21 de maio de 2014

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA



O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

TEXTO ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).

VERDADE PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de Deus no mundo.

LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS 4: 11

O MINISTÉRIO E OS DONS MINISTERIAIS

“E orando, disseram: Tu Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado”, At 1.24,25.

Em se tratando de assuntos que abrangem o ministério da Igreja do Senhor Jesus, não podemos, em hipótese alguma, deixar de considerar diversos aspectos que envolvem os dons ministeriais. Antes de mais nada, quero afirmar com segurança: o ministério é sobretudo um ofício espiritual. E para exercê-lo, é necessário, além de tudo, ser chamado pelo Senhor Jesus, pois quando tornou-se vago o lugar de Judas, o traidor, Pedro e os demais discípulos reivindicaram o preenchimento da vaga mediante a aprovação do Senhor Jesus, porém, percebe-se nas palavras de Pedro o seguinte: “Senhor, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar parte neste ministério”. Pelo que o Senhor escolheu Matias.

Assim sendo, note o caro leitor que Matias foi a primeira pessoa a ser indicada, não para exercer um determinado dom, mas para o ministério, sob a aprovação do Senhor. A palavra ministério, derivado do latim “Ministeriu”, significa um ofício espiritual. A palavra ministro, que vem da mesma fonte — “Ministru”, quer dizer “aquele que executa desígnios de outrem”. Desta forma é evidente que o ministro de Jesus execute os desígnios de sua Obra.

Tomemos para exemplo a palavra ofício, visto ser esta a mesma expressão do Espírito Santo na boca do rei Davi, quando se referia profeticamente ao lugar vago por Judas, no ministério ou apostolado da Igreja do Senhor Jesus: “Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício”, SL 109.8. E para que fique bem explícito,
“Ministeriu” quer dizer literalmente: ofício, cargo e função, isto conforme a sua forma latina. Além disto, a palavra ofício está ligada ao ministério sacerdotal da Antiga Aliança, e o ofício sacerdotal foi o protótipo do ministério da Nova Aliança:

“Ungirás a Arão e a seus filhos, e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes”, Êx 30.30. E, portanto, o ministério da Igreja do Senhor Jesus, um órgão de trabalho para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12), tanto é que, para ele nós, os ministros do Senhor, fomos chamados.

Posterior ao Dia de Pentecoste, ou seja, à inauguração da Igreja do Senhor pelo Espírito Santo, surgiram diversos problemas, inclusive alguns de caráter material, como o caso das viúvas. Os apóstolos, ocupados demais para se preocuparem com questões deste gênero, pronunciaram-se desta maneira: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”, At 6.4. Esta é uma razão pela qual somos chamados para exercer a função ministerial e não um dom intimamente distinto, pois os dons ministeriais, o Senhor dá a cada um para ser útil na sua Igreja, 1 Co 12.7.

Convém acentuarmos que, quando os discípulos se pronunciaram pela segunda vez acerca de suas funções e do gênero de trabalho que realizavam, afirmaram dizendo: “perseveraremos na oração e no ministério da Palavra.” Assim sendo, notamos que era esta a concepção dos discípulos no tocante à separação para o ministério. Devemos seguir as mesmas diretrizes, isto é, separarmos o Obreiro para o ministério, e não para exercer um deter minado dom.

“Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse-lhes o Espírito Santo: separai-me a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”, At 13.2. Quem ministra recebe o nome de ministro. Além disto devemos acentuar que Barnabé e Saulo foram chamados para trabalhar na Obra do ministério, conforme disse o Espírito Santo. Quando o Senhor Jesus chama o Obreiro, sem dúvida, o faz para o seu santo ministério, pois este é uma coisa e os dons ministeriais são outra. Os dons ministeriais são dons concedidos por Deus aos homens e o ministério representa o exercício desses dons.

Vejamos a Palavra de Deus: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens”, Ef 4.8. O texto nos mostra que o Senhor Jesus deu dons aos homens. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”, Ef 4.11. Neste versículo, percebemos com evidência que o apóstolo Paulo cita os dons que o Senhor Jesus concede aos seus ministros para o aperfeiçoamento da Igreja. Então, por que razão se diz: “Vamos separar alguns irmãos para evangelistas?”

Quem autorizou que separássemos alguém? Ora, meu caro leitor, se nos assistisse o direito de separar alguém para evangelista ou para pastor, nos assistiria outrossim o mesmo direito de separar alguém para apóstolo, profeta e doutor. Então, por que não o fazemos? Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores são dons ministeriais e espirituais, pelo que somente o Senhor Jesus pode concedê-los aos seus ministros através do Espírito Santo.


Para tanto, vale dizer com segurança que, a doutrina apostólica é esta: somente podemos separar os nossos irmãos para o ministério, ante a revelação do Espírito.
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”, 1 Co 12.28. Os dons ministeriais são propriedades do Senhor Jesus, pois somente Ele, através do Espírito Santo, distribui a cada um na sua Igreja para o que for útil, conforme a sua vontade.

As interpretações no que tange ao dom de evangelista e respectivamente ao dom de pastor, na Assembléia de Deus, são variáveis. Vez por outra se publica no nosso órgão de imprensa, o MENSAGEIRO DA PAZ, uma remessa de recém- consagrados para o ministério do Senhor. Entrementes usam dizer o seguinte: Foram separados irmãos para pastores e evangelistas.

Ora, isto é uma discrepância, sobretudo uma idéia excentricamente adversa aos princípios que focalizam os dons ministeriais da Igreja do Senhor Jesus Cristo, pois a palavra evangelista deriva-se do grego (segundo J.D. Davis) euggelistés, que quer dizer, portanto, mensageiro de boas novas. Desta forma, somente seria evangelista aquele cuja coragem fosse inspirada pelo dom do Espírito Santo e arriscasse a própria vida, como Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo.

Por esta razão, Marcos temeu fazer tal trabalho, pelo que desistiu da viagem missionária, contudo Paulo o considerou útil para o ministério, 2 Tm 4.11. Poder- se-á dizer que estes bravos homens não foram grandes evangelistas? Não foram eles os mensageiros das boas novas através deste glorioso dom? Sem dúvida estes servos de Deus foram os maiores evangelistas da Igreja primitiva. E por que não dizer que o apóstolo Paulo tanto possuía o dom de evangelista, como o dom de apóstolo, o dom de pastor e o dom de profeta (Comp. At 13.1)?

O Novo Testamento sem as epístolas de Paulo é como um monumento sem base. Desta forma, não obstante Paulo possuir todos os dons, foi separado para o ministério, segundo a revelação do Espírito Santo.

Não existe, todavia, concepção bíblica que preceitue a hierarquia que vem afetando os princípios doutrinários, no tocante a separação de Obreiros no âmbito da Igreja Assembléia de Deus. O Obreiro, para chegar a ser um ministro completo, conforme a interpretação de muitos, deve receber a imposição de mãos para diácono, para presbítero, para evangelista e pastor. Pergunto ao caro leitor: há razão bíblica para procedermos assim? Não tem razão de ser, pois se quisermos seguir as diretrizes bíblicas, deveremos consagrar aquele que é chamado por Deus, tendo em vista o ministério e não o dom de evangelista e muito menos o de pastor, conforme muitos usam fazer, At 26.16. 

Este método de separação de Obreiros deixa os nossos irmãos humilhados, pois quando alguém recebe imposição de mãos para evangelista, não se sente completo no ministério, visto que ainda lhe falta a consagração de pastor, 1 Co 3.5 e 4.11.

Certa ocasião visitei uma igreja onde se realizava uma escola bíblica. No término da programação houve reunião do ministério, porém, os evangelistas não tomaram parte. Que quer isto dizer? Ora, neste caso, se o evangelista não é um ministro do Senhor e não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, segue-se que esta pessoa recebeu apenas o dom sob a imposição de mãos. E por que somente as pessoas que são consideradas pastores teriam o direito de tomar parte em tais reuniões? Não receberam a mesma imposição de mãos? Apenas com esta diferença, um para evangelista e outro para pastor.

Se fôssemos considerar o valor da função em si dos Obreiros, o evangelista seria maior do que o pastor, pois o apóstolo Paulo aos Efésios, cita primeiro o dom de evangelista.

Isto é apenas uma hipótese, todavia, quando o dom se manifesta no ministério do Obreiro, ele se destaca no corpo ministerial com autoridade, exercendo o dom que o Senhor Jesus lhe deu. Mas é necessário saber que o evangelista e o pastor são ministros do Senhor, e que estão integrados no mesmo ministério.

Se o evangelista não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, sendo um ministro do Senhor, como poderiam tornar parte os anciãos no Concílio de Jerusalém? Para que reunião mais privada do que aquela, visto tratar-se de assuntos intrinsecamente doutrinários da Igreja? Portanto, esta restrição que fazem entre evangelistas e pastores, não tem razão de ser.

A concepção oposta à tese que estou defendendo, se prende geralmente ao ministério de Timóteo, isto porque usam dizer que ele foi separado para evangelista, somente pelo fato de Paulo ter-lhe dito:
“Faze a obra dum evangelista”. Porém, Paulo também disse-lhe: “Cumpre o teu ministério”, 2 Tm 4.5. Fazer a Obra de um evangeelista não significa ser separado para evangelista. Antes, significa que Paulo admoestou-o a evangelizar, pois assim cumpriria o seu ministério.

Paulo disse a Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo”, 1 Tm 4.6. O que Timóteo deveria então propor aos irmãos? Deveria propor os dons ministeriais e doutrinários no tocante à salvação dos crentes, isto porque ele havia recebido a revelação da Palavra de Deus. O que Timóteo havia recebido de Deus eram os dons ministeriais, com os quais servia à Igreja do Senhor Jesus, como um bom despenseiro doe mistérios de Deus, 1 Co 4.1.

O ministério é propriedade do Senhor Jesus, e Ele dá somente aos que são chamados, Ef 3.7. Note o que disse o apóstolo Paulo: “Contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus”, At 20.24. Toda e quaisquer pessoas que forem chamada. pelo Senhor, devem sobretudo receber a imposição de mãos para o ministério e não para exercer um determinado cargo ou dom, pois o ministro do Senhor trabalha no aperfeiçoamento dos santos, conforme os dons que o Senhor Jesus lhe proporciona através do Espírito Santo.

Todos os discípulos foram chamados para exercer o ministério, At 6.4. Tanto assim que Pedro e João aparecem no livro de Atos dando ênfase à evangelização feita por Filipe nas regiões de Samaria, At 8.14. Filipe era um instrumento usado pelo Senhor, e com o dom de evangelista ganhou muitas almas naquela região. Quem era Filipe? Era apóstolo? Profeta? Pastor? Doutor? Quem era aquele homem? Era apenas um daqueles que foram separados para servir às mesas e mais nada, At 6.5. Está bem claro, que o Senhor é quem nos faz ministros seus e não o homem.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                                        

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS               

Revista o  Obreiro – CPAD – 1984

Nenhum comentário: