19 de janeiro de 2011

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

Texto Áureo: “3Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: 4há um só corpo e um só Espírito [...]” (Ef 4.3,4)

I – Introdução

A Paz do Senhor a todos os leitores!
Através deste pequeno estudo buscaremos explanar a respeito da Lição n. 04 do primeiro trimestre do ano de 2011. Neste trimestre estamos estudando sobre o livro de Atos dos Apóstolos, e esta lição é baseada no capítulo 2, versículos 40 a 47.
Estaremos estudando sobre a comunhão da igreja, buscando aclarar o que vem a ser esta comunhão, qual o seu valor, como alcançá-la e suas consequências.

II – O que é a comunhão?

A lição em comento nos traz um conceito extraído do Dicionário Teológico da CPAD, o qual assim conceitua este termo: “vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo”.
Este conceito traz dois aspectos fundamentais: primeiro, a comunhão entre os irmãos é mantida pelo Espírito Santo; segundo, esta comunhão faz com que os crentes se sintam um só corpo em Jesus Cristo.
O primeiro aspecto diz respeito ao fato de que é o Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós crentes, que nos dá o amor ao próximo, a compaixão, a lealdade e todas as outras virtudes necessárias para mantermos comunhão com nossos irmãos em Cristo. O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal enfatizou esse aspecto ao comentar o versículo 3 do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Efésios. Segue o versículo mencionado e, após, o seu respectivo comentário:
“3 procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz;”.

“’A unidade do Espírito’ não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apóstolo proclama nos capítulo 1-3. Os efésios devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços e organizações humanos, mas pelo andar ‘como é digno da vocação com que fostes chamados’ (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (VV. 1-3, 14, 15; Gl 5.22-26). Não pode se conseguida pela carne (Gl. 3.3)”.


O segundo aspecto fala de uma metáfora muito usada para caracterizar a igreja. Somos tidos como corpo de Cristo, uma vez que um corpo possui várias partes, tendo cada uma delas sua função específica, sem a qual o corpo não poderia ser considerado perfeito. Isso quer dizer que cada crente tem uma função dentro da igreja, sendo que uma não é superior á outra para Deus. O Apóstolo Paulo explana muito bem a respeito dessa metáfora em sua primeira epístola aos Coríntios, no capítulo 12, versículos 12 ao 31. Por ser o trecho deveras extenso, seguem alguns versículos chave (grifou-se):
“12Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 13Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. (...) 22Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;(...)25Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 26De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”.

Este trecho bíblico traz talvez a melhor caracterização de como deve ser a comunhão entre os irmãos, mencionando que nós crentes devemos cuidar um dos outros, sofrer o sofrimento dos demais irmãos, e nos alegrar com a alegria destes. Destaca, ainda, que todos somos necessários ao corpo de Cristo, dentro daquilo que fazemos por Ele, não sendo um ministério maior do que outro.
Os dois aspectos destacados do conceito inicialmente transcrito da palavra comunhão são mencionados pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, em nota ao versículo 13, supracitado:
“O batismo ‘em um Espírito’ não se refere, nem ao batismo em água, nem ao batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de Pentecoste (...). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito Santo batizar o crente no corpo de Cristo – a igreja, unindo-o a esse corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação espiritual (...) que ocorre na conversão e que coloca o crente ‘em Cristo’ biblicamente (...)”.

A Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer conceitua o termo comunhão como sendo “Participação em comum em crenças ou idéias”.
Este conceito destaca que a comunhão vem a ser a igualdade de crenças ou idéias, isto é, a comunhão se estabelece entre aquelas pessoas que compartilham de um mesmo pensamento, que crêem em uma mesma coisa, assim por diante.
Para nós crentes, a comunhão parte da crença no mesmo Deus, nas mesmas doutrinas, na mesma Salvação, o compartilhamento da mesma fé, etc. Quando há dissensões entre o povo de Deus, a comunhão se abala.
A comunhão se estabelece na unidade de crenças. Por isso todos devemos crer da forma que escreveu o Apóstolo Paulo aos Efésios, capítulo 4, versículos 4 a 6:
“4há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; 6um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.


III – Como alcançar a comunhão?

Diante de tudo o que já foi exposto podemos ver como podemos alcançar a comunhão entre os irmãos.
A primeira coisa é deixarmos o Espírito Santo trabalhar em nossas vidas. Ele nos transforma e nos dá a capacidade de permanecermos unidos em uma mesma crença.
Se não deixamos o Espírito Santo trabalhar em nós diversos sentimentos que impedem a comunhão surgem em nosso meio, como a inveja, o rancor, o ciúme, a raiva, a tristeza, a avareza, entre outros.
Todos esses maus sentimentos não permitem que sintamos amor pelo nosso próximo e trazem dissensões para dentro de igreja.
Esses sentimentos revelam quem não é “espiritual” e sim “carnal”, ou seja, quem ainda não deixou o Espírito moldá-lo, como Paulo repreendeu os Coríntios em sua primeira epístola, capítulo 3, versículos 1 e 3 (grifou-se):
“1E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...), 3porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?”.

A segunda coisa a fazer é reconhecermos que somos todos membros de um só corpo, tendo cada um sua função, nenhuma mais importante que a outra, como já foi exposto acima.
Muitas dissensões surgem na igreja também quando alguns de seus membros passam a achar que são mais importantes, menosprezando o trabalho dos demais. Esquecem-se que se um corpo perde qualquer de suas partes deixa de ser perfeito, sendo todo ele prejudicado.
O corpo humano é um complexo de partes interdependentes. Se uma falta, todo o corpo sente. Mesmo aquelas partes que são duplas, como os ouvidos, os olhos e os pulmões, se um dos dois é retirado do corpo a sua função fica prejudicada. A pessoa vai ouvir menos, enxergar menos ou respirar com mais dificuldade.
Assim é a igreja de Cristo: ela precisa do zelador, do operador de som, do pregador, do porteiro, do pastor, etc. Sem qualquer um desses ministérios a igreja não funciona corretamente.
Nesse sentido escreveu o Apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 3 a 5, concluindo no versículo 10 (grifou-se):



“3Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, 5assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (...).10Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”.

Este último trecho grifado (“preferindo-vos em honra uns aos outros”) diz respeito ao valor que devemos dar ao trabalho de cada um dentro da Casa de Deus, devemos estar sempre dispostos a respeitar e honrar as boas qualidades dos outros crentes.
A terceira coisa a se fazer para alcançar a comunhão entre os irmãos é buscarmos sempre a unidade. Esta unidade se revela em diversos aspectos como a fé, a doutrina, a esperança, além da crença no mesmo Deus Pai, no mesmo Espírito e no mesmo Salvador.
Se há diferentes correntes de pensamento dentro de uma igreja, ela não subsiste. Jesus mesmo deu um exemplo que muito se encaixa neste aspecto em Matheus 12.25, muito embora Ele tenha dado este exemplo em outro contexto (grifou-se):
“25Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.”

Jesus quer dizer nesta passagem que não há como um reino ou uma cidade subsistir se ela se divide e luta contra si mesma, ou seja, se em um reino ou uma cidade formam-se dois ou mais grupos antagônicos em algum aspecto, e estes grupos lutam entre si, o reino ou cidade fica completamente enfraquecida e desestruturada. Da mesma forma não há como uma igreja prosperar em seus trabalhos para Deus se dentro dela houver dissensões.
Por isso Paulo exortou, em I Coríntios 1.10, aos irmãos daquela igreja:
“10Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”.
IV – O valor e os frutos da comunhão

A comunhão entre os crentes faz bem para a própria igreja e agrada a Deus.
Uma igreja unida, voltada para os mesmo objetivos, unânime em fazer a obra de Deus, é muito mais forte e alcança muito mais êxito em sua lida. Uma pessoa pode sozinha fazer grandes coisas para a obra de Deus, porém um grupo de pessoas, reunido pelos mesmos ideais, pela mesma fé e pelo mesmo propósito, pode fazer muito mais.
A comunhão de uma igreja também faz bem para seus membros, pois aquele que se encontrar necessitado de algo, seja um bem material, seja um conforto, seja uma oração de intercessão, sempre terá onde encontrar.
Lucas cita em Atos 2.44 e 45 como era a igreja primitiva:
“44E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.

Deus não exige de nós que vendamos todos os nossos bem e repartamos com os membros mais necessitados da igreja, mas exige que estejamos sempre dispostos a ajudar aqueles que padecem de qualquer tipo de necessidade.
Nesse sentido também está escrito e Gálatas 6.9 e 10 (grifou-se):
“9E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.

A comunhão na igreja também agrada a Deus, fazendo com que Ele abençoe cada vez mais os seus membros. Deus deseja que estejamos sempre unidos, para que a Sua igreja prospere.
Davi escreveu, inspirado por Deus, um Salmo em que fica expresso como Deus se agrada da união entre os irmãos. É o Salmo 133, abaixo transcrito em sua íntegra:

“1OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre”.

Davi demonstra quão maravilhosa é a comunhão entre os irmãos de fé. O texto demonstra uma intensidade, um deslumbramento muito grande de Davi ao proclamar a importância da união. Ele parece escrever em tom de rogo, para que todos que lessem percebessem que a comunhão na igreja é essencial para todos.
O próprio Senhor Jesus, em Sua oração pelos Seus discípulos, clama a Deus Pai, primeiramente, que mantenha a estes unidos, estendendo o pedido, posteriormente, para todos aqueles que, através deles, creiam em Seu nome. Esta passagem podemos encontrar em João 17. 11, 20 e 21:

“11E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. (...). 20E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; 21para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

Aqui se mostra de grande valia transcrever a nota feita pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal ao versículo 21, a qual comenta sobre a verdadeira união espiritual entre os crentes, não uma união superficial:
“A união em favor da qual Jesus orou não era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência em Cristo (v. 23); amos a Cristo (v. 26); separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a verdade da Palavra e crer nela (vv. 6, 8, 17); obediência à Palavra (v. 6); e o desejo de levar a salvação aos perdidos aos perdidos (vv. 21, 23). Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira unidade que Jesus pediu em oração.



(1) Jesus não orava para que seus seguidores ‘se tornem um’, mas para que ‘sejam um’. Trata-se de um subjuntivo presente e significa ‘continuamente ser um’. União essa que se baseia no relacionamento que todos ele têm com o Pai e com o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf 1 Jo 1.7).
(2) Intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que ‘reuniões de unificação’, i. e., de união artificial. É uma união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (...)”.


V – Conclusão

A comunhão entre os crentes é essencial em uma igreja para que ela permaneça agradável a Deus, fazendo a Sua obra de forma maravilhosa. Deus quer que haja uma verdadeira comunhão espiritual entre seus servos, fazendo com que todos tenhamos plena consciência de que fazemos parte de um só corpo.
Cada um de nós tem que buscar uma real transformação por parte do Espírito Santo, para sermos capazes de estar em plena comunhão. Assim poderemos nos afastar de sentimentos que impedem a união e causam dissensões dentro da igreja.
Nunca podemos pensar que somos mais importantes que os outros para o Senhor, mas devemos aprender a dar honra àqueles que a merecem. Como dito, somos membros de um só corpo, o qual só é perfeito com cada uma de suas partes.
Esta comunhão deve se manifestar em uma unidade de pensamentos, de crenças. Devemos ter consciência de que seguimos a mesma doutrina, temos fé e esperança no Deus único, cremos no mesmo Salvador e somos transformados pelo mesmo Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós igualmente.
Desta forma poderemos ver manifesto em nosso meio O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja.


Comentarista: Jimmy Bruno dos Santos Silva, membro da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém de Dourados-MS.

Nenhum comentário: