29 de novembro de 2011

O EXERCÍCIO MINISTERIAL NA CASA DO SENHOR

O EXERCÍCIO MINISTERIAL NA CASA DO SENHOR – Ev. José Costa Junior


CONSIDERAÇÕES INICIAIS


             O assunto desta lição diz respeito ao exercício ministerial na casa do SENHOR. Para melhor ambientar os leitores desta preciosa lição, farei um breve resumo do que estamos tratando, para depois analisar versículo por versículo, utilizando-me, dentre outros, dos ricos comentários de William Kelly.


             Passados doze anos da permanência de Neemias em Jerusalém, este teve que retornar a Suzã por um breve espaço de tempo (433-430 a.C.), o repovoamento e a redistribuição de terras autorizados por Neemias foi realmente posto em prática. Essa pode ter sido a ocasião em que o sacerdote Eliasibe mudou-se para Jerusalém. Esse Eliasibe, segundo Fensham, não deve ser confundido com o sumo sacerdote Eliasibe, visto que este jamais seria identificado com alguém responsável pelos armazéns do templo (Ne 13;4). De qualquer forma, quando Neemias voltou de Susã para Jerusalém, encontrou Eliasibe na cidade e, para seu profundo desgosto, achou também Tobias, seu velho adversário. Tobias estava ligado, por laços familiares de casamento, a alguns dos líderes de Jerusalém (Ne 6;17,18), e de alguma forma conseguiu um acesso direto ao templo de DEUS, juntamente com todos que apoiavam sua causa. Neemias imediatamente mandou que Tobias fosse expulso das câmaras do templo e determinou que estas fossem purificadas.


             Não é possível determinar quais foram os negócios urgentes que impeliram o restaurador Neemias de voltar para Susã em 433 a.C.. Pode ser que a resposta seja bastante simples: é possível que seu período de licença já estivesse expirado, sendo-lhe necessário retornar para renová-la. De qualquer forma, ele não demorou muito na capital do império, embora sua curta ausência tenha sido um período grande o suficiente para todo tipo de problemas ressurgir. Neemias viu que os levitas haviam sido negligenciados, o dia de sábado já não era observado e os malsucedidos casamentos mistos voltaram a ser comuns no meio do povo. Até mesmo um dos filhos do sacerdote Joiada tinha se casado com a filha de Sambalate! (Ne 13;28)


             Mais uma vez, Neemias viu-se forçado a promulgar uma série de mudanças. Ele dedicou as muralhas – provavelmente no aniversário de sua construção – e aproveitou a ocasião para estabelecer um sistema que providenciava sustento para os levitas, além das ofertas do povo determinadas pela Lei. Ele também fez com que as determinações de Moisés a respeito dos estrangeiros, especialmente dos amonitas e moabitas, fossem lidas, de sorte que não houvesse mistura na santa congregação de Israel (Ne 13;1-3 *cf. Dt 23;3-6). Essa atitude foi uma resposta direta à presença de Tobias, o amonita, nos recintos sagrados do templo.


             O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão sobre os ensinos de Neemias ao zelar pelo exercício ministerial do pós exílio. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula e fazer coro com o autor da lição para alertar o povo de DEUS quanto aos cuidados no ministério cristão. 


             I. CONTAMINAÇÃO DO MINISTÉRIO


             Havia algum tempo desde que o remanescente tinha voltado. Quando Neemias olha para as práticas de seu povo, ele encontra um aspecto triste: haviam abandonado o primitivo espírito de separação. Verifiquemos se isto não acontece com o povo de DEUS hoje. Temos que vigiar continuamente e estar de guarda. Não é que não nos regozijemos por o SENHOR acrescentar almas à igreja, e se ELE trouxesse dez vezes mais do que, em geral, são acrescentados, não obstante a alegria desta graça divina, não deixaria de haver algum perigo. Este aumento acarretaria dez vezes mais razões para humilhação diante DELE; não para menos alegria, mas para maior vigilância. E assim vemos nesta ocasião, que “Naquele dia leu-se o livro de Moisés, na presença do povo, e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na assembleias de Deus; (Ne 13:1). Isto era algo de novo, não tinham, os Judeus, pensado antes na necessidade desta separação: “porquanto não tinham saído ao encontro dos filhos de Israel com pão e água”(v.2).

             Como vemos, voltaram aos princípios: “Ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel toda a multidão mista” (v.3).


             Era isto: tinham lido a mesma coisa repetidas vezes, mas agora faziam sua aplicação. Não precisamos apenas da Palavra, mas do ESPÍRITO SANTO para tornar a Palavra viva. E agora que descobriram sua aplicação, eles atuavam sob ela. “Ora, antes disto Eliasibe, sacerdote, encarregado das câmaras da casa de nosso Deus, se aparentara com Tobias”(v.4). Não admira que houvesse causas de fraqueza entre eles. Vemos este homem, Tobias, o qual era o principal inimigo do povo de DEUS, alojado no santuário de DEUS, na própria casa! “e lhe fizera uma câmara grande, onde dantes se recolhiam as ofertas de cereais, o incenso, os utensílios, os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite, que eram dados por ordenança aos levitas, aos cantores e aos porteiros, como também as ofertas alçadas para os sacerdotes.”(v.5).


             Parece que Neemias fez duas visitas a Jerusalém e que durante a sua ausência deu-se este abandono dos princípios “...porque no ano trinta e dois de Artaxerxes, rei da Babilônia, fui ter com o rei; mas a cabo de alguns dias pedi licença ao rei, (v.6). Trata-se de uma segunda licença.


A primeira foi no ano vigésimo (Ne 2:1), e esta foi doze anos mais tarde. “e vim a Jerusalém; e soube do mal que Eliasibe fizera em servir a Tobias, preparando-lhe uma câmara nos átrios da casa de Deus”(v.7). Encontramos agora algo mais grave do que o que foi encontrado por Neemias em sua primeira vinda a Jerusalém!


             A casa do SENHOR estava profanada, o local de culto contaminado. O que fez Neemias? Afastou-se da casa de DEUS? Não voltou mais a adorar ali? Não! Nos apresentou um importante princípio a ser observado. Neemias nunca se lembrou de fazer tal coisa como ausentar-se, nem nós devemos fazê-lo. O mal nos outros não é razão para nos ausentarmos da mesa do SENHOR, pois se isso fosse razão suficiente, seria uma razão para todos que são justos. Supondo que todos os que são justos se ausentassem, onde estaria a mesa do SENHOR? Não, prezado leitor, é um princípio falso e mau. O certo é que se houve mal, devemos pedir a DEUS para podermos enfrentar o mal de um modo bom. Devemos pedir a DEUS sabedoria para resolver o mal segundo a SUA Palavra e esperar em DEUS para fortalecer as mãos daqueles que velam pela glória do SENHOR.


             Não é a presença do mal que destrói o caráter da mesa do SENHOR, mas sim a recusa em julgar o mal. Ainda que haja o mal mais terrível não é uma razão para se ficar ausente da mesa do SENHOR (deixar a sua congregação). Há vários lugares onde a liderança tem agido de forma desconexa com a Palavra de DEUS, compactuando com o pecado de alguns irmãos e até de obreiros, através do silêncio covarde ou conivente omissão. Encontramos, em certos círculos de obreiros, uma atitude corporativista entre seus pares, no tocante a procedimentos errados, dentro e fora da igreja. O comentarista da revista, pastor Elinaldo Renovato, nos diz, em seu comentário da lição VIII, que “liderança é, acima de tudo, caráter e exemplo (I Pe 5:1-3). Sem tais quesitos, os resultados são deploráveis”. Não observando estes sábios dizeres, a liderança mina o crescimento físico e espiritual da igreja. Estas palavras, do pastor Elinaldo Renovato, deveriam estar escritas em todas as salas onde são decididas as novas diretorias das nossas igrejas e, particularmente, na minha cidade Natal.


             II. A JUSTA INDIGNAÇÃO DO HOMEM DE DEUS         
    
             Neemias não se ausentou porque Tobias tinha conseguido, por influência do sacerdote Eliasibe, ter uma câmara na casa de DEUS. Porém, veio para Jerusalém e tomou conhecimento deste mal, e disse: “Isso muito me desagradou...”. Este foi o primeiro efeito: “...pelo que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara”. Porque só um israelita atuou? Todos tinham por obrigação de atuar. “Então, por minha ordem purificaram as câmaras; e tornei a trazer para ali os utensílios da casa de Deus, juntamente com as ofertas de cereais e o incenso”.



             Quando a Igreja do SENHOR identifica o mal, o pecado, tem, por obrigação, que tomar uma atitude para desfazer o laço maligno. O povo de DEUS tem que entender que a liderança da Igreja do SENHOR não possui “imunidade espiritual”; ninguém a possui! O entendimento equivocado de que não nos cabe julgar nem analisar o que a liderança da igreja faz de errado, cabendo aos crentes agir como Davi em relação à Saul: simplesmente não fazendo nada, esperando que Deus resolva o negócio e faça a justiça, não condiz com os ensinamentos Bíblicos e abre um espaço enorme para a atuação de Satanás dentro da Igreja.


             DEUS quer que a Igreja atue como um corpo; em unidade. Quando o apóstolo Paulo ouviu que estava ocorrendo alguma coisa de terrível em Corinto, não recusou escrever, e não lhes disse: “- Já não sois a Igreja de DEUS!”. Ao contrário, ele escreveu cuidadosamente: “A Igreja que está em Corinto”, e, ligando-os a todos os santos que estavam no mundo, continua “...com todos os que em todo o lugar invocam o nome do nosso SENHOR JESUS CRISTO, SENHOR deles e nosso”(ICo 1;1,2). Fala-lhes do mal terrível que ele sabia que havia entre eles, e diz que já tem deliberado o que deve ser feito, mas diz-lhes para julgarem. O seu juízo não serviria como decisão: a Igreja deveria julgar. Deveriam demonstrar que estavam bem esclarecidos sobre o assunto e este seria o meio pelo qual DEUS operaria na Igreja.


O profeta Natã não ficou indiferente quanto ao pecado de Davi e nem Paulo deixou de repreender o apóstolo Pedro quando este se portou de forma inadequada. Paulo recomenda:"Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo."(1 Co 5.9-13).


             Líderes fiéis são essenciais para que a Igreja seja o que o SENHOR sempre quis que ela fosse: um lugar onde os crentes se reúnem para obter bons relacionamentos (companheirismo), fortalecimento espiritual e também dar bom testemunho do poder de DEUS em uma sociedade pecadora. Satanás, nosso inimigo, quer que a liderança da igreja seja contaminada pelo pecado, arruinando seu testemunho na Igreja e sua influência na sociedade. Mas DEUS chamou a todos os cristãos para dar suporte a seus pastores e líderes através da oração, a qual pode ajudá-los a ser eficientes para servir a DEUS, em vez de perder a batalha espiritual.


             III. HONESTIDADE E TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO


             Temos visto casos de enriquecimento por administração dolosa dos bens da igreja. O obreiro é um despenseiro de DEUS, tanto das coisas espirituais como das materiais e o que se requer dos despenseiros é que se achem fieis (ICo 4;1,2). Um administrador infiel perto está de sua demissão (Lc 16;1,2).


             Existem outros que sobrecarregam a igreja com dívidas oriundas de construções de suntuosos templos. Isto também é administração desequilibrada. Uma administração assim pode levar a igreja ao descrédito e prejudicar seriamente o obreiro. Tais aberrações são feitas normalmente sob pretexto de fé, mas a fé verdadeira não falha. JESUS nunca ensinou a cometer tais desequilíbrios, antes aconselhou prudência (Lc 14;28-30). Na verdade todos os nossos atos são feitos por fé, mas não se deve abusar da fé nem nas coisas espirituais, nem nas concernentes à administração dos bens do SENHOR. Se o obreiro deseja progresso no seu trabalho, deve administrar no temor de DEUS e na direção do ESPIRITO SANTO.


CONCLUSÃO

             Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 

Ev. José Costa Junior







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