16 de março de 2011

AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO

AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO – Ev. José Costa Junior


CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Não obstante atribuir-se a importância histórica de Paulo o fato de ter sido ele o primeiro a dar uma formatação teológica à proclamação cristã primitiva e a desenvolver, com reflexão, estas questões, não se deve julgar de menor importância o seu trabalho missionário. As enunciações teológicas do apóstolo foram sempre inspiradas pelo contexto de sua missão aos gentios. Por meio dessa missão, Paulo também contribuiu para a transposição notavelmente precoce da nova fé, da esfera limitada do judaísmo para a estrutura mais ampla do mundo gentio e, desse modo, possibilitou que o cristianismo florescesse como movimento distinto depois de 70 d.C..


A estratégia missionária de Paulo era conquistar a maior parte possível do mundo gentio e, quando começou a ficar evidente que a tarefa não se completaria durante a sua vida, ele tentou – não sem sucesso, ao que parece – fazer a comunidade cristã de Roma compartilhar sua visão (ver Romanos).


Por em prática esta estratégia não exigia a apresentação do evangelho a cada um dos indivíduos das áreas que ele evangelizava, mas sim a fundação de igrejas locais que servissem de núcleos a se propagar nessas áreas. Seu plano incluía um evangelismo pioneiro, anunciar o evangelho como ele disse, somente “onde o nome de CRISTO ainda não fora pronunciado” (Rm 15; 20-21), e assentar ele mesmo os alicerces.


O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do que trata a lição; as viagens missionárias de Paulo. O objetivo não é apenas listar o itinerário paulino, mas fazer algumas reflexões sobre seus objetivos, trazendo ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.


AS VIAGENS MISSIONÁRIAS


Para que Paulo realizasse tais empreendimentos era preciso uma combinação de planejamento estratégico e receptividade à inspiração divina. O empreendimento todo era realizado “pelo poder do ESPÍRITO” (Rm 15;19), e o poder do ESPÍRITO era experimentado em circunstâncias especiais, como quando seus passos foram desviados da estrada para o ocidente, em direção a Éfeso, e dirigidos para Trôade e para Macedônia (At 16;6-10).


Em At 13;1 até 15;30 têm-se a descrição de sua primeira viagem missionária. Quando Paulo e Barnabé regressaram a Antioquia, viram que era chegado o tempo de pregarem o evangelho em outros países. Um novo movimento se operava em obediência ao ESPÍRITO SANTO (At 13;2), e para isso se prepararam aqueles apostólicos obreiros com jejum e oração.


Indo com eles João Marcos, saem de Antioquia da Síria. Viajam de navio até Salamina, na ilha de Chipre (13,4-5). Atravessam a ilha e param em Pafos onde conflitam com um judeu mágico de nome Barjesus (13,6-12). Partindo de Chipre, Paulo e seus companheiros navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge, na Panfília onde Marcos os deixou. Sobem até Antioquia da Pisídia onde foram recebidos com alegria pelos gentios, após terem ouvido a mensagem salvadora de CRISTO JESUS, mas houve conflito com os judeus (13,13-52). Seguem para Icônio na Licaônia onde, novamente, entram em conflito com os judeus (14,1-5). Vão para Listra onde continuam anunciando a Boa Notícia (14,6-7), promovem a cura de um homem aleijado e são hostilizados por gentios e judeus (14,8-20). Chegam a Derbe e depois retornam, passando por Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, animando os discípulos a permanecerem firmes: “É preciso passar por muitas tribulações...” (14,20-23). Atravessam a Pisídia, chegam em Panfília, depois em Perge e Atalia (14,24-25). Navegam para Antioquia da Síria onde reúnem a comunidade para partilhar e avaliar os resultados desta tão proveitosa empreitada. Concluindo, assim, sua primeira viagem missionária (14,26-28).


As fontes também dão testemunho de uma segunda dimensão definidora da missão paulina, a saber, o compromisso de Paulo de fundar e educar comunidades cristãs como um propósito central de seus esforços missionários em qualquer região específica. Realmente, em suas viagens, Paulo se dedica à pregação missionária etapa por etapa. E ativamente empenhou-se em conversões individuais como parte de sua vocação. No entanto, estas funções evangelizadoras, eram exercidas como passos preliminares necessários em um propósito missionário maior: de formar comunidades de fiéis de uma região após outra em toda a sua parte do mundo. Não foi por acaso que Paulo não se descreveu como fazedor de tijolos, mas como construtor de alicerces (I Co 3;10). Sua missão concentrava-se em realização conjunta.


A segunda viagem missionária (At 15;36 à 18;28) foi mais extensa do que a primeira. A partida foi perturbada por uma diferença de opinião entre Paulo e Barnabé. Desejava Barnabé que também os acompanhasse João Marcos, seu parente, que tinha sido censurado por Paulo em certa ocasião (At 15;38). Como Paulo não quisesse anuir, separaram-se. Paulo, escolhendo para seu companheiro a Silas, saem de Antioquia da Síria e percorrem a Síria e a Cilícia, confirmando as comunidades organizadas na 1ª viagem (At 15,41). Passam por Derbe e Listra, levando consigo Timóteo com quem teve uma importante entrevista (16,1-5). Entram na Frígia. Não conseguem ir até a Ásia. Passam pela Galácia (16,6). Impedidos de ir até Bitínia, seguem para Mísia e Trôade (16,7-8). Em Trôade atraiu Paulo a si um novo companheiro, que haveria de ser o futuro historiador dos seus trabalhos; Lucas.


Um sonho leva Paulo e sua equipe até a Macedônia (At 16,9-10). Em dois dias chegam a Neápolis, porto de Filipos. A comunidade se forma a partir de um grupo de mulheres (At 16,11-15). Em Filipos, proporcionam a libertação de uma escrava de satanás e angariam conflito com seus patrões. São presos e, milagrosamente, são libertos (At 16,16-40). Expulsos de Filipos seguem para Tessalônica, onde conflitam com os judeus (17,1-9). Expulsos de Tessalônica chegam a Beréia, onde, novamente, conflitam com os judeus (17,10-13). Paulo se separa de Timóteo e Silas e com alguns acompanhantes vai a Atenas. Manda avisar Timóteo e Silas para encontrá-lo lá (17,14-15). Em Atenas, Paulo faz um discurso aos intelectuais no Areópago (17,16-34). De lá, viaja para Corinto, encontra-se com o casal Priscila e Áquila e permanece por lá durante 18 meses confeccionando tendas e evangelizando (18,1-18). De Corinto, embarca para Éfeso, onde decide voltar (18,19-21).


Embarca para Cesaréia e Jerusalém – onde ele saudou “a Igreja” -, e depois volta para Antioquia da Síria (18,22), visitando esta cidade pela última vez.
Paulo revela repetidamente um sentimento não só de fundar, mas também de cuidar dessas comunidades, não só de gerar, mas também de educar, não só de plantar, mas também de cultivar. Por esta razão ele visita regularmente as igrejas que fundou e, sempre que possível mostra-se inclinado a diligenciar um ministério residencial de edificação. Como Paulo explica suas atividades interrompidas em Tessalônica: “E vós sabeis: tratando cada um de vós como um pai a seus filhos, nós vos exortamos, encorajamos e suplicamos para que cada um leve uma vida digna” de DEUS (I Ts 2;10-12). O compromisso missionário paulino de cuidar de suas recém fundadas igrejas é mais diretamente demonstrado pela existência das cartas em si. Essas cartas não são composições evangelizadoras: o Paulo que está disponível para nós em primeira mão está disponível quase exclusivamente na dimensão do cuidado com a comunidade de seu papel missionário.


Partindo de Antioquia, Paulo, acompanhado de Timóteo, na sua terceira viagem missionária (At 19;1 à 21;14), passou pela Ásia Menor, visitando e animando as igrejas que ele tinha estabelecido naquela região. Paulo chega a Éfeso, onde ficam três anos. Encontram, na primavera de 57 d.C., os seguidores de João Batista (19,1-7). Ensina na Sinagoga e numa escola particular (19,8-10). Conflitua com os exorcistas judeus, filhos de Cevas, Sumo Sacerdote (19,11-20). Paulo decide voltar a Jerusalém, passando por Macedônia e Acaia. Envia à sua frente Timóteo e Erasto (19,21-22). Ainda em Éfeso tem conflito com Demétrio, ourives (19,23-40). Expulso de lá, segue para Macedônia e anima os discípulos e, mais uma vez, usufrui da companhia de Lucas (20,1-6).


A equipe viaja até Trôade onde Paulo ressuscita o jovem Êutico (20,7-12). De Trôade dirigem-se a Mileto em dois grupos (20,13-16). Em Mileto profere discurso de despedida aos presbíteros de Éfeso (20,17-38). A viagem segue de navio até Tiro, na Síria visita a Comunidade (21,1-6). Continua até Ptolomaida e Cesaréia onde foi visitar Felipe, o evangelista. Ágabo, que tinha o dom de profecia, mostrou a Paulo, de uma maneira dramática, que era perigosa a sua ida a Jerusalém (21,7-14). Lucas e os outros companheiros de Paulo choraram e pediram-lhe que não fosse, mas a sua resolução era inabalável e então os seus amigos reconheceram que era vontade de DEUS.


CONCLUSÃO


A partir da análise destas viagens missionárias, indicamos certos padrões predominantes na atividade missionária paulina:
Ø Paulo se dedica a apresentar o evangelho onde ele ainda não foi ouvido, tarefa pioneira nas fronteiras da expansão cristã.
Ø Ele entende que esta dedicação subentende um movimento geográfico de anúncio de evangelho.
Ø Ele conceitualiza este movimento em termos de áreas geográficas específicas.
Ø Paulo tenta visitar essas regiões em uma sequência aproximadamente contígua, do leste para o oeste.
Ø Dentro deste espaço, Paulo procura estabelecer comunidades, cristãs nos principais centros populacionais de cada região.
Ø O compromisso missionário paulino inclui educar essas comunidades para que alcancem uma estabilidade madura.
Ø Quando considera isso realizado, Paulo sente que não tem “mais campo de ação” para seu chamado específico nessa região e se prepara para seguir adiante.


A missão paulina tem se mostrado ainda mais fundamental para entender a pessoa do apóstolo. Os contornos de sua vida, o conteúdo de suas cartas e as estruturas e seus pensamentos são todos determinados essencialmente por inferências de sua vocação missionária. Esta vocação deve fomentar, em cada coração cristão, o desejo de ser um ganhador de almas, um missionário do SENHOR JESUS. Espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao nosso DEUS.


Elaboração por :- Ev. José Costa Junior

REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA São Paulo e Barueri – Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil 1999

BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal – 9ª Ed. – São Paulo, SP: Editora Vida, 1996

HAWTHORNE, Gerald F., Ralph P. Martin e Daniel G. Reid (org.). DICIONÁRIO DE PAULO E SUAS CARTAS. São Paulo: Vida Nova, 2008

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