A TENTAÇÃO
DE JESUS
TEXTO AUREO = Porque
não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas,
porem um que, como nos, em tudo foi tentado, mas sem pecado. ( Hb 4.15).
VERDADE
PRATICA =
Jesus firmou-se na Palavra de Deus para vencer Satanás. Assim devemos agir para
obter a vitória.
LEITURA
BIBLICA = LUCAS 4.1-13
A TENTAÇÃO
DE JESUS
Embora Marcos (1:12,13) registre que Jesus
foi tentado, só Mateus (4:1- 11) e Lucas (4:1-13) nos dão registros das três
tentações específicas (o que dá a entender que as três tentações faziam parte
da fonte informativa usada por Mateus e Lucas). Uma comparação entre esses dois
evangelhos revela que a segunda e a terceira tentações que se encontram num
deles encontram- se em ordem invertida no outro (i.e., pão, pináculo e remos em
Mateus; pão, remos e pináculo em Lucas). Fitzmyer (p. 507-8) crê que Mateus
tenha retido a ordem original, que se reflete na progressão lógica das
tentações (do chão do deserto ao pináculo do templo e daí a uma montanha
elevada) e na ordem decrescente das citações de Jesus, partindo de Deuteronômio
(i.e., Deuteronômio 8:3, em Mateus 4:4; Deuteronômio 6:16, em Mateus 4:7;
Deuteronômio 6:13, em Mateus 4:10). (Quanto a mais algumas razões, v. Gundry,
p. 56.) Se a ordem de Mateus é original, precisamos perguntar então por que
Lucas transpôs a segunda e a terceira tentação.
A resposta mais plausível é que Lucas
desejava que as tentações alcançassem seu clímax em Jerusalém. Enquanto na versão
de Mateus da tentação no pináculo do templo (veja Mateus 4:5), refere-se a
Jerusalém como a “cidade santa”, Lucas deseja que a referência seja mais
explícita, pelo que a chama pelo nome (4:9). Jerusalém desempenha papel
importante na história narrada por Lucas a respeito de Jesus. Só no evangelho
de Lucas está escrito a respeito de Jesus: “manifestou no semblante a intrépida
resolução de ir para Jerusalém” (9:51) e passam-se uns dez capítulos até o
Senhor chegar lá (i.e., 9:51—19:27). A importância de Jerusalém para Lucas
deixa uma pista em Lucas 13:33: “Não se espera que um profeta morra fora de
Jerusalém” (v. o comentário sobre 13:31-35, abaixo). Para Lucas, o destino de
Jesus é a cidade de Jerusalém; portanto, é apropriado que as cenas da tentação
alcancem seu clímax nessa cidade.
A próxima pergunta concerne ao sentido da
narrativa sobre as tentações. Aqui é necessário que se consigam respostas em
dois níveis. Primeiro, é preciso apurar o sentido original dessa narrativa. Em
segundo lugar, é preciso descobrir de que modo Lucas entendeu e usou essa
narrativa. Vamos primeiro considerar o sentido original, O ambiente é o deserto
(v. 1); o fato de Jesus ficar ali durante quarenta dias (v. 2), nos quais o
Senhor nada comeu (v. 2), provavelmente é uma alusão ao jejum de Moisés no
deserto, durante quarenta dias, no final dos quais Moisés recebeu e proclamou a
palavra de Deus (v. Êxodo 34:28; Deuteronômio 9:9-18; talvez também Elias, 1
Reis 19:8). Que essa alusão tenha sido intencional é fato que recebe maior apoio
ainda quando se verifica que todas as respostas de Jesus ao diabo são citações
de Deuteronômio. Além do mais, tem-se demonstrado que cada uma dessas três
tentações reflete tentações perante as quais os israelitas sucumbiram durante
suas peregrinações pelo “deserto” durante “quarenta” anos (v. Filzrnyer, p. 5
10-2).
A primeira tentação (4:3,4) relembra o
próprio período de provação de Israel: “O Senhor teu Deus te guiou no deserto
estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava
no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos” (Deuteronômio 8:2).
Fazia parte do “teste” que os israelitas sentissem fome, de modo que confiassem
em Deus quanto ao pão (o maná) e aprendessem que “não só de pão viverá o homem,
mas de tudo o que procede da boca do Senhor, disso viverá o homem”
(Deuteronômio 8:3).
Israel, no entanto, achou que essa lição era
difícil demais para ser aprendida, pois o povo murmurou contra Moisés e Arão, e
precisou ser humilhado (v. Êxodo 16:1-21). Quando o Senhor Jesus recusou-se a
permitir que a tentação do diabo satisfizesse suas necessidades (i.e., ao
ordenar que esta pedra se transforme em pão) como se Deus não pudesse ou não
quisesse satisfazê-las Jesus afirmou sua fé e confiança em Deus e em sua provisão,
exatamente os pontos cm que Israel havia sido derrotado (v. Deuteronômio
8:1-6).
A segunda tentação (4:5-8) faz alusão à
tendência de Israel de prostrar-se perante outros deuses: “Havendo-te, pois, o
Senhor teu Deus introduzido na terra que, sob juramento, prometeu a teus
pais... guarda-te, para que não esqueças o Senhor... Não seguirás outros
deuses, nenhum dos deuses dos povos que houver à roda de ti, porque o Senhor
teu Deus é Deus zeloso no meio de ti” (Deuteronômio 6:10-15). O diabo oferece a
Jesus todos os remos do mundo (v.5), bastando que o Senhor o adorasse (se
prostrado que adorares, v. 7).
Diferentemente dos israelitas, que com tanta
freqüencia caíam na idolatria, Jesus declara com toda a firmeza sua lealdade
exclusiva a Deus, recusando a oferta dodiabo e mencionando Deuteronômio 6:13.
A terceira tentação (4:9-12) relembra a
ousadia de Israel em exigir de Deus, em Massá cem Meribá, que o Senhor lhes
suprisse água (Deuteronômio 6: 1 61, com alusão a Exodo1 7:1-7). Diferentemente
do povo de Israel, Jesus não procurou testar seu Deus (não tentarás o Senhor
teu Deus, v. 12; tirado de Deuteronômio 6: 16a). À luz dessas alusões, fica
claro que a narrativa da tentação era entendida originariamente como
demonstração da fidelidade inamovível de Jesus a Deus e seus mandamentos. Essa
fidelidade o qualifica para o papel messiânico.
Todas as propostas colocadas diante de Jesus
pelo diabo refletem algumas idéias e crendices populares a respeito do que o
Messias haveria de fazer quando viesse. Assim como Deus havia feito pelo povo
que peregrinava no deserto, assim também se esperava que o Messias traria pão
do céu, subjugaria todos os remos sob Israel e executaria sinais maravilhosos,
capazes de convencer a liderança religiosa israelita (v. Lucas 11:16).
Entretanto, poder-se-ia levantar agora uma
pergunta: Que novo significado, se é que há algum, Locas atribui à narrativa
das tentações? Ela vem logo depois da genealogia, que conclui com estas
palavras: “filho de Adão, filho de Deus” (3:3 8); é possível que Locas veja na
tentação de Jesus (“Se és Filho de Deus...”; v. a nota abaixo) um paralelismo
da tentação de Adão, o primeiro “filho de Deus” (v. o comentário sobre 3:38,
acima). Enquanto o primeiro filho de Deus caiu em pecado por causa de seu
fracasso, não conseguindo obedecer à ordem de Deus, o segundo Filho de Deus
permaneceu fiel às ordens de Deus. Entretanto, as três tentações provavelmente
não devem corresponder às tentações sofridas por Adão, corno sugeriu
recentemente um autor (J. Neyrcy).
É verdade que a tentação para que a pessoa
comesse (do fruto proibido, no caso de Adão; do pão, no caso de Jesus)
correspondem entre si, pelo menos superficialmente, mas as outras tentações,
não. As tentações da tradição dos evangelhos refletem as idéias encontradas em
Deuteronômio 6 e 8, e não as que vemos em Gênesis 3.
O evangelista oferece nada mais que uma
comparação genérica entre Jesus e Adão, ambos “filhos de Deus”, por meio dos
quais o destino da raça humana é tão drasticamente afetado.
Lucas viu na tentação uma sombra do que havia
adiante esperando Jesus em Jerusalém. Isso se torna óbvio, como já salientamos,
por causa da referência a Jerusalém (v. 9), e pelo fato de Lucas fazer da
tentação em Jerusalém a tentação maior, a máxima. Além do mais, quando Locas
diz passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até
momento oportuno (v. 13), é certo que o evangelista prevê o retorno do diabo em
cena, próximo à hora da paixão de Cristo em Jerusalém (v. Lucas 22:3,31,32).
Para Lucas, Jesus está engajado num combate com o diabo e, até esse momento,
pelo menos, permanecia incólume, sem um arranhão.
Finalmente, podemos fazer averiguações sobre
a natureza da experiência sofrida por Jesus. Refletem essas tentações realmente
fatos históricos, observáveis? Ou teriam sido elas, como alguns estudiosos têm
manifestado (Leaney, p. 115), meras visões ou ilustrações parabólicas da
oposição inspirada pelo diabo contra o ministério de Jesus? Não é fácil chegar
a uma conclusão, porque há problemas relacionados a essas duas formas de
interpretação.
Mas a que parece mais plausível é a que
afirma serem as tentações dc Cristo de natureza visionária. O contexto das
tentações sugere essa interpretação. Jesus passara longo tempo em oração, em solidão
e em jejum. A oração e o jejum com freqüência precedem visões celestiais (v.
Daniel 9:3,20,21; Atos 10:30). Durante esse tempo de meditação, Jesus estuda a
direção que seu ministério deve tomar. Enquanto Jesus faz isso, as tentações
diabólicas se lhe sobrevêm, com o objetivo de desviá-lo de sua missão divina.
Estando comprometido integralmente com a
palavra de Deus, e estando “cheio do Espírito Santo”, Jesus afasta o tentador.
(Talbert [p. 44-46] observa que Cristo derrota a Satanás pelo uso adequado das
Escrituras.) Tendo saído vitorioso dessa provação, Jesus está pronto agora para
anunciar o evangelho.
Notas
Adicionais
Com respeito à ordem das três tentações,
Talbert (p. 47) observa que o “salmo 106 apresenta as tentações sofridas por
Israel na mesma ordem da narrativa de Lucas (alimento, falsa adoração, tentar
ao Sctihor Deus), ordem que se encontra também em 1 Coríntios 10:6-9”. Isso
poderia sugerir que a ordem de Lucas é a tradicional, e que foi Mateus quem
alterou a seqüência.
4:1/ Marcos
1:12 declara: “E logo o Espírito o impeliu para o deserto”, e um pouco menos
enfaticamente Mateus 4:1 diz: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito, ao
deserto”. Porém Lucas, mantendo-se firme em seu tema da “plenitude do
Espírito”, diz o seguinte: Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto. Não apenas havia Jesus sido
concebido pelo Espírito Santo (1:35), mas o Espírito havia descido sobre ele em
seu batismo (3:22), de tal modo que poderia suportar as tentações e iniciar seu
ministério (v. 4:14,18).
4:2 /
tentado pelo diabo: Lucas persistentemente usa a palavra diabo (lit., “caluniador”)
na história da tentação, embora empregue a palavra “Satanás” (lit.,
“adversário”) noutras passagens (v. 10:18; 11:18; 13:16; 22:3,3 1). Satanás era
considerado o chefe dos demônios e dos poderes das trevas. Sua missão é
contrapor-se à vontade de Deus. Assim, a história das tentações de Cristo
retrata uma situação de luta entre o bem e o mal.
4:3 / Se és
Filho de Deus (v. também 4:9): Nesse tipo de construção frasal, a palavra
que se traduziu por “se” tem o sentido de “uma vez que”. O diabo não tem
dúvidas a respeito da identidade de Jesus, porque isso se fez plenamente
evidente por ocasião do batismo (3:22). Em vez disso, o diabo está fazendo
propostas cujo objetivo é desviar Jesus de sua missão.
4:9/sobre o
pináculo do templo: Há incerteza hoje a respeito do local exato do templo que poderia
ser considerado o pináculo (ou o “lugar mais alto do templo”). E provável que a
hipótese mais popular e razoável seja o canto do templo que dava uma vista para
o vale do Cedrom. Desse vale, o canto a sudeste parecia ser o “pináculo” do
templo (Fitzmyer, p. 516-7; Lachs, p. 51). V. a nota sobre 19:45,47, abaixo.
4:12 / Não
tentarás o Senhor teu Deus:Lachs (p. 51) cita o seguinte paralelismo rabínico, de grande
interesse: “R. Yannai disse: ‘Jamais uma pessoa deve colocar-se num local
perigoso [de propósito], dizendo que Deus operará um milagre para salvá-la,
pois, tal milagre poderá jamais ocorrer’ (b. Shabbath 32a)”.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Comentário
Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida
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