31 de janeiro de 2010

O que a Bíblia diz sobre a reconciliação?

O que a Bíblia diz sobre a reconciliação?

A reconciliação pode transformar relações pessoais que tenham sido quebradas e já não têm cura. É a mensagem central do evangelho. A reconciliação acaba com relações pessoais quebradas.

É importante examinarmos cuidadosamente o que a Bíblia diz sobre a reconciliação. Vamos examinar alguns princípios bíblicos, a fim de nos ajudar a pensar sobre os motivos pelos quais os cristãos deveriam se envolver no incentivo à reconciliação. Estes princípios também podem ser compartilhados com os cristãos afetados pelo conflito, de forma que eles possam ser piedosos em suas atitudes e ações durante ou após o conflito.

Primeiro aspecto: Reconciliação com Deus

Nosso modelo para a reconciliação é a reconciliação com Deus através de Jesus Cristo.O primeiro capítulo do Gênesis fala sobre a criação de Deus. Deus criou os céus e a terra. Deus viu que o que estava criando era “bom”. Ele, então, criou o homem e a mulher e os declarou “muito bons”. Adão e Eva viviam na terra de Deus sob a benção de Deus. As pessoas tinham shalom (paz) com Deus, umas com as outras e com o meio ambiente. Entretanto, em Gênesis 3, nos é dito que a criação de Deus foi danificada pelo pecado. O shalom do jardim do Éden foi destruído. As relações das pessoas com Deus foram rompidas. Isto resultou no rompimento das relações entre as pessoas e entre as pessoas e o meio ambiente.


O resto da Bíblia é um relato do plano de Deus para restaurar Sua criação – trazer sua criação de volta para a relação certa com Ele. Isaías cap. 9 profetiza a vinda de Jesus. O versículo 6 descreve-o como o “Príncipe da Paz”. No Novo Testamento a paz vem através da morte de Jesus na cruz.


Colossenses 1:19-20 diz : “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele em Cristo] habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”.

Segundo aspecto: Reconciliação com os outros

Os cristãos devem comprometer-se com a reconciliação das pessoas com Deus. Paulo diz que Deus nos deu a todos o ministério da reconciliação. Ele nos chama de “embaixadores de Cristo” para compartilharmos a mensagem de reconciliação com os outros.

Este é o nosso chamado para testemunharmos para os que ainda não estão reconciliados com Deus através da cruz.

2 Coríntios 5:18-20 diz: “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois rogamos que vos reconcilieis com Deus”.

Relacionamentos: nossa identidade e o desafio da unidade

As pessoas com quem nos relacionamos melhor geralmente são as com quem temos algo em comum. Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem, mas não nos fez a todos únicos. Não existem duas pessoas completamente iguais no mundo. Todos possuímos uma identidade diferente. Isto se deve, em parte, às características herdadas, tais como nossa etnia. Ela também pode ser moldada pelas pessoas com quem convivemos ou por onde trabalhamos. Achamos mais fácil nos relacionarmos com pessoas do mesmo grupo étnico, familiar, lingüístico, etário ou do mesmo sexo, ou com pessoas que possuem interesses semelhantes. Deus gosta da idéia de grupos, tais como a família e os grupos étnicos. O desejo de pertencer a um grupo faz parte da natureza humana, criada por Deus, mas não é fácil o convívio em grupo.

Amar o próximo

Muitas vezes, na Bíblia, somos chamados a amar nosso próximo. Jesus nos ensina através desta parábola que o nosso próximo não é apenas a pessoa ao lado ou mesmo alguém do mesmo país.


A parábola do Bom Samaritano explica o mandamento “amarás o teu próximo”. (Lucas 10:25-37). A mensagem importante que Jesus está transmitindo é que nos devemos amar uns aos outros sem nos limitarmos pelas fronteiras culturais e sociais. (Sacerdote – Levita – Samaritano) Entretanto, um sacerdote e um levita, que eram ambos membros da elite religiosa de Israel na época, passaram pelo homem ferido. Na época de Jesus, os samaritanos eram desprezados pelos judeus. Entretanto, nesta parábola, é um samaritano viajante quem vê o homem ferido e sente compaixão por ele.

Amar os inimigos


Muitas vezes, é difícil mostrar compaixão para com as pessoas que não conhecemos ou com quem achamos difícil nos relacionar. É ainda mais difícil, quando somos odiados ou ameaçados pelas pessoas que poderíamos ajudar devido à nossa situação. O ensinamento bíblico sobre a questão de como abordar nossos inimigos é bastante clara.

Em Mateus 5:43-48, Jesus pede a seus ouvintes que amem seus inimigos. Ele usa o exemplo de Deus, que faz com que o sol se levante e a chuva desça igualmente sobre justos e injustos. Ele está falando do amor incondicional. A maior mostra de amor incondicional é a graça de Deus através de Jesus Cristo. Ele nos ama apesar do nosso pecado. É muito fácil amar e estar com aqueles que nos amam. Embora nunca venhamos a ser perfeitos nesta terra, devemos procurar seguir o exemplo de Deus, mostrando graça para com nossos inimigos.

Bem-aventurados os pacificadores (Atos 15.1-4; 36-41)

Em Mateus 5:9, Jesus diz a seus discípulos: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". A pacificação é um aspecto essencial do caráter cristão. Observe a palavra “pacificadores”. É necessário fazer as pazes; isto não é algo que simplesmente acontece. É interessante que nossa natureza pecadora nos torna perturbador da paz. Isto é visto no mundo de hoje tanto quanto na época de Jesus.

Por causa do pecado, as pessoas perturbam a paz com demasiada facilidade. Isto pode ocorrer através de guerras em grande escala, conflitos destrutivos entre indivíduos e, infelizmente, conflitos entre as igrejas. Significa também que o conflito nas igrejas seja resolvido. Há muitas passagens no Novo Testamento que lidam com a questão do conflito nas igrejas. Este problema existiu no início da igreja assim como ainda existe hoje em dia.

Perdoar uns aos outros

O perdão é um elemento importante da reconciliação. Para a vítima, o perdão significa “desprender-se” do ressentimento resultante da dor que lhe foi causada. Isto consiste em encontrar alívio em Cristo, como aquele que suporta a nossa dor. Na Bíblia, muitas vezes, somos chamados a perdoarmos uns aos outros (por exemplo: Mateus 6:15, Mateus 18:21-22 e Colossenses 3:13). Philip Yancey, em seu livro - O que é tão surpreendente sobre a graça? mostra como o perdão é necessário para romper a cadeia da falta de graça que existe no mundo.

A falta de graça é um estado humano natural, enquanto que o perdão é um ato desnatural. Assim como a graça, não há nada de justo sobre o perdão. Perdoar é uma coisa muito difícil de se fazer. Yancey explica:

Por que devemos perdoar? A graça e o perdão fazem parte do caráter de Deus, e somos chamados a sermos como Deus. Uma das frases da oração do Pai Nosso é: “Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido". Jesus pede que perdoemos neste mundo onde há falta de graça . Ao não perdoarmos uns aos outros, estamos, na verdade, sugerindo que as outras pessoas não sejam dignas do perdão de Deus. O perdão rompe o círculo de dor e culpa. Ao desprender-se do ressentimento, a pessoa que perdoa cicatriza suas feridas. Há também a possibilidade de que o transgressor possa se transformar.


Como vemos que somos capazes de perdoar? Nossa experiência de sermos perdoados por Deus ajuda-nos a achar cada vez mais fácil perdoar os outros. O perdão é um ato desnatural. Portanto, precisamos da força e da graça de Deus para sermos capazes de perdoar os outros. Onde a justiça se enquadra neste princípio de perdão? Romanos 12:17-21 ajuda-nos a compreender isto. Depois de ler essa passagem, Yancey deu-se conta de que “Ao perdoar o outro, estou confiando no fato de que Deus sabe melhor do que eu como fazer justiça. Ao perdoar, largo mão do meu próprio direito de vingança e deixo todas as questões de justiça para que Deus as resolva”

Por:- aureaguiar.blogspot.com

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