31 de março de 2015

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS



TEMA DO 2° TRIMESTRE 2015 LUCAS - O EVANGELHO DE JESUS, O HOMEM PERFEITO



LUCAS
O EVANGELHO DE JESUS,
O HOMEM PERFEITO 

Temas de cada Capitulo do Livro

 1° O propósito de Lucas
 2° O nascimento de Jesus
3° O crescimento de Jesus
4° A tentação de Jesus
5° Jesus escolhe seus Discípulos
6° Mulheres que ajudaram Jesus
7° Poder sobre as Doenças e Morte
8° Poder sobre a Natureza e os Demônios
9° As limitações dos Discípulos
10° Jesus e o Dinheiro
11° A Última Ceia
12° A Morte de Jesus
13° A ressurreição de Jesus

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

Texto Áureo = “Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” (Lc 1.4)

Verdade Prática = O cristão possui uma fé divinamente revelada e historicamente bem fundamentada.

Leitura Bíblica = Lucas 1: 1-4

Introdução

O Evangelho de Lucas tem sido chamado de “o mais belo livro do mundo”, e, juntamente com Atos dos Apóstolos, considerado “o mais ambicioso empreendimento literário da igreja na antiguidade”. Se tais expressões de louvor podem parecer extravagantes, elas pelo menos ajudam a preparar as pessoas para o estudo de uma obra que é, sem qualquer dúvida, uma porção muito significativa da Bíblia e uma das obras-primas da literatura antiga.

Lucas 1.1-4

O Evangelho de Lucas inicia com um curto prefácio que segue a forma de introdução utilizada pelos historiadores gregos — Heródoto, Tucídides, Políbio e outros. E o único exemplo, nos quatro Evangelhos, onde o autor dá um passo à frente e, utilizando a primeira pessoa, declara o seu objetivo e plano de escrita. O Evangelho de Lucas também é o único Evangelho que foi dirigido especificamente a uma ou mais pessoas.

Tendo, pois, muitos empreendido (1) indica que houve muitos evangelhos ou narrativas, pelo menos de partes do ministério de Jesus, antes que Lucas escrevesse o seu Evangelho. Esses textos poderiam ter incluído coletâneas de dizeres, milagres, parábolas, etc.

Normalmente, isto é entendido como uma evidência de que Lucas utilizou fontes escritas e pode assim ser interpretado (veja a Introdução). No entanto, Lucas não afirma que usou esses textos como fontes, mas deixa fortemente implícito que eram insatisfatórios ou inadequados.

Se ele tivesse se sentido completamente satisfeito com algum deles, não teria escrito um Evangelho. Não foi afirmado se eram simplesmente incompletos, ou se eram imprecisos. Mas a completa ausência de uma crítica contrária, e a implicação de que esses textos, assim como o seu próprio, se originaram do testemunho visual, deixam bastante claro que a sua objeção se devia ao fato de que eram incompletos.

Os fatos que entre nós se cumpriram é uma expressão que pode ser traduzida como “as coisas que aconteceram entre nós”. Isto se refere aos fatos do evangelho — a vida histórica, as obras e os ensinos de Jesus. Eles são fatos históricos estabelecidos e certos, que assim devem ser aceitos.


Nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros (2) é uma expressão que dá a entender que a informação que Lucas apresenta no seu Evangelho veio daqueles que foram testemunhas visuais desde o início do ministério de Jesus. Poderiam ser, basicamente, os apóstolos. Mas Lucas também nos informa que ele não foi uma testemunha ocular. Isto revela tanto a sua humildade quanto a sua honestidade.

Havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio (3) literalmente significa: “tendo me familiarizado desde o princípio com precisão sobre todas as coisas”. Isto não afirma que ele fosse uma testemunha ocular.

E uma declaração de que a sua pesquisa o familiarizou com precisão sobre todos os fatos pertinentes à vida de Jesus.

Também parece ser uma indicação de que ele retrocedeu até além da tradição apostólica — que começa com o início do ministério de Jesus. Lucas não somente retrocedeu até o nascimento de Jesus, mas até às anunciações, tanto de Jesus quanto do seu precursor, João Batista.

Por sua ordem significa literalmente “uma depois da outra”. Lucas se propõe a fornecer uma apresentação ordenada do ministério de Jesus. Quando observamos o Evangelho completo, observamos que esta “ordem” incluía a organização lógica, assim como a cronológica.

O nome Teófllo significa “o que ama a Deus” ou “amigo de Deus”. Também pode ser interpretado como “o amado de Deus”. Alguns comentaristas sugeriram que esse nome poderia se referir a um grupo de pessoas — os que amam a Deus — mas o fato de o nome encontrar-se na forma singular invalidaria esse uso. Não há razão para duvidar que fosse o nome de uma pessoa.

Excelentíssimo é um título de respeito, usado para pessoas de autoridade. Teófilo foi provavelmente um oficial romano. Talvez isto seja ressaltado pelo fato de o autor utilizar o mesmo título, no original em grego, três vezes no livro de Atos (nessas ocorrências, traduzido como “potentíssimo”) e nessas três vezes ele se dirige a um oficial romano.

Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado (4) dá a entender que Teófilo era um convertido ao cristianismo ou um pesquisador interessado nos fatos e no ensino do evangelho.  O seu conhecimento é incompleto, e é possível que exista algum perigo de que ele tenha sido mal orientado por informações inverídicas. Ele parece ter sido previamente instruído por Lucas ou por alguém próximo a ele, e Lucas se sente na obrigação de aperfeiçoar essa instrução.

Não precisamos supor que o evangelho de Lucas tenha sido escrito apenas para Teófilo. A extensão do seu trabalho, a sua perfeição literária e a grande quantidade de tempo e de esforço necessários para a escrita certamente indicam que o autor dirigia o seu Evangelho a todos aqueles gentios que, como Teófilo, estavam interessados, ou poderiam interessar-se, por uma narrativa fiel do ministério de Jesus de Nazaré. Já se observou (veja Introdução) que este Evangelho é considerado o “Evangelho para os Gentios”.

O TERCEIRO EVANGELHO

Autoria = Tanto a tradição antiga como os estudiosos modernos concordam que o autor do terceiro Evangelho era Lucas, o “médico amado” e companheiro do apóstolo Paulo. Declarações no sentido de que Lucas era o autor tanto do terceiro Evangelho como de Atos podem ser encontradas desde a segunda metade do século II; dessa época em diante, a tradição tem sido unânime em confirmar esta assertiva. Na verdade, não existe nenhuma prova de que esse Evangelho tenha sido atribuído, em qualquer momento, a outro autor que não fosse Lucas.

Podemos mais prontamente aceitar o veredicto da tradição quando nos lembramos de que existem muitos evangelhos “espúrios” falsamente atribuídos a vários apóstolos e a outras testemunhas oculares do ministério de Cristo. Lucas, entretanto, não foi nem uma testemunha ocular, nem suficientemente proeminente no Novo Testamento para que um livro lhe fosse atribuído, a não ser que, realmente, fosse ele o autor.

Embora em nenhum lugar Lucas tenha afirmado ser ele o autor tanto do terceiro Evangelho como de Atos, evidências internas do Novo Testamento dão sólido suporte à posição de que ele foi o autor dos dois livros. Em primeiro lugar, é evidente que tanto Lucas quanto Atos foram escritos pela mesma pessoa. Ambos foram dirigidos ao mesmo homem, Teófilo; e o livro de Atos, em seu prefácio, fala sobre um “primeiro tratado”. Além disso, um exame mais acurado do estilo literário e do vocabulário dos dois livros revela uma semelhança demasiadamente grande e suficiente que explica, acima de qualquer outro fundamento, que são obras do mesmo autor.

Outro elo nessa cadeia de evidências é formado pelas famosas seções “nós” em Atos.’ Estas passagens indicam claramente que o autor era companheiro de Paulo. Como Lucas é o único companheiro conhecido de Paulo (com exceção de Tito), que não recebeu outra identificação em Atos, parece óbvio que ele foi o autor.

Muito pouco se sabe a respeito de Lucas. Seu nome é mencionado apenas três vezes no Novo Testamento.

Em sua carta aos Colossenses (4.14) Paulo se refere a ele como o “médico amado”, e em sua Epístola a Filemom (24) Paulo chama Lucas de seu “cooperador”. Depois, em sua última carta — Segunda Epístola a Timóteo (4.11) — Lucas é mencionado como o único companheiro de Paulo na época em que esta Epístola foi escrita.

As seções “nós” em Atos indicam que Lucas se juntou ao grupo de Paulo em Trôade em sua segunda viagem missionária (16.10) e que foi seu companheiro pelo menos até Filipos. Quando o apóstolo se mudou para Tessalônica, o pronome da terceira pessoa indica que Lucas não estava mais ao seu lado.

A próxima seção “nós” (20.5) mostra que Lucas havia novamente se reunido ao grupo de Paulo quando o apóstolo retornou da Grécia em sua terceira viagem missionária. Ele se juntou a esse grupo missionário em Filipos e o acompanhou até Jerusalém. A última seção “nós” (27.1) indica que Lucas acompanhou Paulo em sua viagem a Roma. Ele esteve com Paulo em Roma na época em que este escreveu as Epístolas a Filemom e aos Colossenses e, mais tarde, na época da Segunda Epístola a Timóteo — pouco antes da morte de Paulo.

Existem poucas referências interessantes a Lucas nos escritos dos patriarcas da igreja, mas estas referências pouco acrescentam àquilo que poderia ser aceito como um fato, pois os relatos muitas vezes são contraditórios. Entretanto, a referência feita por Paulo, chamando-o de médico, está em harmonia não só com a tradição, como também a linguagem médica tanto no Evangelho como em Atos corroboram essa afirmação.

Local e Data da Obra

O Evangelho pode ter sido escrito em Cesaréia, enquanto Paulo esteve ali aprisionado. Certamente este deve ter sido um período em que Lucas coletou a maior parte do seu material. Também é possível que Lucas tenha escrito o seu Evangelho em algum outro lugar — na Grécia ou na Asia Menor, depois de Paulo ter sido libertado de seu primeiro aprisionamento em Roma — Cesaréia parece ser o lugar mais provável e Roma teria sido o lugar onde o livro de Atos foi escrito ou concluído.

A obra pode ter sido escrita em alguma época entre 58 e 69, pois é improvável que ele tivesse escrito o seu Evangelho antes da estada na Palestina. A maneira de Lucas tratar as profecias de Jesus sobre a destruição de Jerusalém deixa bem claro que ele escreveu antes do cumprimento dessas profecias.
Se, como foi sugerido acima, o Evangelho foi escrito em Cesaréia, então o ano 58 seria a data mais provável.

Propósito

No prefácio, Lucas declara o propósito da sua obra. Ele está escrevendo primeiramente para dar a Teófllo um conhecimento mais completo e satisfatório a respeito de Jesus Cristo. Teófllo havia recebido informações rudimentares e Lucas achava que precisava de mais instruções, ou possivelmente Teófilo tenha pedido a Lucas para lhe fornecer um relato mais adequado. Mas não há dúvida de que Lucas tinha em mente uma audiência mais numerosa que um único e proeminente indagador. Ele provavelmente sentiu que a igreja, como um todo, precisava de um Evangelho mais completo do que aquele que existia na ocasião.

Fontes

Estudiosos do Nova Testamento acreditam atualmente que o livro de Marcos, assim como outros relatos escritos sobre certas fases do ministério de Jesus, foram usados por Lucas na composição de seu Evangelho. Geralmente, duas dessas fontes têm nomes: “Q” é a designação dada a um suposto documento que contém material usado tanto por Lucas como por Mateus, mas que não é encontrado em Marcos, e “L” é a designação do documento do qual supõe-se que Lucas tenha obtido o material que é peculiar ao seu Evangelho.

Também é amplamente reconhecido que essa explicação é uma exagerada simplificação desse assunto, e que outros documentos — de número indeterminado — foram supostamente usados. Certamente é possível, e até provável, que Lucas tenha usado essas fontes escritas. Em seu prefácio ele menciona “muitos” que tinham se encarregado de fazer um relato do Evangelho. Embora pense claramente que eles seriam inadequados para tal propósito, Lucas, no entanto, pode ter tido a oportunidade de usar estes escritos. Pelo menos, ele teria lido esses relatos para ver se poderia acrescentá-los às suas próprias fontes.

Mas uma fonte adicional da qual certamente Lucas se utilizou era a pregação, e, sem dúvida, as conversas particulares com seu companheiro, o apóstolo Paulo. Ele teve uma grande oportunidade de se aproveitar disso. Além disso, enquanto Paulo estava na prisão de Cesaréia, Lucas teve dois anos para fazer uma detalhada pesquisa sobre a terra natal de Jesus.

Talvez nesse local ele pudesse ter falado com um grande número de testemunhas oculares do ministério de Jesus, inclusive Maria, a mãe de Jesus, de quem poderia muito bem ter ouvido acerca dos fatos que usou na narrativa do nascimento do Salvador. Ele também pode ter encontrado fontes escritas na Palestina.

Características

1. O Mais Literario

A estrutura, o vocabulário e o estilo do registro de Lucas fazem dele o mais literário dos Evangelhos. Algumas parábolas que somente ele relata estão entre as histórias mais amadas do mundo “O Bom Samaritano”, “O Filho Pródigo”, e outras.

2. O Evangelho dos Hinos

Intimamente aliado à sua importância é o fato de Lucas nos dar alguns dos hinos mais belos do cristianismo. Ele é considerado por alguns como o primeiro estudioso dos hinos cristãos. Entre eles estão o “Benedictus”, o “Magnificat”, o “Nunc Dimittis”, e a “Gloria in Excelsis” — todos nos dois primeiros capítulos.

3. O Evangelho das Mulheres

As mulheres ocupavam uma posição inferior na Palestina, assim como em todo o mundo da antiguidade, mas o Evangelho de Lucas é notável pela atenção que dedica a elas. Esse fato é claramente demonstrado pela importância de várias mulheres nesse Evangelho, como por exemplo: Isabel; Maria, a mãe de Jesus; as irmãs Maria e Marta; Maria Madalena e outras.

4. O Evangelho da Oração

Lucas disse mais sobre a oração do que qualquer outro Evangelista. Ele mostra Jesus em oração nos momentos mais importantes da Sua vida. Somente Lucas nos relata as parábolas do “Amigo importuno” (11.5-13), do “Juiz Iníquo” (18.1-8), e do “Fariseu e o Publicano” (18.9-14).

5. O Evangelho para os Gentios

O fato de o Evangelho de Lucas ter sido escrito especificamente para os gentios pode ser verificado pelas seguintes circunstâncias: a) Por ser dirigido a um gentio, Teófilo; b) os termos judaicos são evitados ou explicados ou são usados termos gregos equivalentes; e) ele raramente faz citações do Antigo Testamento; e d) ele começa a datar os fatos a partir do imperador reinante, e do governador romano daqueles dias.

6. O Evangelho do Salvador Universal = Lucas apresenta Jesus como o Salvador de todos os homens. Parábolas como “O Bom Samaritano”, “O Filho Pródigo” e “O Fariseu e o Publicano” refletem seu interesse pelos oprimidos e pelos rejeitados.

7. Lucas e o Antigo Testamento

Para o evangelista Lucas, o Antigo Testamento (a saber, a LXX) foi uma fonte vital para sua obra, como foram Marcos e Q. Isso não apenas porque o Antigo Testamento é citado com grande freqüência, pois os demais evangelistas também o mencionam bastante, ou a ele aludem, mas parece que as Escrituras dos judeus deram a Lucas informações sobre o que aconteceu na vida de Jesus, seu significado e como os acontecimentos deveriam ser narrados.

Duas partes principais do Antigo Testamento desempenharam papéis de grande importância na composição desse evangelho. Longos trechos de Lucas (caps. 7—lO, 22—24) e Atos (caps. 1—9) saíram de várias maneiras das narrativas sobre Elias e Eliseu, em 1 Reis (caps. 17— 21) e 2 Reis (caps. 1—8). Outra grande seção dc Lucas, às vezes chamada “Seção Central” (9:51—18:14), forma um paralelo de Deuteronômio(caps. l—26). A razão por que o evangelista procedeu assim será explorada no comentário, mas na seção 5, abaixo, damos uma explicação genérica. Basta dizer que na realidade Lucas fez uso de pelo menos três grandes obras literárias ao compor seu evangelho: Marcos, Q e a Septuaginta.

8. Cinco Grandes Temas e Ênfases de Lucas

Logo depois da destruição de Jerusalém e do segundo templo (70 d.C.), Lucas e sua comunidade começaram a perceber algumas questões e problemas levantados pelos cristãos judeus e gentios, e pelos judeus não-cristãos. Sem dúvida, a questão mais grave dizia respeito à destruição da cidade. Por que a revolta da figura messiânica e militante de Simão bar Giora acabou em derrota total? Esse desastre seria indício de que as promessas das Escrituras não seriam cumpridas? Ou seria essa tragédia um julgamento contra Jerusalém por causa de algum pecado em particular? Como discutimos na seção 1, acima, Lucas e provavelmente a maior parte dos cristãos de seu tempo viam a destruição de Jerusalém como cumprimento da profecia de Jesus. Mais que tudo, criam firmemente que isso ocorrera em conseqüência da rejeição de Jesus (v. Lucas 19:41-45; 21:20-25; 23:27-31). Todavia, outras questões também estavam sendo levantadas, freqüentemente relacionadas a esse fato.

Por que Jesus não havia voltado, conforme sua promessa? Qual era a tarefa da igreja, enquanto os crentes estivessem esperando o Senhor? Por que continuavam os judeus a rejeitar o evangelho? De que forma os gentios se relacionavam a Israel e às promessas feitas a esse povo? Lucas tenta responder a essas perguntas em sua obra em dois volumes.

É preciso que o leitor verifique depressa que Lucas encaixou seu relato tom precisão no contexto da história secular e religiosa. 

Os discursos que encontramos nos dois primeiros capítulos do evangelho atestam que, com o nascimento de João Batista e de Jesus, Deus iniciara um trabalho que seria a continuação da narrativa dramática da história sagrada de Israel. De várias formas esses discursos expressam a confiança em que, no nascimento de Jesus e no dc seu precursor, Deus havia preparado o palco para o drama da salvação.

Assim, pois, o relato de Lucas não se destaca da história secular, como se pode verificar pelas numerosas referências a vários líderes e acontecimentos, muitos dos quais podem ser datados com precisão.

Lucas observa que João Batista havia sido concebido nos dias de Herodes, rei da Judéia (Lucas 1:5); a concepção de Jesus ocorreria seis meses depois (Lucas 1:26- 31). Fala-nos o evangelista de um recenseamento decretado por César Augusto (Lucas 2:1), quando Quirino era governador da Síria (Lucas 2:2).

Somos informados de que a pregação de João iniciara-se no décimo quinto ano do reinado dc Tibério César (28 d.C.), sendo governador da Judéia Pôncio Pilatos (26-36 d.C.), e quando Herodes, Filipe e Lisânias eram letrarcas de áreas circunvizinhas (Lucas 3:1). Isso ocorreu no tempo dos sumos sacerdotes Anás e Caifás (Lucas 3:2). No fim, o próprio Jesus haveria de encontrar-se com a maior parte dessas pessoas, logo após ser preso (Lucas 22,23).

Em seu segundo volume, Lucas nos relata o fracasso de três pretensos messias: Teudas, Judas o galileu (Atos 5:36,37), e o egípcio (Atos 21:38). O evangelista menciona a fome dos dias do imperador Cláudio (Atos 1 1:28), bem como o decreto do imperador que todos os judeus saíssem de Roma (49 d.C.; Atos 18:2). Lucas se refere também ao procônsul Gálio (52 d.C.; Atos 18:12), e ao comparecimento de Paulo, mais tarde, perante Félix, Festo e Agripa (60 d.C.; Atos 24-26).

Parece que o terceiro evangelista tinha pelo menos duas razões para enfatizar o contexto histórico de seus relatos a respeito de Jesus e da igreja apostólica. Em primeiro lugar, Lucas está tentando mostrar que a história de Jesus, a despeito de todo seu frescor e sabor de novidade, na realidade é uma continuação da longa história do relacionamento ativo entre Deus e seu povo escolhido, Israel, o povo da aliança. 

Lucas quer que seu leitor perceba que a vida de Jesus representa aconteci mento importantíssimo dentro do fluxo histórico que os estudiosos costumam chamar “história da salvação”.

Em segundo lugar, as referências históricas de Lucas incluem pessoas e acontecimentos seculares com o objetivo de sublinhar a importância de Jesus no mundo todo. Jesus não é apenas mais um profeta enviado a Israel, por amor a esse povo. 

Na verdade, Jesus é o Filho de Deus (veja a genealogia de Jesus apresentada por Lucas e compare-a com a de Mateus) enviado ao mundo. Jesus aqui é retratado, como um comentarista o frisou, como o Benfeitor da humanidade. Assim, mediante referências e orientações históricas, Lucas é capaz de alinhavar e unir a história sagrada de Israel à história mundial, secular. Lucas consegue oferecer a religião exclusivista e particular de Israel à humanidade toda, e aplicá-la a todas as pessoas. Esse movimento para fora do contexto muito estreito da Palestina e do judaísmo, em direção a todas as raças e tribos da humanidade, realiza-se no livro de Atos.

A ênfase histórica de Lucas levou os estudiosos a concluir que ele vê a história como se consistisse de três grandes épocas. Segundo Joseph Fitzmyer, a primeira época pode ser descrita como o “Período de Israel”, que se iniciou com o Genesis e concluiu como aparecimento de João Batista (Lucas 1:5-3:1). Lucas designa esse período como o tempo “da lei e dos profetas” (Lucas 16:16a).

A segunda época é o “Período de Jesus”, que se inicia com seu batismo e se conclui com sua ascensão (Lucas 3:2—24:51). Esse é o período do ministério de Jesus, que inclui sua morte e ressurreição, e durante o qual “o reino de Deus é anunciado” (Lc16:16b). O terceiro período é o “Período da igreja”, que se inicia com a ascensão de Jesus e se concluirá com seu retorno (Lucas 24:52—Atos 1:3-28:31). Durante essa época é dever da igreja proclamar a Palavra de Deus pelo mundo todo (v. At 1:8).

À medida que o evangelho se espalha, torna-se aguda a questão de como os gentios se enquadram no plano redentor de Deus. Visto que muitos gentios na verdade creram e se uniram à igreja, que crescia rapidamente, ergueu-se, como seria natural, a questão: o que os gentios tinham que ver com um movimento religioso predominantemente judaico, enraizado em Israel, com suas promessas escriturísticas? Para Lucas a resposta tinha aspectos tanto positivos quanto negativos. De modo positivo, o evangelho do reino deveria ser oferecido a todos.

O livro de Atos registra a divulgação do evangelho primeiro entre os judeus (Atos 2:5—7:60), depois aos samaritanos, que eram judeus “mestiços” (Atos 8:2—24), depois aos gentios “tementes a Deus” (algumas traduções dizem “piedosos”) que haviam recebido instruções anteriores na fé judaica (Atos 10:1—11: 18) e; finalmente a gentios que jamais haviam tido contato com o judaísmo (Atos 13:2 - 28:3 1).

O hábito de Paulo durante suas viagens missionárias de entrar primeiro nas sinagogas para pregar a seus compatriotas judeus (v. Atos 13:16-41; 14:1-3; 17:1-3, 10-12; 18:2-4) reflete esse padrão e exprime-se por essa filosofia de evangelização bem conhecida: “primeiro do judeu, e também do grego” (Romanos 1:16; 2:10). 

Outra evidência positiva da legitimidade dos gentios como membros participantes do movimento judaico messiânico foi o fato de os gentios receberem o batismo do Espírito Santo. À semelhança dos apóstolos judeus (Atos 2:2-4), samaritanos e gentios também receberam o Espírito Santo (Atos 8:14-17; 10:44-47; 11:15-18). Nas palavras de Paulo, os primeiros cristãos, independentemente de identidade étnica, foram “batizados em um só Espírito.., e a todos nós foi dado beber de um só Espírito” ( I Coríntios 12:13).

Lucas também oferece urna resposta negativa à questão gentílica. Houve uma razão explícita para o fato de os missionários se voltarem para os gentios: a incredulidade dos judeus e sua rejeição do evangelho. Que a liderança religiosa judaica se opunha ao ensino apostólico se evidencia logo de início no registro de Atos (Atos 4:1-22; 5:17-42).

Essa oposição representa apenas a continuação da descrença que Jesus havia encontrado previa- mente (Lucas 19:47,48; 20: 1-8,19,20; 22:47,23:25), a qual era característica do renitente Israel (Lucas 13:34). De fato, Lucas vai à origem da descrença dos fariseus na pregação de João Batista:“Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quanto a si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Lucas 7:30). A mudança formal da evangelização dirigida primordialmente aos judeus para uma evangelização voltada para os gentios encontra-se no sermão temático de Paulo em Atos 13:16-47.

Paulo adverte seus compatriotas judeus a que não endureçam o coração à pregação do evangelho e cita uma profecia ominosa de Habacuque: “Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos, porque realizo em vossos dias urna obra, que vós não crereis, quando vos for contada” (Habacuque 1:5, citada em Atos 13:41). Exatamente como Paulo temera, os judeus começaram a encher-se “de inveja, e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava” (Atos 13:45).

Então, Paulo declara: “Era necessário que a vós se pregasse primeiro apalavra de Deus. Mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios” (Atos 13:46). Como justificativa dessa nova estratégia Paulo cita Isaías 49:6, de que Simeão havia mencionado parte (Lucas 2:32), ao contemplar o menino Jesus; aquele ancião reconhecera o significado de Jesus para o mundo: “Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra” (Atos 13:47). Diferentemente dos judeus rebeldes e incrédulos, os gentios se regozijaram e reagiram demonstrando fé (Atos 13:42,43,48).

Essa mudança de judeus para gentios tem origem no próprio cerne do ensino de Jesus, com respeito a como ser membro do reino de Deus. Não é, portanto, uma solução repentina e provisória, diante de urna circunstância inesperada. 

Em numerosas passagens, algumas das quais encontram-se apenas no evangelho de Lucas, Jesus declara que certas pessoas, cuja aparência sugeriria serem as mais prováveis receptoras do favor de Deus, e segundo os padrões humanos seriam consideradas merecedoras desse favor divino, nem sempre se mostram receptivas à presença de Deus. Muita gente “confiante” em sua salvação e em suas recompensas vir-se-á um dia sob julgamento.

E outros indivíduos, que pareceriam menos religiosos, que teriam recebido menos bênçãos nessa vida, poderão vir a ser recompensados e abençoados. O exemplo clássico dessa idéia se encontra na parábola do rico e Lázaro (Lucas 16:19-31). O rico gozou de todas as boas coisas que essa vida poderia oferecer. Vestia-se bem e alimentava-se bem, morando numa bela mansão. Lá fora, na rua, todavia, jazia o pobre Lázaro, esfarrapado, subnutrido, doente e desabrigado. Contrariando a crença popular da Palestina do primeiro século, Lázaro foi para o céu e o rico para o inferno.

 Por que a história terminou dessa maneira, e por que tal fim contrariou a expectativa popular? Não se lê que Lázaro fosse pessoa virtuosa; tampouco somos informados de que o rico era homem perverso (embora, por inferência, entendamos que fosse bastante insensível às necessidades daquele seu pobre semelhante), O rico vai para o inferno não por ter sido rico, nem porque desprezou a Lázaro; de modo semelhante, Lázaro foi para o céu, não por ter sido pobre e doente.

A ênfase que o Jesus traçado por Lucas coloca nessa parábola é que as aparências, a posição social e os padrões de vida não dão indicação segura da posição que a pessoa ocupa perante Deus.

Essa parábola teria chocado, ou pelo menos causado grande surpresa a alguns judeus palestinos do primeiro século, para quem a saúde e a riqueza eram sinais óbvios da bênção de Deus, sendo a doença e a pobreza sinais óbvios da ira de Deus. Pelo menos um erudito argumentou que esse tipo de teologia deriva da promessa (e advertência) do Antigo Testamento, promessa que se lê de modo especial em Deuteronômio, segundo a qual, se Israel se portasse obedientemente de acordo com a aliança, seria abençoado, mas, se fosse desobediente, seria amaldiçoado.

Bênçãos e maldições eram consideradas primordialmente sob o aspecto material. “Bênçãos” manifestam-se em boas colheitas, grandes manadas de vacas e ovelhas, ouro e prata, e paz, enquanto as “maldições” encerravam secas, fomes, pestes e guerras.


Nos dias de Jesus essa ideia estava invertida (i.e., a lógica sequencial era contrária) e se aplicava ao indivíduo: se você for abençoado (i.e., sadio e rico), é porque você tem sido obediente e reto (à semelhança dos fariseus, saduceus e sacerdotes), mas, se você é amaldiçoado (i.e., como os doentes e os pobres), é que você tem sido desobediente e perverso (à semelhança das prostitutas, publicanos e outros “pecadores”).

Jesus desafia essas suposições infundadas e ensina que, ao contrário, são os pobres, os doentes e os necessitados que com muita frequência estão profundamente conscientes de suas necessidades espirituais, e, assim, são mais receptivos à palavra misericordiosa de Deus e a seu perdão. (Na verdade, não tem sido sempre assim, de acordo com a história bíblica? Quando Israel está empobrecido e humilhado diante das nações, Deus não o liberta dc modo miraculoso?). A má compreensão do ensino de Deuteronômio a respeito dos padrões divinos dc avaliação levou Lucas e dispor sua seção central do livro (Lucas 10:1— 18:14) de modo que corresponda a Deuteronômio l-26.

A parábola do fariseu cheio de auto-retidão e do publicano contrito (Lucas 18:9-14) exemplifica a necessidade que temos de reavaliar nossas pressuposições a respeito dos padrões de Deus para medir-nos, O “moço rico” ou “certo homem de posição” (Lucas 18:18-30) não consegue fazer a vontade de Deus nem seguir a Jesus por causa de suas riquezas, mas Zaqueu, o publicano, faz contraste agudo com ele, pois está disposto a devolver àqueles a quem tenha defraudado e dar aos pobres (Lucas 1 9:1-9).

É possível que a ilustração mais profunda seja a que ocorre na casa de Simão, o fariseu (Lucas 7:36-50), em que a prostituta lava os pés de Jesus com suas lágrimas e os enxuga com seus cabelos. Jesus declara que quem deve muito e recebe perdão de sua dívida ama muito mais (v. 47).

O homem cheio de auto-retidão é incapaz de reconhecer sua necessidade, pelo que demonstra pouca gratidão pela extraordinária misericórdia de Deus.
Para Lucas a comunidade de crentes compõe-se de judeus, samaritanos e gentios todas as pessoas que ouvem o evangelho e a ele obedecem como Palavra de Deus. Visto haver naquela comunidade pessoas não-judaicas, surge de modo natural a questão do relacionamento da igreja para com o Israel histórico e bíblico.

É incorreto pensar que Lucas visse Israel como não mais fazendo parte do plano de Deus. É certo que por todo o seu evangelho Israel faz parte do plano de Deus (veja especialmente os textos de Lucas 1 e 2). Depois de Zaqueu declarar sua generosidade, disse-lhe Jesus: “Hoje veio a salvação a esta casa, porque também este é filho de Abraão” (Lucas 19:9).

A idéia de referir-se a alguém de grande retidão como filho verdadeiro de Abraão é muito semelhante ao argumento de Paulo, para quem Deus considera qualquer pessoa reta, desde que reaja à promessa do evangelho na fé, como Abraão, pai de Israel, que reagiu pela fé à promessa de Deus cm Gênesis 15:6 (v. Romanos 4:1-25). 

Entretanto, Lucas não está dizendo que o povo de Deus, a igreja, compõe um novo Israel “espiritual”. O que Lucas está tentando dizer (e aqui eu sigo a percepção de Jacob Jervell ) é que sempre houve um povo de Deus.  Antes do advento de Jesus, esse povo era exclusivamente Israel. Todavia, com a vinda de Jesus e a reunião dos gentios provenientes de todas as nações, dois fatos pelos quais as promessas dadas a Abraão, a respeito da bênção que seria dada aos gentios (Gênesis 12:3; 17:4; 22:18), agora se cumprem (veja Atos 3:25, em que Gênesis 22:18 é citado), o povo de Deus passa a se consistir do Israel étnico e dos gentios. O povo de Deus são as pessoas que creem no evangelho de Jesus Cristo. Nem todas as pessoas creem. Essa incredulidade levou à divisão do Israel étnico, segundo crê Jarvell.

Alguns do Israel étnico creram em Cristo (na verdade, alguns milhares creram, segundo Atos 2 e 3), pelo que fazem parte do povo de Deus, mas os demais rejeitaram a Cristo, pelo que estão em estado de desobediência e cegueira. Tal desobediência pode ter origem no primeiro sermão de Jesus, segundo registro evangélico (Lucas 4:16-30), passando pela última discussão entre Paulo e os judeus incrédulos (Atos 28: 13-29). É claro que Paulo estava convencido de que “o endurecimento veio em parte a Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo...” (Romanos 11:25,26). Creio que o próprio evangelista Lucas compartilhava essa esperança (v. a seção 6, abaixo).

Por último, o evangelho de Lucas num sentido muito real é o evangelho das Boas-Novas para os pobres. Ao longo desse evangelho encontramos muitos exemplos da compaixão de Jesus pelos pobres e pelos desvalidos, pelos rejeitados e marginalizados. O leitor se emociona nas cenas de grande ternura em que Jesus estende o amor e o perdão de Deus às pessoas que, segundo parece, haviam perdido toda a esperança.  Mas essa era na verdade a missão de Jesus: “O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10; cf. também Lucas 15:1-32).

A IDENTIDADE DE JESUS CRISTO

Jesus Cristo: Perfeitamente homem!

A verdade com respeito à Pessoa do Senhor Jesus, Filho de Deus, é simples e profunda. Ela se encontra revelada na Palavra de Deus, e podemos conhecê-la mediante a revelação que nos é dada pelo Espírito Santo. Há que se considerar que esta revelação sobrepuja a inteligência humana; a fé, contudo, se apropria das declarações da Sagrada Escritura, e adora.
CRISTO NA ETERNIDADE, ANTES DO TEMPO

  O Deus eterno:

- “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1).

- “...pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (Filipenses 2:6).

Desde a eternidade, antes do tempo, Deus o Filho já existia (ou “era”). Ele, portanto, é sem início, existe eternamente, e é tão elevado e digno de honra como Deus o Pai e Deus o Espírito Santo.

-“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (João 1:18).

-“Tu és o cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16).

-“. . .me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:24).

Cristo é Filho desde toda a eternidade. Mas o fato dEle ser Filho não implica um começo nem uma posição inferior à do Pai. Ele é, como já foi dito, igual a Deus e de uma existência eterna. Desde a eternidade Ele era o objeto do amor do Pai - É o “Filho do seu amor” (Colossenses 1:13).

CRISTO NO TEMPO SOBRE A TERRA, E AGORA NO CÉU

  O Filho eterno de Deus:

-“Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo” (1 João 4:9).

-“A si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo” (Filipenses 2:7).

-“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14).

-“Mas acerca do Filho [diz]: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hebreus 1:8).


Quando o Filho de Deus se tornou homem, ocultou a glória de Sua divindade. A si mesmo se esvaziou; do contrário, o homem não teria suportado Sua presença (Êxodo 33:20). Apesar disso, permaneceu sempre como o Filho eterno de Deus. Como tal, é eternamente onipresente (João 1:18), onisciente (João 18:4) e onipotente (João 18:6). Ele permanece Deus depois de Sua ressurreição e ascensão, e por toda a eternidade.

O Filho de Deus, gerado pelo Espírito Santo:

-“Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei” (Salmo 2:7)

-“Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35).

O fato de que o Senhor Jesus tenha sido gerado por Deus o Espírito Santo é também uma razão para que seja chamado Filho de Deus. Tal como havia sido anunciado no Antigo Testamento, Maria assim O recebeu (Lucas 1:35), Natanael O reconheceu (João 1:49), o cego de nascimento O adorou (João 9:35-38), e Tomé dirigiu-se a ele depois de Sua ressurreição (João 20:28).

JESUS, PERFEITAMENTE HOMEM:

1)  Um homem que nasceu e viveu aqui na terra

-“Ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura”(Lucas 2:7).
-“O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10).

Há 2000 anos, o Filho de Deus veio a ser de fato homem em Belém. Tinha um espírito humano (João 13:21), uma alma humana (12:27) e um corpo humano (2:2 1).

Teve fome (Mateus 21:18), esteve cansado (João 4:6). Como homem, tinha que andar de um lugar para outro (João 4:4) por mais que, como Deus, fosse sempre onipresente. Em Marcos 13:32 está escrito que nem os anjos, nem mesmo o Filho conhecem o dia e a hora da vinda do Filho do homem. Ele disse isso como homem na posição de Servo e de Profeta. Como Deus, contudo, é onisciente. Estas coisas vão além de nosso entendimento humano, mas a fé O considera como sendo perfeitamente homem, sem esquecer jamais que é, ao mesmo tempo, eternamente Deus.


2)  Um homem semelhante a nós, mas sem pecado

-‘Nele não existe pecado” (1 João 3:5).

Exteriormente, o Senhor Jesus não se distinguia dos demais homens, nos quais habita o pecado (Romanos 8:3). Contudo, nEle não existe pecado. Não podia pecar nem cometeu pecado algum.
Por isso, o céu se abriu duas vezes sobre Ele, no princípio e no final de seu ministério como homem aqui na terra. “Foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo (Marcos 1:11; veja também 9:7).

3)  Um homem que morreu e ressuscitou

-“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir” (João 10:17).               

Jesus foi até o Gólgota e, como homem, deixou Sua vida. Sabemos porquê! Ali cumpriu a obra da redenção a fim de que pudéssemos ser salvos. Realmente morreu. Quanto a Seu espírito e alma, entrou no paraíso (Lucas 23:43); quanto a Seu corpo, foi colocado na sepultura (João 19:42). Depois de três dias, ressuscitou corporalmente. Como homem ressuscitado, foi visto por Cefas, logo pelos doze, e depois por mais quinhentos irmãos de uma só vez (1 Coríntios 15:5-6).

4) Um homem no céu por toda a eternidade

-“Sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem” (Ap 14:14).

-“Então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1Coríntios 15:28).

Depois de Sua ressurreição, Jesus subiu ao céu. Agora está ali assentado, como homem glorificado, no lugar mais elevado, à destra de Deus. Como homem, voltará para levar Consigo os Seus e introduzi-los na casa do Pai. Logo aparecera ao mundo em glória.

Como homem, exercerá o juízo (Apocalipse 14:14) e, segundo 1Co 15:28, vemos claramente que permanecerá homem eternamente. Como homem, o Filho se sujeitará a Deus por toda a eternidade.

Podemos dizer que deixou Sua vida como homem pelo poder de Deus. Também pelo mesmo poder divino ressuscitou como homem. Por último, pelo poder de Deus subiu ao céu (Efésios 4:10). E agora está assentado à direita da Majestade, como homem glorificado, nas alturas (Hebreus 1:3).

CONCLUSÃO

O Senhor Jesus é Deus eternamente, sem princípio, tão elevado como Deus o Pai. Era e é o Filho eterno, em comunhão de amor com o Pai. Tornou-Se verdadeiro homem como nós, mas era sem pecado; não cometeu pecado nenhum. Está fora de todo alcance do pecado, porque é santo. Permanece eternamente homem.

Estas são verdades fundamentais das Sagradas Escrituras. Não somente algumas passagens confirmam isso, mas toda a Palavra de Deus. Tal é a doutrina de Cristo. (2 João 7-11).




Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

BIBLIOGRAFIA

www.vivos.com.br
Lucas – Comentário Bíblico Beacon
Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida


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