O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA
TEXTO
ÁUREO = “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra
de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5).
VERDADE
PRÁTICA = O evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com
ousadia; é um arauto de Deus no mundo.
LEITURA BIBLICA = ATOS 8: 26-35 == EFÉSIOS
4: 11
O
MINISTÉRIO E OS DONS MINISTERIAIS
“E orando, disseram: Tu Senhor, conhecedor
dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome
parte neste ministério e apostolado”, At 1.24,25.
Em se
tratando de assuntos que abrangem o ministério da Igreja do Senhor Jesus, não
podemos, em hipótese alguma, deixar de considerar diversos aspectos que
envolvem os dons ministeriais. Antes de mais nada, quero afirmar com segurança:
o ministério é sobretudo um ofício espiritual. E para exercê-lo, é necessário,
além de tudo, ser chamado pelo Senhor Jesus, pois quando tornou-se vago o lugar
de Judas, o traidor, Pedro e os demais discípulos reivindicaram o preenchimento
da vaga mediante a aprovação do Senhor Jesus, porém, percebe-se nas palavras de
Pedro o seguinte: “Senhor, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar
parte neste ministério”. Pelo que o Senhor escolheu Matias.
Assim
sendo, note o caro leitor que Matias foi a primeira pessoa a ser indicada, não
para exercer um determinado dom, mas para o ministério, sob a aprovação do
Senhor. A palavra ministério, derivado do latim “Ministeriu”, significa um
ofício espiritual. A palavra ministro, que vem da mesma fonte — “Ministru”,
quer dizer “aquele que executa desígnios de outrem”. Desta forma é evidente que
o ministro de Jesus execute os desígnios de sua Obra.
Tomemos
para exemplo a palavra ofício, visto ser esta a mesma expressão do Espírito
Santo na boca do rei Davi, quando se referia profeticamente ao lugar vago por
Judas, no ministério ou apostolado da Igreja do Senhor Jesus: “Sejam poucos os
seus dias, e outro tome o seu ofício”, SL 109.8. E para que fique bem
explícito,
“Ministeriu”
quer dizer literalmente: ofício, cargo e função, isto conforme a sua forma
latina. Além disto, a palavra ofício está ligada ao ministério sacerdotal da
Antiga Aliança, e o ofício sacerdotal foi o protótipo do ministério da Nova
Aliança:
“Ungirás
a Arão e a seus filhos, e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes”,
Êx 30.30. E, portanto, o ministério da Igreja do Senhor Jesus, um órgão de
trabalho para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12), tanto é que, para ele
nós, os ministros do Senhor, fomos chamados.
Posterior
ao Dia de Pentecoste, ou seja, à inauguração da Igreja do Senhor pelo Espírito
Santo, surgiram diversos problemas, inclusive alguns de caráter material, como
o caso das viúvas. Os apóstolos, ocupados demais para se preocuparem com
questões deste gênero, pronunciaram-se desta maneira: “Mas nós perseveraremos
na oração e no ministério da palavra”, At 6.4. Esta é uma razão pela qual somos
chamados para exercer a função ministerial e não um dom intimamente distinto,
pois os dons ministeriais, o Senhor dá a cada um para ser útil na sua Igreja, 1
Co 12.7.
Convém
acentuarmos que, quando os discípulos se pronunciaram pela segunda vez acerca
de suas funções e do gênero de trabalho que realizavam, afirmaram dizendo:
“perseveraremos na oração e no ministério da Palavra.” Assim sendo, notamos que
era esta a concepção dos discípulos no tocante à separação para o ministério.
Devemos seguir as mesmas diretrizes, isto é, separarmos o Obreiro para o
ministério, e não para exercer um deter minado dom.
“Enquanto
eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse-lhes o Espírito Santo:
separai-me a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”, At 13.2. Quem
ministra recebe o nome de ministro. Além disto devemos acentuar que Barnabé e
Saulo foram chamados para trabalhar na Obra do ministério, conforme disse o
Espírito Santo. Quando o Senhor Jesus chama o Obreiro, sem dúvida, o faz para o
seu santo ministério, pois este é uma coisa e os dons ministeriais são outra.
Os dons ministeriais são dons concedidos por Deus aos homens e o ministério
representa o exercício desses dons.
Vejamos
a Palavra de Deus: “Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e
deu dons aos homens”, Ef 4.8. O texto nos mostra que o Senhor Jesus deu dons
aos homens. “Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores”, Ef 4.11. Neste
versículo, percebemos com evidência que o apóstolo Paulo cita os dons que o
Senhor Jesus concede aos seus ministros para o aperfeiçoamento da Igreja.
Então, por que razão se diz: “Vamos separar alguns irmãos para evangelistas?”
Quem
autorizou que separássemos alguém? Ora, meu caro leitor, se nos assistisse o
direito de separar alguém para evangelista ou para pastor, nos assistiria
outrossim o mesmo direito de separar alguém para apóstolo, profeta e doutor.
Então, por que não o fazemos? Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
doutores são dons ministeriais e espirituais, pelo que somente o Senhor Jesus
pode concedê-los aos seus ministros através do Espírito Santo.
Para
tanto, vale dizer com segurança que, a doutrina apostólica é esta: somente
podemos separar os nossos irmãos para o ministério, ante a revelação do
Espírito.
“E a
uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em
terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas”, 1 Co 12.28. Os dons ministeriais são propriedades do
Senhor Jesus, pois somente Ele, através do Espírito Santo, distribui a cada um
na sua Igreja para o que for útil, conforme a sua vontade.
As
interpretações no que tange ao dom de evangelista e respectivamente ao dom de
pastor, na Assembléia de Deus, são variáveis. Vez por outra se publica no nosso
órgão de imprensa, o MENSAGEIRO DA PAZ, uma remessa de recém- consagrados para
o ministério do Senhor. Entrementes usam dizer o seguinte: Foram separados
irmãos para pastores e evangelistas.
Ora,
isto é uma discrepância, sobretudo uma idéia excentricamente adversa aos
princípios que focalizam os dons ministeriais da Igreja do Senhor Jesus Cristo,
pois a palavra evangelista deriva-se do grego (segundo J.D. Davis) euggelistés,
que quer dizer, portanto, mensageiro de boas novas. Desta forma, somente seria
evangelista aquele cuja coragem fosse inspirada pelo dom do Espírito Santo e
arriscasse a própria vida, como Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo.
Por
esta razão, Marcos temeu fazer tal trabalho, pelo que desistiu da viagem
missionária, contudo Paulo o considerou útil para o ministério, 2 Tm 4.11.
Poder- se-á dizer que estes bravos homens não foram grandes evangelistas? Não
foram eles os mensageiros das boas novas através deste glorioso dom? Sem dúvida
estes servos de Deus foram os maiores evangelistas da Igreja primitiva. E por
que não dizer que o apóstolo Paulo tanto possuía o dom de evangelista, como o
dom de apóstolo, o dom de pastor e o dom de profeta (Comp. At 13.1)?
O Novo
Testamento sem as epístolas de Paulo é como um monumento sem base. Desta forma,
não obstante Paulo possuir todos os dons, foi separado para o ministério,
segundo a revelação do Espírito Santo.
Não
existe, todavia, concepção bíblica que preceitue a hierarquia que vem afetando
os princípios doutrinários, no tocante a separação de Obreiros no âmbito da
Igreja Assembléia de Deus. O Obreiro, para chegar a ser um ministro completo,
conforme a interpretação de muitos, deve receber a imposição de mãos para
diácono, para presbítero, para evangelista e pastor. Pergunto ao caro leitor:
há razão bíblica para procedermos assim? Não tem razão de ser, pois se
quisermos seguir as diretrizes bíblicas, deveremos consagrar aquele que é
chamado por Deus, tendo em vista o ministério e não o dom de evangelista e
muito menos o de pastor, conforme muitos usam fazer, At 26.16.
Este
método de separação de Obreiros deixa os nossos irmãos humilhados, pois quando
alguém recebe imposição de mãos para evangelista, não se sente completo no
ministério, visto que ainda lhe falta a consagração de pastor, 1 Co 3.5 e 4.11.
Certa
ocasião visitei uma igreja onde se realizava uma escola bíblica. No término da
programação houve reunião do ministério, porém, os evangelistas não tomaram
parte. Que quer isto dizer? Ora, neste caso, se o evangelista não é um ministro
do Senhor e não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, segue-se
que esta pessoa recebeu apenas o dom sob a imposição de mãos. E por que somente
as pessoas que são consideradas pastores teriam o direito de tomar parte em
tais reuniões? Não receberam a mesma imposição de mãos? Apenas com esta diferença,
um para evangelista e outro para pastor.
Se
fôssemos considerar o valor da função em si dos Obreiros, o evangelista seria
maior do que o pastor, pois o apóstolo Paulo aos Efésios, cita primeiro o dom
de evangelista.
Isto é
apenas uma hipótese, todavia, quando o dom se manifesta no ministério do
Obreiro, ele se destaca no corpo ministerial com autoridade, exercendo o dom
que o Senhor Jesus lhe deu. Mas é necessário saber que o evangelista e o pastor
são ministros do Senhor, e que estão integrados no mesmo ministério.
Se o
evangelista não pode tomar parte em reuniões privadas do ministério, sendo um
ministro do Senhor, como poderiam tornar parte os anciãos no Concílio de
Jerusalém? Para que reunião mais privada do que aquela, visto tratar-se de
assuntos intrinsecamente doutrinários da Igreja? Portanto, esta restrição que
fazem entre evangelistas e pastores, não tem razão de ser.
A
concepção oposta à tese que estou defendendo, se prende geralmente ao
ministério de Timóteo, isto porque usam dizer que ele foi separado para
evangelista, somente pelo fato de Paulo ter-lhe dito:
“Faze a
obra dum evangelista”. Porém, Paulo também disse-lhe: “Cumpre o teu
ministério”, 2 Tm 4.5. Fazer a Obra de um evangeelista não significa ser
separado para evangelista. Antes, significa que Paulo admoestou-o a
evangelizar, pois assim cumpriria o seu ministério.
Paulo
disse a Timóteo: “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus
Cristo”, 1 Tm 4.6. O que Timóteo deveria então propor aos irmãos? Deveria
propor os dons ministeriais e doutrinários no tocante à salvação dos crentes,
isto porque ele havia recebido a revelação da Palavra de Deus. O que Timóteo
havia recebido de Deus eram os dons ministeriais, com os quais servia à Igreja
do Senhor Jesus, como um bom despenseiro doe mistérios de Deus, 1 Co 4.1.
O
ministério é propriedade do Senhor Jesus, e Ele dá somente aos que são
chamados, Ef 3.7. Note o que disse o apóstolo Paulo: “Contanto que cumpra com
alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus”, At 20.24.
Toda e quaisquer pessoas que forem chamada. pelo Senhor, devem sobretudo
receber a imposição de mãos para o ministério e não para exercer um determinado
cargo ou dom, pois o ministro do Senhor trabalha no aperfeiçoamento dos santos,
conforme os dons que o Senhor Jesus lhe proporciona através do Espírito Santo.
Todos
os discípulos foram chamados para exercer o ministério, At 6.4. Tanto assim que
Pedro e João aparecem no livro de Atos dando ênfase à evangelização feita por
Filipe nas regiões de Samaria, At 8.14. Filipe era um instrumento usado pelo
Senhor, e com o dom de evangelista ganhou muitas almas naquela região. Quem era
Filipe? Era apóstolo? Profeta? Pastor? Doutor? Quem era aquele homem? Era
apenas um daqueles que foram separados para servir às mesas e mais nada, At
6.5. Está bem claro, que o Senhor é quem nos faz ministros seus e não o homem.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Revista
o Obreiro – CPAD – 1984
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