NEEMIAS LIDERA
UM GENUÍNO AVIVAMENTO
TEXTO
ÁUREO
- “E Esdras, o sacerdote, trouxe a Lei perante a congregação [...] E leu nela
[...] desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os
ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne 8.2,3).
VERDADE
PRÁTICA - Somente
o genuíno ensino da Palavra de Deus é capaz de produzir um verdadeiro
avivamento.
INTRODUÇÃO
O AVIVAMENTO QUE
VEM PELO ENSINO
Só o ensino genuíno da Palavra de
Deus produz verdadeiro avivamento no meio da igreja local. Nos nossos dias, há
uma onda de movimentos evangelísticos produzidos por ação humana com o objetivo
de atrair multidões ávidas por novidades e modismos. Tais movimentos carecem da
base fundamental e consistente, que é o ensino da Palavra de Deus.
Todos os verdadeiros avivamentos
na história do povo de Israel e no seio da Igreja, ao longo dos séculos, só
tiveram resultados duradouros quando começaram e prosseguiram alicerçados na
Palavra de Deus. Avivamentos sem a Palavra de Deus são apenas movimentos que
passam com o tempo e não geram mudanças significativas na vida e no
comportamento das pessoas envolvidas. O avivamento, no tempo de Neemias, teve a
marca do ensino da Palavra de Deus.
Neemias, o líder da reconstrução,
e Esdras, o sacerdote, eram homens que se dedicavam ao estudo da Palavra do
Senhor. Ao reunirem o povo na praça principal da cidade, sem meios de
transmissão da mensagem, deve ter sido uma tarefa extraordinária e dificil, mas
eles o fizeram. Repassaram para o povo o conteúdo da lei do Senhor para a vida
dos habitantes de Jerusalém. Eles não tinham preocupação com a oratória, nem
com a retórica nem com a eloquência do discurso.
Simplesmente leram a palavra de
modo didático, pausadamente, para que o povo entendesse o que Deus requeria dos
que o serviam naquele momento crucial para a história de Israel após anos e
anos de cativeiro em terra estranha. Diz o texto: “E leu nela, diante da praça,
que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio- dia, perante
homens, e mulheres, e entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos
ao livro da Lei. (Ne 8.3). Além da leitura, havia a explicação do significado
de cada expressão. O povo entendeu, e como resultado, sobreveio poderoso
avivamento no meio deles. Houve um quebrantamento verdadeiro, e não um simples
remorso. Houve alegria, festa, e o povo se dispôs a trabalhar na reconstrução.
Um Verdadeiro
Culto de Doutrina
Reunidos
para ouvir a palavra.
Diante do que Deus fizera através do esforço denodado dos israelitas, sob a liderança
de Neemias, na edificação dos muros em redor do Templo, o povo sentiu
necessidade de ter sua edificação espiritual também. Como foi dito
anteriormente, não adiantaria um templo lindo com admirável beleza
arquitetônica se o povo não tivesse o temor de Deus, um quebrantamento para
adorar ao Senhor. Templo sem a presença de Deus é corpo sem alma, sem espírito.
O texto bíblico nos revela que
houve uma fome e uma sede de ouvir a Palavra de Deus. “E chegado o sétimo mês,
e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um
só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba,
que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel”
(Ne 8.1). Ali, na praça principal, “diante da Porta das Águas”, iniciou-se um
poderoso avivamento na história de Jerusalém.
O Templo construído, os muros
restaurados. Os arautos tocavam suas trombetas convocando os habitantes de
Jerusalém e cidades vizinhas para um grande evento no centro da cidade. Certamente
a praça estava arborizada. Havia um cenário apropriado para a grande reunião
festiva em que todo o povo se deslocou dos lugares onde habitavam para chegar
ao centro de Jerusalém.
Não era para assistir a um show
de grupos musicais nem ouvir um artista da época, mas o ajuntamento
impressionante acontecera para que o povo ouvisse a Palavra de Deus. Se fosse
hoje, aquele grande evento teria a cobertura de alguns órgãos da imprensa.
“...o povo se ajuntou como um só homem.” Isso nos fala não só de reunião, mas
de união e integração do povo de Israel, a fim de ouvir a Palavra de Deus.
Hoje, em algumas igrejas, há
pouca participação dos membros nos cultos de ensino da Palavra de Deus.
Reuniões de estudo da palavra são desprezadas por grande parte dos crentes,
sobretudo dos mais jovens. No entanto, quando se anuncia a presença de um
cantor famoso faltam lugares para os espectadores. Isso é sintoma de fastio da
Palavra. É sintoma de doença espiritual de extrema gravidade. O crente que ama
a Deus ama a sua Palavra. Disse o salmista:
“Oh! Quanto amo a tua lei! É a
minha meditação em todo o dia!”
(SI 119.97).
Esdras
traz o livro da lei de Deus. O povo, sofrido, após anos de
cativeiro, tinha sede de ouvir a Palavra de Deus (Am 8.11). Esdras, o escriba,
levou o livro para a praça. Na verdade, era um grande rolo, provavelmente de
pergaminho, que seria desenrolado pouco a pouco, à proporção que o sacerdote
fizesse a leitura dos textos da lei (Ne 8.2). Não foi feita uma leitura rápida
do livro. Esdras o leu, pausadamente, para que todo o povo entendesse bem o
ensino que seria ministrado. Durante cerca de seis horas, das seis da manhã até
ao meio-dia, foi feita a leitura do livro da lei.
O
povo estava atento à leitura da palavra. “E leu nela, diante da praça, que está
diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e
mulheres, e entendidos; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da
Lei. (Ne 8.3). Podemos imaginar o que estava acontecendo, enquanto Esdras lia o
livro da lei. Homens, mulheres, adultos e jovens, todos voltados em direção ao
púlpito, ouvindo com muita atenção cada palavra que era lida perante todos.
O sacerdote-escriba estava de pé,
sobre um púlpito de madeira, para melhor se fazer ouvir pelo povo. A seu lado,
à direita, estavam homens de confiança, líderes auxiliares, que compunham “o
ministério local” (Ne 8.4). Vale a pena lembrar que a leitura e explicação dos
textos do livro duraram sete dias, durante seis horas por dia (Ne 8.3,18).
O clima era de reverência, de
respeito e atenção à Palavra de Deus. As pessoas não ficavam andando de um lado
para o outro, nem conversando distraídas. Todos queriam ouvir e entender a
mensagem de Esdras. Quando Esdras abriu o livro, todo o povo se pôs em pé em
reverência à leitura da Palavra de Deus (Ne 8.5). Certamente esse é um
fundamento bíblico para o saudável hábito de se colocar de pé quando é lida
Palavra de Deus. Esse deve ser o comportamento dos crentes em Jesus nas igrejas
locais. Alguém pode escutar, mas não ouvir a leitura da Palavra e sua
explicação por estar desatento durante a ministração.
O Povo Adorou a
Deus
Um culto avivado. Culto de
doutrina sem adoração não atende aos requisitos do verdadeiro culto a Deus.
Cultuar significa adorar. Por ocasião da leitura do livro da Lei, o escriba
louvou a Deus e foi correspondido pelo povo que o acompanhou na adoração a Deus
com júbilo e louvor, cantando e se expressando com decência e ordem (1 Co
14.40).
Diz o texto: “E Esdras louvou o
Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! —, levantando as
mãos; e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra” (Ne 8.6). À
proporção que a palavra era ministrada, o povo se enchia de júbilo e de
satisfação. Vendo a alegria da multidão, ali, em pé, em plena praça, atenta, dando
ouvido à ministração da Palavra de Deus, Esdras louvou ao Senhor. E o fez com
brados de “Amém!”, “Amém!”, enquanto levantavam as mãos para o alto.
Sem dúvida, dá para imaginar um
espetáculo de rara beleza plástica, como uma coreografia santa no levantar das
mãos em glorificação a Deus. Muitas pessoas foram de todas as cidades, e não
apenas os habitantes de Jerusalém. Provavelmente, para que o povo ficasse durante
seis horas “desde a alva até ao meio-dia” (Ne 8.3), a reunião não foi monótona
como ocorre em muitos cultos em que o povo dorme de tédio ou de apatia durante
uma mensagem sem graça e sem unção. Podemos crer que houve, de fato, um culto
de doutrina pleno de avivamento e glorificação intensa.
Com o rosto em terra. O povo de
Deus é o único que dá glória ao seu nome. É um dever glorificar a Deus. Bater
palmas é uma opção adotada em algumas igrejas. Mas dar glória a Deus é uma
obrigação, um dever: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai o
Senhor na beleza da sua santidade. Além de louvar, o texto diz: “e
inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra... E no seu templo cada
um diz: Glória!” (Sl 29.2,9).
Estátuas não adoram a Deus. Os
que participavam daquele culto avivado de doutrina demonstraram a sua alegria e
a sua reverência, inclinando-se diante do altar de Deus “com o rosto em terra”.
Poder- se-á indagar: Para que isso? Para que esse gesto estranho de se colocar
o rosto em terra? Não era um modismo, contudo uma maneira de se expressar comum
adoração a Deus ante a sua majestade e poder.
O povo de Israel, em suas
jornadas, sempre expressou reverência e adoração, curvando-se diante do Senhor,
inclusive com o rosto em terra. “E todos os filhos de Israel, vendo descer o
fogo e a glória do Senhor sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra
sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o Senhor, porque é bom, porque a sua
benignidade dura para sempre” (2 Cr 7.3; ver 2 Cr 20.18; Lc 17.16). Diante do
fogo e da glória do Senhor, quem pode permanecer de pé? Deve-se entender que
orar “com o rosto em terra” não é uma doutrina, nem uma obrigação. É algo que
pode ser feito com decência e ordem, respeitando-se à liturgia e à liderança da
reunião e da igreja local.
Devemos observar, no texto em
apreço, que não havia qualquer exagero ou descontrole nas expressões corporais
dos adoradores. Hoje há um verdadeiro abuso em determinadas reuniões. Existem
pessoas que confundem o espiritual com o emocional, chegando às raias do
irracional. Em determinadas igrejas, principalmente as neopentecostais, acontecem
verdadeiros absurdos, como pessoas correndo dentro das igrejas, pulando
descontroladamente, sapateando, quem sabe até se contorcendo e se dizendo
cheias do poder de Deus.
Muitas, na verdade, estão se
exibindo, buscando chamar a atenção para si. Isso não glorifica nem bendiz ao
Senhor (Si 103.1), é puro emocionalismo. Não se deve ficar como “uma estátua de
sal” no momento do louvor, as mãos podem ser levantadas, talvez em algumas
ocasiões até se prostrar com o rosto no chão em razão do poder que está sendo
derramado sobre todos, mas não se deve cair no descontrole dos gestos e das
emoções.
Quem não ouviu falar na “unção do
riso”, que pessoas passavam a rir de forma estranha e sem controle? Muitas, às
gargalhadas, saiam correndo e pulando. Em um determinado vídeo pude observar
que um homem, sob efeito de sugestão emocional, corre e pula sobre o púlpito!
Isso é espiritual? À luz da Bíblia, certamente não. Esse movimento foi
desmascarado por alguns de seus fundadores, que relataram o clima da manipulação
psicológica que dominava tais expressões de falsa espiritualidade.
O Ensino Base
para o Avivamento
Na época do rei Josafá, houve um
grande avivamento em Israel. Essa renovação começou com a retirada dos ídolos,
seguindo-se um grande mutirão de ensino em todo o país (2 Cr 17.7-9). Com a
liderança de Neemias não foi diferente. O avivamento fundamentou-se no ensino
da Palavra de Deus.
Homens
preparados para o ensino. “E Jesua, e Bani, e Serebias, e Jamim, e Acube, e
Sabetai, e Hodias, e Maaséias, e Quelita, e Azarias, e Jozabade, e Hanã, e
Pelaias, e os levitas ensinavam ao povo na Lei; e o povo estava no seu posto”
(Ne 8.7). Eram treze ensinadores ou instrutores designados para ministrar o
ensino nas diversas cidades, além dos levitas, que eram sacerdotes auxiliares
junto ao Templo.
Havia naquela época, muitas
pessoas preparadas para ensinar o povo. Esdras construiu o Templo; Neemias
liderou a restauração dos muros. Era a prioridade visível. Sem muros, o Templo
não funcionaria bem por causa dos inimigos que sempre assaltavam a cidade.
A fim de que haja ensino, é
desejável e necessário que se tenha um ambiente apropriado com o mínimo de
infra-estrutura. Como há via ulna estrutura adequada, Neemias convocou Esdras
para estar ao seu lado dirigindo o ensino da Palavra com a ajuda de homens
preparados para a grande missão de ensinar o povo. Eles “ensinavam o povo na
Lei”, ou seja, no PentateucO ou na Torah, a lei de Deus.
Exemplo para as igrejas. É um
ótimo exemplo para as igrejas nos dias presentes, pois, hoje, há muitos
pregadores, preletores e cantores, mas faltam ensinadores, pessoas dedicadas ao
ensino da Palavra. A princípio, todo líder ou pastor deve ser apto ao ensino.
Paulo declara: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm 2.2).
Contudo, existem pessoas na
igreja que têm mais habilidade concedida por Deus para se dedicar ao ensino.
“Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm
12.7). É importante que nas igrejas sejam promovidos seminários, cursos e
outros eventos que tenham como objetivo preparar homens e mulheres capacitados
para ensinar. Os desafios ao bom ensino hoje são maiores do que no tempo de
Neemias,
As igrejas locais estão repletas
de membros jovens e estudantes, que trazem questionamentos complexos para as
igrejas, e, na maioria das vezes, não encontram respostas adequadas. Imaginemos
o que dirão alguns homens de Deus se forem questionados sobre transexualidade
ou transgenitalídade.
O que ensinar, à luz da Bíblia,
sobre gravidez substituta ou “barriga de aluguel”? Sobre células-tronco e
outros temas polêmicos? Nenhum obreiro é obrigado a ser especialista nesses
assuntos da bioética. E o que dizer acerca do que os crentes acompanham na
internet? Talvez seja até pior do que o que veem na televisão. Para tanto, é
necessário que haja ensino sobre tais temas a fim de que a igreja seja
fortalecida na fé.
O Entendimento
da Palavra Gerou o Avivamento
“E Neemias (que era o tirsata), e
o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a
todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não vos
lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei”
(Ne 8.9).
O
ensino significativo.
“E leram o livro, na Lei de Deus, e 4cla- rando e explicando o sentido, faziam
que, lendo, se entendesse?’ (Ne 8.8). O ponto fundamental que provocou o
avivamento no coração do povo foi o fato de os ensinadores ou mestres terem
tido o interesse, o cuidado e a paciência de não só lerem o livro, mas
traduzirem as palavras diante do povo, “declarando e explicando” cada texto
exposto. Eles não tinham pressa em simplesmente cumprir uma obrigação. Tinham
zelo em fazer o povo apreender o conteúdo ensinado.
Segundo estudiosos, uma parte do
povo que viera do cativeiro não falava nem entendia o hebraico. Falavam
aramaico. Assim, os ensinadores e os levitas liam em hebraico e faziam a
tradução para a língua do povo. Era um exercício edificante, de homilética,
exegese e de hermenêutica ao mesmo tempo. A mensagem era lida, ensinada e
aplicada à realidade vivenciada pelos que a ouviam.
O
ensino provocou quebrantamento. “E Neemias (que era o tirsata), e o
sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a todo
o povo: Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não vos
lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei”
(Ne 8.9). Que exemplo! Neemias era o “tirsata” ou o governador, Esdras o
escriba e sacerdote. Ambos estavam a postos coordenando toda a atividade do
ensino, durante uma semana, seis horas por dia, incansavelmente!
A compreensão do que fora ensinado
provocou lágrimas sinceras que partiam do íntimo das pessoas comovidas com a
mensagem que no cativeiro não tiveram oportunidade de ouvir. Isso é exatamente
o que acontece ao pecador quando dá crédito à Palavra de Deus. No mundo, no
cativeiro espiritual, jamais podem ouvir e entender a Palavra de Deus. Ali, no
meio da praça de Jerusalém, ocorria uma das maiores conferências bíblicas e
teológicas de que se tem conhecimento.
Hoje, compreende-se a reunião de
grandes multidões, pois há espaços adequados em grandes auditórios climatizados,
centros de convenções, equipamentos de som e imagem que prendem a atenção de um
grande público.
No entanto, na época de Neemias,
uma multidão, desde as primeiras horas do dia até o meio-dia se dispõe a ouvir
não um grande preletor de fama nacional ou internacional, nem um grande cantor
ou cantora. Estavam ali atentos para ouvir a Palavra de Deus. Jesus disse:
“Antes, bemaveflturad0s os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc 11.28).
Eles tinham fome e sede da Palavra.
Alguns trechos da lei que eram lidos
para o povo continham terríveis condenações de Deus ao pecado da desobediência.
Ao serem lidos, provocaram grande temor e tremor nos corações. Não era simplesmente
emoção mas quebrantamento sincero. As lágrimas do povo revelavam profunda
tristeza pelos pecados cometidos. As explicações de Esdras, de Neemias, dos demais
instrutores e dos levitas calavam fundo na alma dos ouvintes. A Bíblia diz:
“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual
ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Co
7.10; Jo 16.20).
A Alegria do
Senhor É a Força dos Salvos
“Comei as gorduras, e bebei as
doçuras” (Ne 8.1Oa). Certamente, no final da grande reunião, no último dia da
ministraçãO da palavra, o povo estava no auge de suas emoções ao ouvir e
entender o ensino. Sua alma estava saciada com as porções espirituais que lhe
foram ministradas ao longo daquela grande conferência bíblica. A Bíblia diz:
“Porque o ouvido prova as palavras como o paladar prova a comida” (Jó 34.3).
Após um grande banquete
espiritual com o alimento da Palavra, Neemias disse ao povo que fosse comer as
gorduras e beber as doçuras. Provavelmente, fosse um convite a um banquete
literal de comida típica daquela época. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal,
“os judeus gostavam muito de alimentos preparados com bastante gordura e
bebidas bem doces. Muitos dos vinhos antigos eram fervidos e concentrados até
ficarem doces e espessos, como mel ou geleias. Tinham que ser bem diluídos para
serem consumidos”.
“E enviai porções aos que nada
têm preparado para si” (Ne 8.10b). O povo judeu em seus dias de vitória tinha o
costume de promover grandes festas com muita comida, bebida, e também tinha o
hábito de enviar presentes aos seus concidadãos numa expressão de alegria e
generosidade. No livro de Ester, temos exemplo dessa prática festiva.
Quando os judeus derrotaram seus
inimigos no tempo da rainha Ester, houve grandes manifestações de festas em
todos os lugares: “... como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus
inimigos e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria e de luto em dia de
folguedo; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria e de mandarem
presentes uns aos outros e dádivas aos pobres” (Et 9.22).
Na época de Neemias não poderia
ser diferente, e até com muito mais razão. O povo experimentara 70 anos de
cativeiro. Após sua libertação, puderam ver a mão de Deus operando em seu
favor, usando reis, exércitos e muitos outros homens. A alegria era indizível,
O líder exortou-os a se alegrarem, mas sem egoísmo e individualismo.
Talvez houvesse alguém que não
tivera a oportunidade de participar das solenidades santas e de ouvir a leitura
e a explicação da lei do Senhor. Havia pobres entre os seus irmãos. E, numa
demonstração de amor generoso, foram exortados a enviar-lhes porções das
iguarias de sua festa. A fé salvífica é também fé compassiva. Tiago declara que
a fé sem as obras é morta (Tg 2.20).
“A
alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10 c). O povo estava
desfrutando enorme alegria. Havia um clima de festa espiritual e também de
festa nacional. E toda aquela alegria era resultado do avivamento genuíno
provocado pela exposição da Palavra de Deus. Na realidade, era alegria vinda de
cima do céu, da parte de Deus. Era “a alegria do Senhor!” Não era euforia
humana de origem puramente emocional. As emoções não podem ser excluídas da
manifestação de alegria, pois fazem parte de nosso ser. Quando no meio da
igreja local o Espírito Santo opera tocando no coração dos adoradores, é
possível se ouvir “um som, como de um vento veemente e impetuoso”, enchendo o
ambiente (At 2.2).
Uma festa santa. A “alegria do
Senhor” produz força na vida do crente fiel. Essa força é indispensável para
uma vida vitoriosa contra os três inimigos da fé: a carne, o mundo e o Diabo.
Paulo ensina:
“No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). O crente fiel só
pode ser forte se for cheio da alegria do Senhor, pois ela é a sua força. E
para estar “no Senhor”, é necessário ter comunhão com Ele (2 Co 5.17).
Quanto mais alegre for o crente
“no Senhor”, mais forte ele será. Na igreja local nunca se vê um crente alegre
se desviar, causar dissensões ou divisões. Normalmente são os amargos e
insatisfeitos que provocam rebeliões. Por isso, é indispensável que se busque
desenvolver um clima de alegria espiritual. Não confunda a “alegria do Senhor”
com os falsos avivamentos.
Ao que parece, no meio da
multidão sobressaía-se o choro de alegria misturado com o pranto de
arrependimento. Havia um clamor em voz alta na adoração, na confissão de
pecados e no quebrantamento. Desse modo, os levitas procuraram acalmar o povo,
dizendo:
“Calai-vos, porque este dia é
santo; por isso, não vos entristeçais” (Ne 8.11). Em seguida, o povo atendeu à
exortação de Neemias e foi “a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer
grandes festas, porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber” (Ne
8.12).
A demorada exposição da Palavra
de Deus, em plena praça de Jerusalém, terminou numa grande celebração, numa
verdadeira “festa santa” como proclamou Isaías: “Um cântico haverá entre vós,
como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a
daquela que sai tocando pífano, para vir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel”
(Is 30.29 — grifo nosso).
Somente após o ensino ter sido
ministrado na praça de Jerusalém, foi que irrompeu um dos maiores avivamentos
da história bíblica. O povo se alegrou com o Templo construído sob a liderança
de Esdras. Ele jubilou com a restauração dos muros sob a direção de Neemias,
mas o aviamento chegou quando todos ouviram e entenderam a mensagem da Palavra
de Deus.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro de Neemias – Integridade e
Coragem em Tempo de Crise – Elinaldo Renovato