27 de março de 2013

A MORTE DE ELISEU


A MORTE DE ELISEU

TEXTO ÁUREO =  “E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram um bando e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem e tocando os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre os seus pés” (2 Rs 13.21).

VERDADE PRÁTICA = O último milagre relacionado à vida de Eliseu demonstra o poder e o exemplo de um homem que ama e teme a Deus.

LEITURA BIBLICA = 2 Reis 13: 14-21

INTRODUÇÃO

Eliseu teve um ministério longo e profícuo e a sua vida causou um grande impacto na história bíblica. Não há como minimizar a importância do profeta de Abel-meolá sobre a cultura judaico-cristã.

Neste capítulo iremos acompanhar os últimos passos do profeta Eliseu e os fatos relacionados a ele. Constataremos que Eliseu foi de fato um gigante espiritual, mas como todos os mortais, estava sujeito as limitações comuns a todos os homens — nasceu, cresceu, envelheceu e morreu.

Eliseu morreu, mas não como morre um “famoso”. Quando escrevia sobre a história do profeta Eliseu, achei interessante a análise que fez o escritor Michael Largo em seu inusitado livro: Assim Morreram os Ricos e Famosos (2008, pp.8,9). Ao escrever sobre a morte dos famosos, disse: “No caso das celebridades, em que cada gesto é alvo de atenção das publicações populares, a morte é inteiramente outra história: entre elas, a verdadeira causa do falecimento em geral é o detalhe final que costuma ser omitido ou ocultado. Existem centenas de revistas que se dedicam a acompanhar os atos mais insignificantes de pessoas famosas.

Livros e programas de televisão documentam os altos e baixos de suas carreiras. Quando elas morrem, porém, seu decesso é sujeito à maquiagem final: assessores de imprensa, agentes, empresários e curadores de suas heranças procuram evitar que a verdade chegue aos jornais. Embora reis, políticos e membros da alta sociedade sempre tenham sido fonte de notícias e fofocas, hoje a mídia transforma muitas figuras públicas em artistas, de certa maneira, cuja imagem precisa ser “administrada” mesmo após sua morte. No entanto, como observou o escritor irlandês Percival Arland Usher, “um homem não morre de amor, do fígado ou mesmo de velhice — ele morre de ser homem”.

Fica, portanto, em destaque o fato de que os homens fazem parte da história, inclusive morrendo, enquanto Deus se mostra como Senhor dela.
No caso de Eliseu, a Escritura não maquiou nenhum detalhe da sua morte, mas mostrou como Deus foi glorificado, mesmo na morte desse homem de Deus (2 Rs 13.14-25).

A doença terminal de Eliseu

A velhice de Eliseu = Um bom tempo já havia se passado desde a última aparição do profeta de Abel-meolá no registro bíblico (2 Rs 9.1). De fato entre os capítulo 9 e 13 de 2 Reis há um intervalo de aproximadamente quarenta anos. Os estudiosos acreditam que por essa época Eliseu deveria estar com a idade aproximada de oitenta anos.

Eliseu fora chamado quando ainda era jovem, mas agora estava velho e doente. Às vezes idealizamos de tal forma os homens de Deus que acabamos esquecendo que eles são humanos. Envelhecem, adoecem e também morrem. O texto bíblico deixa patente o lado humano do profeta. Fora um grande homem de Deus e ainda o era, com tudo isso era um homem.

O sofrimento de Eliseu = O mesmo texto que trata da doença e velhice de Eliseu fala também do seu sofrimento (2 Rs 13.14; 20). Eliseu estava doente (hb. choliy), e isso sem dúvida lhe causava algum sofrimento. E muito difícil dizer que Eliseu padeceu, mas não sofreu.

Mas o foco aqui não é o sofrimento em si, mas como Deus trata o profeta nesse momento de sua vida e como ele responde a isso. Mesmo alquebrado pelos anos, Eliseu continuava com o mesmo vigor espiritual de antes. Possuía ainda a mesma visão da obra de Deus. Em nada a doença, sofrimento ou quaisquer outras coisas impediu-o de continuar sendo uma voz profética.

No livro de minha autoria, A Prosperidade à Luz da Bíblia (CPAD, 2012), refutei a crença dos teólogos da Confissão Positiva acerca do sofrimento. Para esses mestres, os crentes não precisam mais sofrer, pois segundo eles, todo sofrimento já foi levado na cruz do calvário e o Diabo deve ser responsabilizado por toda e qualquer situação de desconforto entre os crentes. Aqui há uma clara influência da Ciência Cristã que também não admitia a existência do sofrimento. A Bíblia diz que o cristão não deve temer o sofrimento nem tampouco negá-lo (Cl 1.24; Tg 5.10).

John Ankerberg e Dillon Burroughs (2010, p.53), escrevem que:
O sofrimento geralmente não é uma experiência agradável.

No entanto, o bem pode ser encontrado em tempos de sofrimento, até mesmo nas situações mais extremas. Em nosso livro Defending Your Faith (Defendendo a sua Fé), compartilhamos algumas razões por que às vezes as pessoas experimentam o sofrimento:

• Para nos tornarmos exemplos para os outros.
• Para melhor nos compadecermos dos outros.
• Para permanecermos humildes
• Como uma ferramenta de aprendizado.
• Para dependermos do poder de Deus.

• Para crescermos no nosso relacionamento com Cristo (desenvolvendo o fruto do Espírito — Gálatas 5.22,23).
• Para revelar a necessidade da disciplina de Deus em nossa vida.

• Para promover a obra de Cristo (quando os maus tratos a um missionário abrem oportunidades para impactar outros com o amor de Cristo).

Um grande exemplo pode ser encontrado em Filipenses 1.12-14, onde lemos: “Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”.

Ainda nessa obra, em um capítulo onde procurei mostrar a melhor interpretação das palavras do apóstolo Paulo em Filipenses 4.13, tratei mais exaustivamente sobre a questão das adversidades da vida: “Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.

Não digo isto como por necessidade, porque aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também vós, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica.

Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.10-19).

Aqui estão as palavras que tem sido o carro-chefe do triunfalismo
neopentecostal: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fp 4.13). Estas palavras foram escritas pelo apóstolo Paulo e endereçadas à igreja de Filipos por ocasião de sua segunda viagem missionária (At 16.6-40).

Os estudiosos da Bíblia estão de acordo que o apóstolo endereçou essa carta à igreja de Filipos por ocasião de seu aprisionamento em Roma. Mas o que essas palavras de Paulo significam não tem tido o mesmo consenso entre os evangélicos. O sentido mais popular dado a ela expõe mais presunção do que confiança; mais triunfalismo do que uma verdadeira fé.

Fora do seu contexto, o entendimento que lhe é atribuído é que o crente pode possuir o que quiser, já que é Deus quem lhe garante isso. “Tudo posso” ganhou o sentido de “Tenho Posse”. Passa, então a ser usado como um mantra que garante a conquista de bens materiais seja em que condição for. Mas será esse o real sentido desse versículo?

Como já vimos, uma das regras básicas dos princípios de interpretação da Bíblia é a análise do contexto da passagem que se está estudando. A grande maioria dos erros doutrinários surge por conta da violação desse princípio. O texto ora em estudo não foge a essa regra.

Quando alguém usa as palavras de Paulo para justificar uma vida em total saúde e riqueza e isenta de problemas, evidentemente que está fazendo uso indevido do pensamento do apóstolo. Isso por uma razão bastante simples — antes de declarar sua total suficiência em Cristo, o apóstolo diz: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12).

Somente após afirmar que passou por situações mais adversas nas quais viveu em escassez e em outras nas quais experimentou abundância é que ele diz poder todas as coisas naquEle que o fortalecia. Ao estudar exaustivamente as palavras de Paulo em sua carta aos filipenses, o erudito William Hendriksen (2005, p.593) destacou que: “Paulo não é nenhum presunçoso para proclamar: ‘Eu sou o capitão da minha vida’.

Nem tampouco é um estoico que, confiando em seus próprios recursos, e supostamente imperturbável ante o prazer ou dor, busque com todas as suas forças supor, sem a menor queixa, sua irremediável necessidade. Conhece (pessoalmente) tanto as alegrias quanto as aflições, e aprendeu a permanecer contente. Seu contentamento, porém, tem sua razão em um outro, além de si mesmo.

O verdadeiro Manancial ou Fonte da suficiência espiritual de Paulo está mencionado no versículo 13. E essa fonte jamais secará, não importa quais forem as circunstâncias (...) aqueles que rejeitam a Cristo não podem compreender como um cristão pode permanecer calmo na adversidade e humilde na prosperidade.”

Dizer, portanto, que Paulo “deu a volta por cima” é forçar a Escritura dizer uma coisa que ela não diz. Paulo não serve como exemplo de alguém que começou pobre e terminou rico. Paulo nunca se preocupou por estar por baixo e também nunca se preocupou em ficar por cima. Paulo começou seu ministério fazendo tendas, que era um trabalho duro (At 18.3), e terminou em uma prisão em Roma (Fp 3.12; At 28.30).

A prosperidade do apóstolo não dependia da abundância ou escassez de bens materiais, mas da sua suficiência em Cristo.

Hendrikson resume as palavras do apóstolo nesse contexto como segue:

1. Viver em circunstâncias de apertura = O apóstolo de fato sabia o que era passar necessidade (At 14.19; 16.22-25; 17.13; 1812; 20.3; 21—27; 2 Co 4.11; 6.4,5; 11.27,33). Ele sabia o que era fome, sede, jejum, frio, nudez, padecimentos físicos, tortura mental, perseguição, etc.

2. Ter fome = Fome e sede são com frequência mencionadas juntas (Rm 12.20; 1 Co 4.11; 2 Co 11.27; cf. como anseio espiritual: Mt 5.6).

3. Ter carência = O apóstolo, com frequência, não tinha o necessário. Sua falta de conforto era tanta, que sua situação chegava à mais dura penúria. Todavia, nenhuma dessas coisas o privou de seu contentamento.

4. Ter fartura = Antes de sua conversão, Paulo era um fariseu preeminente. O futuro se lhe divisava brilhante e promissor. Paulo possuía abundância, e isso de várias maneiras. Todavia, ele tinha carência do tesouro mais precioso: a paz centrada em Cristo.

Para o apóstolo, a sua prisão estava sendo uma fonte de bênçãos para o progresso do evangelho da mesma forma que a sua liberdade havia sido (Fp 1.13,14). O que importava naquele momento não era uma conquista pessoal, mas ser Cristo Jesus engrandecido pelo seu testemunho, mesmo que esse fosse dado de dentro de uma masmorra.

Não vemos em Paulo um escapismo triunfalista que nega o sofrimento através da confissão positiva do tipo “tudo posso, tudo posso!”. Nem vemos lamentando tampouco por Deus haver permitido tal situação. O que prevalece é o contentamento em tudo!
Somente pessoas amadurecidas na fé são conscientes de que a alegria espiritual pode brotar em meio ao sofrimento (2 Co 12.10).

O expositor bíblico R.C. Sproul (199, p.305,306), comenta que: “As vezes, a presença da dor em minha vida traz o beneficio prático de me santificar. Deus trabalha em mim através da aflição. Por mais desconfortável que a dor possa ser, sabemos que as Escrituras nos dizem constantemente que a tribulação é um meio pelo qual somos purificados e conduzidos a uma dependência mais profunda de Deus.

Há um benefício a longo prazo que presumivelmente perderíamos não fosse pela dor que somos chamados a “suportar por um pouco”. As Escrituras nos dizem para suportar por um pouco, porque a dor que experimentamos agora não pode ser comparada com as glórias reservadas para nós no futuro. Do outro lado, o prazer pode ser narcótico e sedutor, de modo que quanto mais o apreciamos e mais o experimentamos, menos conscientes nos tornamos de nossa dependência e necessidade da misericórdia, auxílio e perdão de Deus.

Prazer pode ser um mal disfarçado, produzido pelo Diabo para nos levar à ruína final. Essa é a razão porque a procura do prazer pode ser perigosa. Quer experimentando dor ou prazer, não queremos perder Deus de vista, e nem a necessidade que temos dele.

A profecia final de Eliseu

A ação de Deus na profecia Hoje está na moda o famoso jargão: “Eu profetizo sobre a tua vida”. Esse jargão é muito bonito e vem vestido de roupagens espirituais, mas não passa de uma presunção humana. Isso por uma razão bem simples: nenhuma profecia, que se ajuste ao modelo bíblico, tem seu ponto de partida na vontade humana (2 Pe 1.20,21). Esse fato é demonstrado pela expressão: “Assim diz o Senhor” (2 Rs 2.21; 3.16). As palavras de Eliseu: “Flecha da vitória do

Senhor ” (2 Rs 13.17), possui sentido semelhante. A profecia tem sua origem em Deus e não no homem. Eliseu não profetizou antes para depois se inspirar, mas foi primeiramente inspirado para depois profetizar (2 Rs 3.15).

Infelizmente há pregadores que se passam por profetas tomando como ponto de partida em suas mensagens não mais as Escrituras Sagradas, mas o ocultismo ensinado na Cabala, no judaísmo rabínico e em diversos livros apócrifos. Para esses “profetas” o mundo espiritual é formado por ciclos que se materializam neste mundo físico. Dessa forma alegam que quando Deus criou o mundo, passou-se o primeiro, o segundo, o terceiro dia até chegar ao ciclo completo que é o sábado! Depois do sábado o ciclo começa novamente! Para eles, a Bíblia é cheia de códigos e esse arranjo matemático provaria que o ciclo muda a cada “sete”, sendo que esse “sete” seria o número de Deus enquanto o seis seria o número do homem!

Fundamentado nesse artifício, que não tem uma só letra do Novo
Testamento a seu favor, derramam suas falsas profecias do tipo: “Daqui a cinquenta dias algo tremendo vai acontecer em sua vida”.

A propósito, Wayne Grudem (2004, pp.232,233) faz uma importante
observação sobre o profetizar no Novo Testamento: “No NT, a palavra “profeta” parece não descrever oficio formalmente reconhecido ou posição. Em vez disso, é um termo funcional. Os que profetizam regularmente são chamados de profetas. Contudo, mesmo quem não profetiza com regularidade podia profetizar ocasionalmente.”

A participação humana na profecia = Vimos que uma profecia genuinamente bíblica tem sua origem em Deus. Todavia a Escritura mostra que existe também a participação do homem nesse processo. A indignação de Eliseu deixa clara a sua decepção com a falta de discernimento do rei. Faltou ao rei Jeoás a fé! Ele não percebeu que não se tratava de um mero ritual no qual ele teria apenas uma participação técnica. A sua vitória seria do tamanho da resposta que ele desse ao profeta.

Deveria ter ferido a terra cinco ou seis vezes, mas fez apenas três. Uma fé tímida obtém uma vitória pela metade. O escritor C. Samuel Sorms, pertencente ao Movimento Terceira Onda, põe esse fato sobre a profecia em destaque quando diz: “A chave se acha em reconhecer que, com cada profecia, existem quatro elementos, dos quais somente um é seguramente da parte de Deus: existe a revelação propriamente dita; existe a percepção ou recepção, por parte do crente, daquilo que foi revelado; existe a interpretação daquilo que foi revelado, ou a tentativa de averiguar seu significado; e existe a aplicação daquela interpretação.

Deus é responsável exclusivamente pela revelação. Tudo quanto ele desvenda diante da mente humana é totalmente isento de erro. E tão infalível quanto o próprio Deus. Não contém nenhuma falsidade; é totalmente verdadeiro em todas as suas partes. Realmente, a revelação, que é a raiz de toda expressão verbal profética genuína, é tão inerrante e infalível quanto a própria Palavra de Deus registrada por escrito (a Bíblia). Em termo de revelação somente, o dom profético no NT não difere em nada do dom profético no AT.

O erro entra quando o ser humano que recebe a revelação de Deus a percebe, a interpreta  ou a aplica erroneamente.
O fato de Deus ter falado de modo perfeito não significa que os seres humanos escutaram de modo perfeito. E possível que interpretem e apliquem, sem erro, aquilo que Deus revelou. Mas a mera existência de uma revelação divina não garante, por si só, que a interpretação ou aplicação da verdade revelada por Deus compartilhará daquela mesma perfeição.”7

O último milagre de Eliseu

A eternidade e fidelidade de Deus = É interessante observarmos que o último milagre de Eliseu se deu postumamente. Eliseu já estava morto quando ocorre algo envolvendo seus restos mortais que desafia toda a razão humana (2 Rs 13.19,20). Essa passagem revela pelo menos dois aspectos dos atributos de Deus — em primeiro lugar ela mostra que Deus é eterno.

A. W.Tozer (2000, pp.l 1,12) chamou a atenção para esse fato quando comentou o texto bíblico: “Como fui com Moisés, assim serei contigo”.

Tozer destacou que: “A incondicional prioridade de Deus em seu universo é uma verdade no Antigo e no Novo Testamentos.

O profeta cantou essa verdade em linguagem de êxtase: ‘Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, ó meu Santo? O apóstolo João a expõe com cuidadosas palavras de denso significado: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.

Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. [...] Não podemos pensar certo sobre Deus enquanto não começamos a pensar nEle como estando sempre ali, e ali primeiro, sempre existente antes de tudo mais. Josué teve que aprender isso. Ele fora servo de Moisés, servo de Deus, e com tanta segurança recebera em sua boca a Palavra de Deus, que Moisés e o Deus de Moisés se fundiram na mente dele, em fusão tal que ele mal podia separar os dois pensamentos; por associação sempre apareciam juntos em sua mente.

Agora Moisés estava morto e, para que o jovem Josué não seja abatido pelo desespero, Deus lhe fala para dar-lhe segurança: ‘Como fui com Moisés, assim serei contigo. “Moisés estava morto, mas o Deus de Moisés continuava vivo. Nada mudara e nada se perdera. De Deus nada morre quando morre um homem de Deus.”

Em segundo lugar, a Escritura revela aqui a Fidelidade de Deus.
Aquilo que Ele prometeu, Ele cumpre, mesmo quando as circunstâncias parecem dizer o contrário.

Ao permitir que o toque nos restos mortais de Eliseu desse vida a um morto, Deus mostrava ao rei Jeoás que a morte de Eliseu não iria impedir aquilo que há algum tempo ele havia prometido a ele. Deus é fiel e vela sobre a sua palavra para a cumprir.

A honra de Eliseu = Mas além da fidelidade e eternidade de Deus que ficam bem patentes nesse último milagre de Eliseu, há ainda mais uma lição que o texto deixa em relevo. Aqui é possível perceber que mesmo morto, o nome de Eliseu continuaria sendo lembrado como um homem de Deus. Elias subiu ao céu vivo. Eliseu deu vida mesmo estando morto. Os intérpretes destacam que esse milagre de Eliseu mostra que o Senhor possui planos diferenciados para cada um de seus filhos e que, portanto, não devemos fazer comparações nem questionar os atos divinos (Jo 21.19-23). A Bíblia fala de homens cujas ações continuam falando mesmo depois de suas mortes (Hb 11.4).

O legado de Eliseu

Legado sócio-cultural = Já estudamos que Eliseu supervisionava a escola de profetas (2 Rs 6.1). Esse sem dúvida foi um dos seus grandes legados. Todavia Eliseu fez muito mais. Ele teve uma participação ativa na vida social da nação.

Enquanto Elias era um profeta do deserto, Eliseu teve uma atuação mais urbana. Eliseu tinha acesso aos reis e comandantes militares e possuía influência suficiente para deles pedir algum favor (2 Rs 4.13). Como povo de Deus não podemos viver isolados da vida social da nação, mas aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos.

Legado espiritual = Há uma extensa lista de obras e milagres operados através do profeta Eliseu. Sem dúvida eles demonstram seu grande legado espiritual. Podemos enumerar alguns aqui: Abertura do Jordão (2 Rs 2.13,14); a purificação da nascente de água (2 Rs 2.19-22); O azeite da viúva (2 Rs 4.1-7); o filho da sunamita (2 Rs 4.8-37); a panela envenenada (2 Rs 4.38-41); A multiplicação dos pães e das sementes (2 Rs 4.42-44); a cura de Naamã (2 Rs 5); o machado que flutuou (2 RS 6.1-7); o caso de Dotã (2 Rs 6.11-23); escassez e festa em Samaria (2 Rs 6.24—7.20); revelação a Hazael (2 Rs 8.7-15); profecia ao rei Jeoás (2 Rs 13.14-19) e a ressurreição de um homem (2 Rs 13.21).

CONCLUSÃO

Assim termina a vida do profeta de Abel-meolá. Um grande homem de Deus que nunca deixou de ser servo. Começou pondo água nas mãos de Elias (2 Rs 3.11), um gesto claro de sua presteza em servir, e terminou sendo exaltado por Deus.
Mesmo sem ter escrito uma linha, se levanta como um dos maiores profetas bíblicos de todos os tempos. Deixou sua marca na História, mas em nenhum momento atraiu para si a atenção pelos milagres feitos. Deus a quem ele amava e servia era sua fonte de satisfação. Devemos imitá-lo nisso.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus


BIBLIOGRAFIA

1 - LARGO, Michael. Assim Morreram Os Ricos e Famosos — como foi a morte das grandes personalidades da história. Ed. Larousse, São Paulo,
2008.

2 - ANKERBERG, John 8c BURROUGHS, Dillon. Por que Deus permite o
Sofrimento e o Mal? São Paulo: Ed. Holy Bible.

3 - HENDRIKSON, William. Comentário do Novo Testamento — Efésios e Filipenses. Ed. Cultura Cristã, 2005.

4 - Idem, p. 594.

5 - SPROUL, R.C. Boa Pergunta — mais de 300 perguntas sobre fé e vida respondidas com honestidade e clareza. Ed. Cultura Cristã, 1999.

6 - GRUDEM, Wayne. O Dom de Profecia — do Novo Testamento ao nossos dias. Editora Vida.

7 - SORMS, C. Samuel. In: Cessaram os Dons Espirituais? — quatro pontos de vista. Org. Wayne Grudem. Editora Vida.

8 - TOZER, A. W. A Conquista Divina: a necessidade de ter Cristo como
Senhor na vida. Editor Mundo Cristão, São Paulo, 2000.


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