cujo im­pulso os crentes em Cristo se aproximam de Deus como Seus filhos e Lhe chamam pelo mesmo nome familiar de "Pai" que Jesus usava ao Lhe falar. Qualidade de filho significa estado de adoção, uma posição conferida a alguém, para o qual essa posição não é natural. É por um ato de graça de Cristo que os crentes estão nessa relação. Os judeus não tinham o costume de adotar filhos, que era comum entre romanos e gregos.

 

Paulo não faz digressão para negar qualquer doutrina de paternidade universal, mas ensina definidamente a necessidade da filiação cristã, da relação com Deus como Pai em Jesus Cristo mediante o Espírito Santo. Esta filiação não é simples reconhecimento oficial de um laço filial, um título apenas. É um fato real. Somos filhos com o direito de dizer “Aba, Pai”, como a partilhar da filiação do Filho eterno. Esse brado erguido ao céu é uma combinação do aramaico e do grego, duas línguas faladas na época. A mesma interjeição dupla encontra-se em Mc 14;36 e Gl 4;6. É provável que nosso Senhor usasse esta fórmula, tendo os apóstolos seguido Seu costume. Esse brado sob emoção intelectual ou espiritual revela a alma desnuda do crente e se acompanha espontaneamente do testemunho corroborante do Espírito Santo sobre essa filiação real.


III. A VIDA NO ESPÍRITO PRESSUPÕE OPOSIÇÃO ENTRE A NOVA ORDEM E A ANTIGA

 

No seu êxtase, em face da vitória da graça Paulo alçou o vôo muito além das mais ricas possibilidades da lei. Transportou-se para uma esfera jamais conhecida por ela. A Idéia de sofrimento não o abate. Não tem dúvidas sobre quanto é duro seguir a Cristo (cfr. seus sofrimentos em At 19;23-41- At 20;18-35- IICo 1;3-11- IICo 6;4-10-IICo 11;23-33). Tão pouco duvida que a glória por vir excederá de muito os sofrimentos presentes. Essa glória futura ou a manifestação final de Deus em Cristo não será simples visão objetiva, mas uma transformação subjetiva do caráter do crente (IICo 3.18; IJo 3.2).

 

O Espírito é o instrumento de santificação agindo na vida dos cristãos. "Espírito" e "carne" estão em imorredoura oposição e travam perpétuo combate um contra o outro. Mas o Espírito é divinamente poderoso, e pode progressivamente pôr a "carne" fora de ação naquelas vidas já submissas ao Seu domínio e à Sua graça capacitadora. Não é uma doutrina  de vida tranqüila que Paulo propõe:  sabia que a sua própria vida espiritual era uma luta que haveria de prosseguir enquanto ele permanecesse no corpo mortal — luta, porém, em que a vitória e a glória final estavam asseguradas pelo Espírito. E na vida daqueles que Ele está preparando para a glória final, Sua obra correlata, realizada aqui e agora, é reproduzir em medida crescente a semelhança de Cris­to.

 

O Espírito é o penhor do futuro. Segundo a profecia do Velho Testamento, o derramamento do Espírito de Deus seria um sinal da proximidade do dia do Senhor (Jl 2;28-32). Esta profecia foi citada por Pedro quando o Espírito desceu sobre os discípulos de Jesus no dia de Pentecoste: "o que ocorre", disse ele, "é o que foi dito por intermédio do profeta" (At 2;16). O atual intervalo "entre os tempos" é num sentido peculiar a era do Espírito. Nesta era Ele não somente torna efetivo nos cristãos aquilo que Cristo realizou por eles, nem somente lhes transmite o poder do Senhor redivivo e exaltado, mas os capacita a viverem no presente usufruto da glória que ainda está para ser revelada.

 

O Espírito não somente supre vida aqui e agora apenas; Sua presen­ça garante a ressurreição para a vida num dia que ainda virá a raiar. As­sim a vida da era por vir, "a vida eterna", é transmitida aos cristãos como o atual "dom gratuito de Deus (...) em Cristo Jesus nosso Senhor" (6;23) — como um adiantamento, por assim dizer, da vindoura ressurreição para a vida que se seguirá à redenção do corpo (8;23).

 

O Espírito não somente capacita os cristãos aqui e agora a con­cretizarem sua prerrogativa como "filhos de Deus emancipados, em caminho da santidade", é também um adiantamento daquela "li­berdade da glória dos filhos de Deus" que, de acordo com 8;21, é ansio­samente esperada, não só por eles mas também por toda a criação. A libertação do cativeiro — libertação que já começaram a desfrutar no Espírito — será então consumada. A "adoção" (8;23) que se realizará plenamente com a ressurreição é já antecipada com o auxílio do "Espírito de adoção" (8;15).

E a glória da completa conformidade com a imagem do Filho de Deus, para o que eles foram predestinados (8;29), será o pleno florescimento daquela obra santificadora na qual o Espírito está empenhado até agora na vida deles. A habitação do Espírito é assim apresentada em termos de "escatologia proléptica".   Ele é "as primícias" da salvação final (8;23), o imediato "pagamento à vista" daquela herança inconcebivelmente rica preparada por Deus para aqueles que O amam.

 

Com um hino triunfante de louvor, Paulo encerra a análise do curso da vida cristã, que se desenvolve em âmbito fora do alcance e poder da lei. Se Deus dirige o nosso destino, nada mais importa. A nós, que somos da família da fé, Ele deu Seu próprio Filho, e com o dom maior certamente virá o menor. “Não poupou a seu próprio Filho”, isto lembra o sacrifício de Abraão (Gn 22;16). Desta promessa que abrange tudo, promessa de bênção ilimitada, o apóstolo continua, volvendo à primeira declaração do vers. 1, "Agora, pois, nenhuma condenação há". O pensamento do hino subordina-se a duas principais interrogações: primeira, “Quem intentara acusação contra os eleitos de Deus?”, e segunda, “Quem nos separará do amor de Cristo?”. Se Deus os justifica, ousará alguém acusar os eleitos de Deus? E ainda, se o próprio Cristo morreu pelos fiéis, ressurgiu por eles, e agora, à direita de Deus, é o seu constante Advogado, haverá força que possa partir os laços de amor que prendem o Salvador aos salvos? Não pode haver acusação contra eles, nem pode haver dissolução dos laços redentores.

 

CONCLUSÃO

 

Na confecção deste pequeno estudo, buscamos consultar literatura que mais se aproxima com o pensamento de nossa denominação, tentando não perder a coerência teológica. Evitamos expressar conceitos e opiniões pessoais sem o devido embasamento na Palavra, pois a finalidade é agregar conhecimentos, enriquecer a aula da Escola Dominical e proporcionar ao professor domínio sobre a matéria em tela. Caso alcance tais finalidades, agradeço ao meu DEUS por esta grandiosa oportunidade.

 

 

                                                                                            Pr. JOSÉ COSTA JUNIOR

 

 

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