O
PRESBITERIO, BISPO OU ANCIÃO
TEXTO AUREO = Por esta
causa te deixei em Cristo, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda
restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros.
VERDADE
PRATICA =
O presbítero deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na
administração d igreja local.
LEITURABIBLICA
= Tito 1.5-7 = I Pedro 5,1-4
INTRODUCAO
A origem do Presbítero
O
termo hebraico Zaqên, que no Antigo Testamento significa ancião, teve, no Novo
Testamento, o termo equivalente, em grego presbuteros. O presbítero não é mera
honraria. É um oficio que atua na vida espiritual e administrativa da Igreja,
como esteve integrado na vida da primitiva comunidade cristã, julgando e
presidindo. O oficio de presbítero deixa raízes no Antigo Testamento, e é
possível encontrá-lo até mesmo entre os povos pagãos.
No
Egito havia uma Ordem Presbiteral. Um conselho de anciãos que gozava da
confiança de Faraó e assistia na sua presença: Gn 50.7; SI 105.22. Os midianitas
e moabitas tinham seus anciãos, que formavam um presbitério e, provavelmente,
exerciam autoridade sobre as comunidades, visto que assistiam diante dos reis e
eram por estes convocados nas situações difíceis: Nm 22.4-7, Do texto se infere
que essa dignidade não lhes provinha de um estado de senectude, mas de
qualificações morais, intelectuais e espirituais.
Em
Esparta, a famosa cidade grega, o governo era formado por um Senado composto
por vinte e oito anciãos (presbíteros), cuja importância era semelhante à do
Areópago ateniense, e que serviam ao mesmo tempo como legisladores, juizes,
magistrados, administradores. Eram os chamados gerontes,
Entre
os israelitas o oficio de presbítero não foi uma criação acidental, mas estava
no propósito de Deus. Desde o início Deus dignificou, com honras, a pessoa do
presbítero. Homens idosos eram escolhidos para o ofício presbiteral. Melhor
seria dizer: homens amadurecidos, porque é importante sabermos que a idade não
era a condição principal para o exercício do presbitério. Todo presbítero
deveria ser um homem de idade madura, mas nem todo homem velho poderia ser um
presbítero. O presbítero é homem de cargo e ofício, e não meramente um velho.
Ao
lermos a Bíblia, vamos encontrar o presbítero, desde o início da História
Sagrada, exercendo o ofício em funções diversas: como conselheiro, magistrado,
juiz, cabeça de família, chefe tribal, condutor de massas, chefe militar,
embaixador, e, por fim, como pastor e bispo da igreja de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Sempre
respeitado, honrado e acatado em suas decisões. Nada se lhe devia ocultar, e o
destino político-religioso da nação lhe era confiado, O que Deus falava a
Moisés e a Arão, ambos deveriam, de imediato e por ordem de Jeová, comunicar
aos anciãos de Israel. Como no caso dos presbíteros de Éfeso, chamados por
Paulo a Mileto At 20.17, eles eram responsáveis pelo governo espiritual do
povo.
O
PRESBITÉRIO DA IGREJA DE DEUS
Assim
como o tabernáculo do Velho Testamento teria de ser feito conforme a planta
que, no monte o Senhor dera a Moisés, x 25.9, também a Igreja deve em tudo ser
edificada conforme a Palavra de Deus. Paulo adverte a Timóteo: “Conserva o
modelo...”, 2Tm 1.13. Neste estudo da Palavra veremos algo do que Deus diz a
respeito do presbitério na Igreja.
O PRESBITERIO,
COMO FORMA DE GOVERNO, JÁ EXISTIA NAS SINAGOGAS DOS JUDEUS.
Encontramos
na Bíblia que Israel, desde seus primórdios, era dirigido por um conselho de
anciãos, Nm 11.16,17; estes, juntamente com o sumo sacerdote e os demais
sacerdotes, regiam espiritualmente o povo, até no tempo do Novo Testamento, Mt
26.57; At 4.5; 5.21. Os anciãos representavam o povo, nos sacrifícios, Lv 4.15;
e a cidade perante o profeta, 1Sm 16.4, etc. Eram a “Cabeça” do povo, Is 9.15.
Era,
pois, natural que a Igreja Cristã, que procede do judaísmo, se entrosasse na
forma de governo já existente, o que se harmonizava com o seu espírito e
caráter.
O PRESBÍTERO
DIRIGIA A IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA.
Não
encontramos no Novo Testamento outra forma de governo. Na igreja de Jerusalém
achamos na direção “os apóstolos e os anciãos”, At 15.2; 16.4. O mesmo
encontramos em Efeso, At 20.17.
Em
lugar nenhum do Novo Testamento encontramos os diáconos fazendo parte do
ministério da igreja. Sempre os vemos servindo em funções materiais, a fim de
que os dirigentes espirituais pudessem dedicar maior tempo à oração e à
Palavra, At 6.1-5. O diaconato não é contado entre os ministérios espirituais,
Ef 4.11.
O
Novo Testamento não relata forma alguma de “Diretoria” como direção de Igreja.
E lógico e correto que uma igreja constituída de pessoa jurídica tenha uma
diretoria que a represente perante a lei e as autoridades. A direção
espiritual, porém, é do presbitério. E é apenas prudência escolher para membros
da diretoria, enquanto isto for possível, componentes do presbitério.
A PALAVRA
PRESBÍTERO, RELACIONADA COM A IGREJA, APARECE SEMPRE NA FORMA PLURAL.
Em
At 11.30; 20.28; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5, etc., às vezes é usada a palavra
“anciãos”, outras vezes “presbíteros” ou “bispos” — três expressões para urna
só coisa. Vide At 20. 17,28; Tt 1.5,7. Fica claro que o governo da igreja não
estava nas mãos de um só indivíduo.
Iniciado
o trabalho pentecostal no Brasil, a questão presbitério se atualizou. Tanto os
primeiros missionários, como os primeiros crentes, vinham do meio batista e,
por isso, organizavam igrejas como as dessa denominação. Tendo, porém,
examinado as Escrituras, perceberam que a palavra “ancião” em relação à igreja,
sempre aparece na Bíblia, na forma plural. Resolveram, após jejum e oração,
consagrar diversos presbíteros. Esta prática dura até hoje por todo país. Logo,
o presbítero não é uma “importação do estrangeiro”, nem cópia de outras
denominações, mas uma conseqüência da direção do Espírito Santo: guiar para
toda verdade, J0 16.13.
A PALAVRA DE
DEUS INDICA DUAS CATEGORIAS DE PRESBÍTEROS.
Em
primeiro lugar temos os presbíteros que trabalham na Palavra e na doutrina, 1Tm
5.17. Estes possuem alguns dos ministérios de que lemos em Ef 4.11, isto é,
apóstolo, profeta, evangelista, pastores ou doutores. São anciãos em função de
sua tarefa de apascentar, dirigir, alimentar e servir à Igreja do Senhor; eles
têm, além de seu presbiterato, um ministério espiritual, pelo qual servem ao
reino de Deus. Lemos que tanto Pedro como João se chamavam “presbítero”, 1Pe 5.1;
2 Jo 1; 3 Jo 1. São presbíteros chamados a pregar o Evangelho, vivendo portanto
do Evangelho, 1 Co 9.14.
Encontramos
na Palavra de Deus presbíteros que não se ocupam com a palavra, 1Tm 5.17. Por
vocação divina, têm sido consagrados para servir como anciãos na Igreja de
Deus, mas não têm o ministério de apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou
doutor. Servem à igreja, mas vivem de sua ocupação material. De uma ou de outra
categoria de presbíteros (vivendo ou não do Evangelho), a Palavra de Deus exige
o mesmo, tanto em qualidades espirituais como morais, 1Tm 3.1-7, e todostêm
participação na direção espiritual da igreja.
Dentre
os presbíteros anteriormente citados, Deus escolhe o que deve dirigir. Isto
vemos em 1Tm 5.17, quando lemos que são dignos de duplicada honra os que
“trabalham com a Palavra de Deus”. Todos os presbíteros têm a mesma
responsabilidade como presbíteros, mas aqueles a quem Deus destinou um
ministério espiritual, Ef 4.11, exercem uma influência maior, através da sua
vocação mais ampla.
Notamos
sempre que os apóstolos eram citados antes dos anciãos, At 15.2, e que estes
eram separados por aqueles, At 15.13; 21.18. Vemos que era Tiago que presidia a
Igreja de Jerusalém e, em 1Tm 1.3, notamos que Timóteo tinha idêntica função em
Éfeso.Em Gl 2.9 vemos Pedro, Tiago e João considerados como “colunas” e, em Ap
2.1 se registra que apesar da pluralidade de presbíteros emEfeso, At 20.17,
Jesus se dirige ao “anjo da igreja”, isto é, ao presbítero líder.
Nisto
há grande sabedoria divina. Para dirigir a igreja, Deus escolheu presbíteros
que vivem do Evangelho, bem como aqueles que servem à igreja sem que esta por
eles se responsabilize economicamente. Seria mais que pesado ter a igreja de
sustentar a todos os presbíteros. A sabedoria de Deus é sempre perfeita!
COMO
CONSEGUIR COOPERAÇÃO PERFEITAMENTE HARMONIOSA EM UM PRESBITÉRIO
Cada
presbítero deve ser de espírito humilde e saber cooperar, 1Pe 5.5. Ë sinal de
ótimo desenvolvimento espiritual saber sujeitar-se aos outros e considerar os
outros superiores a si próprio, Fl 2.1,8. Então cada um respeita o outro na
vocação que este tem de Deus. Este é o fundamento invariável da força
espiritual do presbítero. E não é demais comparar-seuma boa cooperação no
presbitério a um matrimônio feliz.
Todo
presbítero deve zelar, primeiramente por si próprio e, depois, por todo
trabalho que
Deus lhe confiou, At 20.28. Todo presbítero deve buscar o bem da
Igreja. É um grande perigo para o presbítero defender seu próprio interesse e
descuidar-se da união da igreja ou atrair simpatia de algum grupo para sua
própria pessoa. A este tipo de presbíteros Paulo denomina “lobos”, advertindo
os crentes contra eles e os exortando a vigiar, At 20.29,30.
É
importante que cada ancião, ainda que responsável por alguma congregação, pugne
sempre pela união e pela coesão, sem se apresentar como líder autônomo, mas
como enviado ou representando todo presbitério. Não aparecerão assim grupinhos
isolados em torno de algum presbítero, 1Co 1.11-13; 3.3,5, não surgirão os
‘Diótrefes”, 3 Jo 9,10, evitar- se-ão divisões carnais e as desnecessárias
“proclamações de independência”, que tanto prejudicam a obra de Deus. Que todos
trabalhem para edificação e não para destruição, 2 Co 10.8; 13.10. Todos devem
promover o progresso do trabalho, At 4.31, para que a Igreja avance unida,
coesa e forte. Aleluia!
COMO ERAM
CONSTITUÍDOS OS PRESBÍTEROS
Constituíam-se
com oração e jejum, e pela imposição das mãos, At 14.23. Ospresbíteros já
consagrados indicavam e escolhiam os novos anciãos, Tt 1.5; At 14.23, e nada
faziam senão confirmar o que o Espírito Santo já houvesse determinado. Por isso
Paulo podia dizer aos anciãos de Éfeso que o Espírito Santo os constituíra
bispos, At 20.28.
Quantas
decepções teriam sido evitadas por consagrações de presbíteros se antes se
tivesse buscado a vontade do Espírito Santo, através de oração e jejum!
O
presbítero local destina-se somente à igreja local. “Havendo-lhes eleito...
anciãos em cada igreja”, At 14.23 e, “de cidade em cidade, estabelecessem
presbíteros”, Tt 1.5. Nenhum presbítero, viva ele da palavra ou não, é ancião
de outra igreja, senão daquela pela qual for responsável.
Quem,
além de seu presbitério, tiver um ministério como por exemplo de evangelista ou
doutor, leva-o consigo, a qualquer parte, mas não é ancião senão na igreja na
qual serve.
Oportunamente
veremos as qualificações e as funções dos anciãos. Fica, porém, claro, desde
já, que a Igreja de Deus, agraciada com um presbitério bom e unido, tem
infinitas razões de dar graças a Deus. Tal presbitério é digno do amor e da
consideração de todos os membros da igreja. Que Deus abençoe a todos os presbíteros
que servem às milhares de igrejas existentes em todo território nacional! Amém.
Qualificações
dos Presbíteros= (1 Tm 3.1-7)
Atéeste
ponto Paulo falou de algumas preocupações concernentes à comunidade, no culto,
e corrigiu alguns abusos gerados pelas atividades dos presbíteros heréticos.
Agora, ele se volta para os próprios presbíteros e estabelece algumas
qualificações para o "ofício".
Ele
começa, nos VV. 1-7, com um grupo chamado episkopoi("supervisores"
); a seguir, nos vv. 8-13, passa para um grupo chamado diakonoi("
servos"," diáconos"), com uma nota também sobre algumas mulheres
no v. 11. É de todo provável que ambos os ofícios, o de presbítero
(supervisor) e o de "diácono" estejam sob a categoria mais ampla presbyteroi ("anciãos",
ou "presbíteros"). Em qualquer caso, a evidência que temos de Atos
20:17 e 28, e de Tito 1:5 e 7 indica que os termos episkopoi, "supervisores"
(At 20:28; Tt 1:7), e presbyteroi, "presbíteros",
"anciãos" (At 20:17; Tt 1:5), são parcialmente intercambiáveis.
Assim, pelo menos os supervisores (episkopoi) deste primeiro parágrafo
são presbíteros da igreja.
Convém
notar que em contraste com Tito (1:5), Timóteo não foi deixado em Éfeso para designar
presbíteros. Em verdade, tudo em Timóteo, bem como a evidência de Atos 20,
indica que já havia presbíteros nessa igreja. Por que, pois, esta instrução?
Novamente, a evidência aponta para o caráter e para as atividades dos falsos
mestres. Quanto a isto, duas coisas devem ser notadas: Primeira, muitos dos
itens constantes da lista estão em nítido contraste com o que está escrito
algures na carta acerca dos falsos mestres.
Segunda,
a lista em si tem três aspectos notáveis:
(1)
Ela dá as qualificações, e não os deveres;
(2)
a maioria dos itens reflete o comportamento exterior, observável; e
(3)
nenhum dos itens é distintamente cristão (p.e., amor, fé, pureza, perseverança;
cp. 4:12; 6:12); antes, refletem os mais elevados ideais da filosofia moral
helenística. Uma vez que a passagem toda aponta para o v. 7, com o qual
conclui, isto é, concerne à reputação da igreja entre os estranhos, isto sugere
que os falsos mestres traziam, por seu comportamento, infâmia ao evangelho.
Portanto, Paulo está preocupado não somente em que os presbíteros tenham
virtudes cristãs (estas são presumidas), mas que também reflitam os mais
elevados ideais da cultura.
Se
estivermos corretos em identificar os falsos mestres como sendo presbíteros, o
motivo por que Paulo estabelece este conjunto de instruções é que Timóteo deve
cuidar de que os presbíteros vivam à altura de sua designação, isto é, por
esses padrões. Ao mesmo tempo, é claro, a igreja toda estará ouvindo e, desse
modo, recebendo as bases para disciplina dos presbíteros transviados, bem como
para a substituição deles (cp. 5:22, 24-25).
3:1 A seção começa
com nossa segunda palavra fiel (ditado, 1:15).Visto que a palavra em
si pareceria um tanto pedante e porque o verbo "salvar" (cp. 1:15)
surge em 2:15, alguns têm alegado que o versículo precedente é a palavra
fiel digna de toda a aceitação. Porém, 2:15 não temas características de
"ditado", enquanto 3:1 tem, a despeito de seu conteúdo nada ter que
ver com o credo. Talvez se tenha exagerado o conceito de "ditado",
como se todos os "ditados" ou palavras dignas "de toda
aceitação" estivessem circulando abertamente na igreja (como 1:15 talvez
circulasse). Mais provável é que tais palavras se tenham tornado para Paulo uma
espécie de fórmula de reforço: "O que vou dizer tem importância
especial", ou, "pode ser aceito em geral como verdadeiro".
A
palavra fiel em
si é: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. Parece
emprestar algum crédito ao ponto de vista comumente aceito de que as pessoas
estavam "candidatando-se ao cargo". Mas não existe nenhuma outra
evidência no NT de que as pessoas "aspirassem a" posições de
liderança na igreja. A pouca evidência que temos implica que os chefes de
famílias dentre os mais antigos convertidos eram normalmente designados para
tais posições (At 14:23; cp. 1 Co 1:16 e 16:15-16).
A
palavra fiel, com
efeito, concentra-se menos na pessoa e mais no cargo. Portanto, Paulo não está elogiando as pessoas que têm
grande desejo de tornar-se líderes; ao
contrário, ele está dizendo que o cargo de presbítero (episcopado) é
questão sobremodo significativa, uma excelente obra, que deveria ser,
na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa podia aspirar. Assim, a
despeito das atividades de alguns, não é por essa razão que ele vai negar o
cargo em si.
3:2-3
Considerando-se queaspirar ao episcopado éaspirar excelenteobra, Paulo
está interessado em que os presbíteros em Éfeso manifestem vidas
verdadeiramente exemplares.
O bispo, portanto, deve ser irrepreensível.
Isso pareceria excluir qualquer aspirante ao cargo! A expressão irrepreensível,
porém, que se repete com referência às viúvas em 5:7 e ao próprio Timóteo
em 6:14 (num contexto escatológico), relaciona-se com a conduta observável irrepreensível.
Parece que o termo foi criado de modo que cobrisse a seguinte lista de onze
virtudes ou qualidades (na maioria, palavras no singular, no grego), que
deveriam caracterizar um bispo.
O
primeiro item da lista, marido de uma só mulher, é uma das frases
verdadeiramente difíceis das EP (cp. 3:12; 5:9, sobre as
"verdadeiras" viúvas, e Tt 1:6). Há, pelo menos, quatro opções:
Primeira, poderia
exigir que o supervisor fosse casado. O apoio encontra-se no fato de que os falsos
mestres proíbem o casamento, e Paulo insiste no casamento para as viúvas
desviadas (5:14; cp. 2:15). Mas contra esta interpretação verifica-se que ela
enfatiza o termo é necessário e a palavra mulher, enquanto o texto
enfatiza a palavra uma. Talvez Paulo e Timóteo não fossem casados, e tal
interpretação estaria em contradição com 1 Coríntios 7:25-38. Ademais, havia um
pressuposto cultural segundo o qual as pessoas, em sua maioria, deveriam ser
casadas.
Segunda, talvez o
texto esteja proibindo a poligamia. Isto se acentua de modo correto pela expressão uma
só mulher; contudo, a poligamia era característica tão rara na sociedade
pagã que tal proibição seria insignificância inaplicável. De mais a mais, não
pareceria ajustar-se à frase idêntica usada com referência às viúvas em 5:9.
Terceira, poderia
estar proibindo um segundo casamento. Tal interpretação conta com o apoio de muitos
dados: Ajustar-se-ia às viúvas de modo especial. Todos os tipos de evidência
louvam as mulheres (a elas de modo especial e às vezes também os homens) que
" se casaram uma única vez" e permaneceram "fiéis" a esse
casamento, depois que seus parceiros morreram. Esta perspectiva proibiria,
pois, o segundo casamento após a morte do cônjuge, mas também proibiria, é
óbvio — talvez de modo especial — o divórcio e o novo casamento.
Alguns
eruditos (p.e., Hanson) tratam do texto como referindo-se somente a esta última
interpretação.
Quarta, talvez o
texto esteja exigindo fidelidade marital a uma só mulher (cp. GNB:" fiel à sua única esposa"). Neste caso,
exige-se do bispo que viva uma vida matrimonial exemplar (o casamento
fica implícito), fiel a uma sómulher numa cultura em que a infidelidade
marital era comum e, às vezes, implícita. Seria, é natural, um meio de se
eliminar a poligamia e o divórcio e novo casamento, mas não eliminaria,
necessariamente, o novo casamento de um viúvo (embora esse ainda não fosse o
ideal paulino; cp. 1 Co 7:8-9, 39-40). Embora ainda haja muito que ser dito a
favor de uma ou de outro entendimento da terceira opção, a preocupação de que
os líderes da igreja vivam vida matrimonial exemplar parece ajustar-se melhor
ao contexto — dada a aparente desvalorização do casamento e da família
apregoada pelos falsos mestres (4:3; cp. 3:4-5).
A
próxima palavra, vigilante, muitas vezes se relaciona, no grego, ao uso
de bebidas alcoólicas. Contudo, uma vez que está dito de modo específico no v.
3, não dado ao vinho, o termo vigilante talvez esteja sendo usado
de maneira figurada, significando: "livre de todas as formas de excesso,
paixão ou temeridade" (cp. 2 Tm 4:5). O bispo deve também ser sóbrio e
honesto, palavras que muitas vezes ocorrem juntas nos escritos pagãos
como elevados ideais de comportamento. Portanto, um líder cristão deve estar
acima, e não abaixo, desses ideais.
É necessário
que ...o líder da
igreja seja ... tambémhospitaleiro. Esta era, de igual modo, uma
virtude grega, mas constituía a expectação extrema de todos os cristãos da
igreja primitiva (cp. 5:10; Rm 12:13; 1 Pe 4:9; Aristides, Apology15).
De igual modo... é necessário... que ele também seja apto para ensinar. Este
é o único item da lista que também implica deveres, assunto que se tornará
claro em 5:17. Este adjetivo se repete em 2 Timóteo 2:24 e Tito 1:9, cujos
contextos sugerem que apto para ensinar significa
capacidade tanto para ensinar a verdade como para refutar o erro.
Ao
acrescentar:... é necessário, pois, que o bispo seja não dado ao vinho, está
Paulo também estabelecendo um contraste com os falsos mestres? Talvez não, em
face do ascetismo observado em 4:3. Todavia, pode ser que tenham sido ascetas
acerca de determinados alimentos, mas beberrões de vinho bastante indulgentes.
Em qualquer caso, a embriaguez era um dos vícios comuns da Antiguidade, e
poucos autores pagãos a verberam de modo aberto — somente contra outros
"pecados" que pudessem acompanhá-la (violência, repreensão e xingação
pública dos escravos, etc. ). O bispo não tem de ser, necessariamente,
abstêmio (5:23), mas tampouco deve ser dado ao vinho (cp. 3:8; Tt 1:7);
o alcoolismo é condenado nas Escrituras de modo insistente.
As
próximas trêsqualidades talvez andem juntas e, deveras, parecem refletir o
comportamento dos falsos mestres....Énecessário, pois, que o bispo seja...
não espancador, mas moderado, inimigo de contendas. A descrição dos falsos
mestres em 6:3-5, bem como em 2 Timóteo 2:22-26 (cp. Tt 3:9), dá a entender
queesses homens são dados a dissensões e a brigas. O verdadeiro presbítero deve
ser moderado, mesmo quando corrige os oponentes (2Tm 2:23-25).
A
lista conclui com não ganancioso. De acordo com 6:5-10, a ganância se revela um dos "pecados
mortais" dos falsos mestres, diretamente responsável pela ruína
deles. Assim, uma advertência contra a avareza aparece em todas as listas de
qualificações para liderança (3:8; Tt 1:7; cp. At 20:33).
3:4-5
Paulo agora passa,
nos vv. 4-7, a falar sobre três outras preocupações. O líder da igreja deve ter
família exemplar (vv. 4-5), não deve ser recém-convertido (v. 6), mas deve ser
pessoa de boa reputação entre os de fora (v. 7). Estes qualificativos talvez
também reflitam a situação em Éfeso.
Esta
passagem apenas supõe, também, que o episkoposserá casado (mas não o
exige; cp. v. 2). Não somente isso, mas a sociologia do primeiro século também
torna muitíssimo provável que os que eram designados "supervisores"
nas igrejas primitivas, levando-se em conta, de modo especial, que estamos
tratando com igrejas em lares, eram, com efeito, os chefes das
"casas" onde as igrejas se reuniam. Desse modo, como está implícito
no v. 5, prevalece o mais estreito relacionamento entre família e igreja. O homem que fracassa no primeiro caso (família) é,
por isso mesmo, desqualificado para o outro (igreja). Em verdade,
conforme 3:15 e 5:1-2 indicam, a palavra oikos"lar"; NIV,
família; ECA, casa) para Paulo é metáfora rica que subentende
"igreja".
Portanto,
o bispo que governe bem sua própria casa, porque ele também cuidará
da igreja de Deus. O verbo governar é usado de novo com referência aos
presbíteros em 5:17 (NIV, "dirigir" [como foi usado anteriormente em
1 Ts 5:12, onde é traduzido "presidir"; NIV," estão sobre"
]), verbo que tem o sentido de " comandar, governar", ou "estar
preocupado com, cuidar de" (cp. "devotar-se a" em Tt 3:8). A
pista para seu significado aqui está em entender o verbo acompanhante com
referência à igreja, no v. 5, "cuidar de", que carrega a força total
da expressão idiomática em inglês. Em outras palavras, "cuidar de"
implica. tanto a liderança (orientação) como o interesse atencioso. No lar e na
igreja, a orientação e o interesse atencioso não têm validade se um não estiver
ligado ao outro.
O
bom presbítero será conhecido por exercer uma liderança tal, no lar, quetem seus
filhos sob disciplina, com todo o respeito (lit., "tem filhosem
submissão", como 2:11). A força da frase com todo o respeito talvez
signifique não tanto que eles obedecerão com respeito, mas que
eles serão conhecidos tanto por sua obediência como por seu bom comportamento.
Em
Tito 1:6 a idéia é mais esmerada ainda, de modo que sugere serem esses filhos
bons crentes, ao lado da preocupação pela reputação entre os de fora. Há tênue linha entre exigir obediência e obtê-la.
O líder de igreja, que na verdade deve exortar as pessoas à obediência, não
"governa" a família de Deus por essa razão. Ele "cuida
dela" de tal modo que seus "filhos", isto é, os filhos da
igreja, serão conhecidos por sua obediência e bom comportamento.
3:6 / Portanto, o
líderda igreja, também não deve ser neófito, metáfora que no grego
significa literalmente "uma pessoa plantada há pouco tempo". Conforme
se repetirá de modo diferente em 5:22, o episkoposdeve ser maduro na fé.
O motivo para que assim seja é o grande perigo de envaidecimento: para que
não se ensoberbeça. Uma vez que é precisamente isto que se diz dos falsos
mestres em 6:4 (cp. 2 Tm 3:4), perguntamo-nos se alguns deles eram neófitos (convertidos
recentes), cujos "pecados... são manifestos antes... os de outros,
manifestam-sedepois" (5:24).
Em
qualquer caso, para que não se ensoberbeça significa também não cair
na condenação do diabo. Embora o grego de Paulo seja um tanto ambíguo
(lit., "cair no julgamento do diabo"), talvez a linguagem esteja
refletindo o tema comum de que no ministério de Cristo, de modo especial na sua
morte e ressurreição, Satanás sofreu sua derrota decisiva, que será finalizada
plenamente no fim (cp. Ap 12:7-17 e 20:7-10).
3:7
Finalmente, Paulo
chega à questão de que o líder da igreja deveser pessoa que tenha bom
testemunho dos que estão de fora. Conforme foi notado na discussão de 2:2,
esta é uma preocupação genuinamente paulina no NT. Em verdade, esta preocupação
é que coloca em perspectiva essa lista de atributos.Tal lista tem que ver com
o comportamento observável, constituindo testemunho para os de fora. Como
no v. 6, O grego de Paulo não é bem claro, mas parece que a ênfase está em que
uma reputação má junto ao mundo pagão fará que o episkoposcaia em
opróbrio, isto é, será difamado e, com ele, a igreja; e isso seria equivalente
a cair no laço do diabo. É laço armado pelo diabo o mau
comportamento dos líderes da igreja, de tal modo que os de fora não se
motivarão a ouvir o evangelho. Perguntamo-nos de novo se a ganância e a conduta
abusiva dos falsos mestres não estão trazendo opróbrio à casa de Deus em Éfeso,
especialmente quando se considera que Paulo havia sido acusado assim em
Tessalônica (1Ts 2:1-10) e que os moralistas pagãos em particular condenavam
tais atividades entre os "falsos" filósofos.
Elaboração
pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições
Bíblicas Betel
Revista
o Obreiro – CPAD – 1980
Revista
o Obreiro – CPAD – 1983
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