28 de dezembro de 2009

A RELEVÂNCIA DA VIDA DE PAULO NA IGREJA DE CORINTO

A RELEVÂNCIA DA VIDA DE PAULO NA IGREJA DE CORINTO

Paulo foi e é um personagem do Novo Testamento que se identifica com a igreja de hoje. Neste primeiro trimestre, estaremos dando seqüência ao estudo das cartas de Paulo aos coríntios. Especialmente a segunda carta tem um caráter bem pessoal e foi escrita quase um ano depois da primeira enviada à igreja de Corinto. Porém, neste artigo, queremos destacar alguns aspectos fascinantes da vida do apóstolo Paulo, os quais deixaram lições preciosas para todos os tempos da vida da Igreja na Terra.

Missionário e plantador de igrejas, especialmente na Asia Menor e Europa, Paulo se destacou pela sua ousadia e amor ao Senhor Jesus. Por causa de seu passado

religioso judeu radical, não lhe faltaram questionamentos, levantados por outros judeus, que duvidavam da autenticidade de seu apostolado e da sua mensagem.Havia quem duvidasse até mesmo de sua conversão a Cristo e, por isso, rejeitavam seus ensinos. Ele enfrentou a influência do helenismo grego através da filosofia do gnosticismo sobre os cristãos espalhados na Ásia Menor e na Europa.

Mas, Paulo enfrentou ameaças de morte porque era capaz de contender com com judeus radicais e com os filósofos de sua época.

No campo da teologia, Paulo tinha uma boa formação da escola judaica quando fi aluno de mestres respeitados como Gamaliel. Reuniu o que sabia e com a revelação do Espírito Santo, foi um sistematizador da teologia do Novo testamento, sem diminuir os demais apóstolos, pais da igreja. Ele deu uma nova roupagem a teologia judaica do Antigo Testamento, apresentando uma teologia nova em que Cristo se tornou o ponto convergente da vida da Igreja

Nos dias de Paulo, no primeiro século da Era Cristã, o Império Romano abrangia parte da Europa, da Asia Menor e norte da Africa.Cesar Augusto ascendeu ao poder romano em 3l aC. e teve um período de quase um século (ate 68 dC) de grande progresso e paz período conhecido como o da pax romana. Havia muito comércio, cultura e religiosidade em todo o império, especialmente em Roma. A religiosidade do povo era politeísta ( I Co 8.5), com os deuses romanos e os gregos representados, não só em templos, mas expostos em obras de escultura nas praças públicas. Paulo enfrentou dificuldades ao pregar que havia apenas um Deus e, por isso, em todo o império, onde ele visitava, grandes polemicas e debates teológicos existiam, conforme o testemunho dos Atos dos Apóstolos e as epístolas e cartas enviadas as igrejas.

As cartas à igreja de Corinto

Corinto tem sua posição geográfica numa estreita faixa de terra entre o Golfo de Corinto e o Golfo Sarônico. Essa posição lhe dava garantias de grande comércio para toda a região ao seu redor.

Segundo os especialistas históricos e geográficos, os comerciantes preferiam fazer seus negócios via Corinto, porque algumas regiões junto ao mar Egeu eram perigosas e rochosas, e provocavam ventos fortes que podiam submergir suas embarcações. Por isso, na rota de Roma para o Oriente, o caminho era facilitado pelo fato de Corinto fazer parte da colônia romana.

Corinto era a menos romana de todas as cidades da Ásia Menor. Nela, viviam pessoas de vários povos e nações, por causa do comércio e da cultura desenvolvida na cidade. Corinto era a capital da Acaia. Por essas características cosmopolitas, a cidade atraía gente de todos os lados. Paulo percebeu que era uma oportunidade ímpar para se pregar o Evangelho de Cristo e formar uma igreja naquela cidade.

Paulo cumpre seu papel apostólico na cidade

Ao chegar a Corinto, Paulo vinha de uma experiência um pouco frustrante em Filipos, onde enfrentou grande oposição de judeus fanáticos. Essa oposição não foi menor em Tessalônica e Beréza. Só em Atenas ele conseguiu algum sucesso com a sua pregação Quando foi a Corinto, seus companheiros de ministério, Silas e Timóteo, estavam na Macedônia e ele teve de enfrentar sozinho inicialmente as dificuldades iniciais de semear o Evangelho naquela cidade. Ao chegar a Corinto, tinha conhecimento de um casal de cristãos, Áquila e Priscila, que eram judeus que haviam saído de Roma por causa da expulsão por decreto do Imperador Cláudio. Áquila e Priscila eram fabricantes de tendas e Paulo juntou-se a eles para fabricar tendas para poder subsistir naquela terra.

A despeito da oposição dos judeus à sua presença nas sinagogas da cidade, confrontava a todos com a revelação de que Jesus Cristo era o cumprimento das profecias bíblicas. A igreja foi formada com oposições de todos os lados, mas prosseguiu crescendo em número, tendo Apolo, um expositor veemente da Palavra, como continuador da obra em Corinto (At 18.26-28). Paulo continuou seu ministério itinerante dando assistência a outras igrejas na Ásia Menor.

PAULO ENFRENTOU SERIAS OPOSIÇÕES AO SEU MINISTERIO EM CORINTO

Ao escrever a Primeira Carta aos Coríntios, a referida carta desapareça conforme Paulo cita em l Cormtios 5.9. Posteriormente, ele escreveu outra carta, presumivelmente levada por Estéfanas, Fortunato e Acaico ( I Co 16.17), e nesta carta Paulo foi incisivo acerca de alguns problemas de ordem moral e doutrinaria. Por isso, ele enviou Timóteo para tomar conhecimento dos grandes problemas e procurar amenizar a situação que era grave. Na Segunda Carta, Paulo continuou a tratar de certos problemas, especialmente aqueles que foram levantados com falsas denúncias contra sua vida e que questionavam seu apostolado. Eram pessoas que suspeitavam da sua coerência e boa vontade para com a igreja.

Paternidade literária da Carta

Os críticos literários, estudiosos sérios, que se preocupam com a autenticidade de um documento, chegaram à conclusão deque não há dúvidas quanto à autoria das Cartas aos Coríntios. Na análise textual, os assuntos tratados sugerem a ideia das duas serem uma só carta. Entretanto, os especialistas concordam que as duas cartas diferem em si, e não representam, como entendem, tratar-se de uma compilação de várias cartas. Por essa razão, sugerem algumas divisões de assuntos tratados nas cartas, mas, inevitavelmente, cada uma das cartas tem sua própria linguagem nos assuntos tratados pelo autor. As provas textuais depois de analisadas não deixam dúvidas de que cada uma delas, mesmo sendo dirigidas à mesma igreja, tratam de assuntos parecidos, mas distintos. Não há dificuldade em aceitar a unidade dos assuntos tratados pelo apóstolo.

Propósito da Carta

Ao escrever esta Segunda Carta, Paulo estava preocupado com a vulnerabifidade dos cristãos expostos às influências negativas dos seus oponentes. Ele desejava voltar a estabelecer a confiança que os coríntios tinham quanto à sua pessoa e seu ministério. Havia no seio da igreja amigos fiéis e leais que o conheciam e o amavam, e ele não queria perder essa relação positiva com esses irmãos. Por isso, nesta carta, ele se obriga a fazer uma autorecomendação com uma forma particular de comunicar-se para defender-se das acusações injustas feitas contra ele.

As duas cartas diferem em tom e teor dos assuntos tratados. Na primeira, além dos aspectos doutrinários de ordem moral e de ordem teológica, Paulo doutrinou a igreja acerca dos dons espirituais e como administrá-los. Na segunda, Paulo foi incisivo em defender seu apostolado das acusações injustas que colocavam

“Percebe-se, nos seus escritos,

uma mescla de severidade e

ternura, de exortação e louvor,

de gratidão e indignação, de

humilhação e exaltação”

em dúvida seu ministério apostólico. Alguns oponentes haviam se infiltrado no seio da igreja promovendo dissensões e rejeição a sua pessoa, mas Paulo tratou com firmeza sua posição em nome de Cristo. Ele abordou alguns assuntos teológicos que requeriam clareza e revelação e, graças à sua mente zelosa e à ação do Espírito Santo, esses assuntos se constituem até hoje elementos de doutrina cristã. Ele destacou o ensino sobre a Nova Aliança (2.12 a 4.6); o ministério da reconciliação dado a igreja (5.11-21) e assuntos relacionados com a obra expiatória de Cristo (4.8-12; 6.4-10).

Paulo deu um ensino sobre a administração financeira, ao falar das coletas levantadas em prol da obra, que serve de base para o ensino do assunto na igreja hoje (8.1 a 9.15). A defesa do seu apostolado tem um sentido histórico porque o modo como Paulo fez essa defesa valorizou o ministério pastoral e projetou o cuidado que se deve ter em relação à unção recebida. Quando atingida de forma irracional, essa unção se constitui numa muralha espiritual para aqueles que ministram a Palavra de Deus. Desrespeitar essa unção ofende ao Espírito Santo. Por isso, a autoridade apostólica é aquela que é exercida sob a égide do Espírito Santo.

Paulo era arguto nas ideias que defendia. Sua maneira de falar e de escreve± eram típicas de um coração tocado pelo Evangelho. Ao estudar suas cartas, entramos no seu coração. Vemos seus motivos, suas angústias, suas alegrias, seus temores, suas esperanças, seus sentimentos feridos, seu amor ardente. O estilo como se comunica é irregular, porque transparece um homem de temperamento forte e multo emotivo. A vivacidade do pensamento corre de um ponto para outro com rapidez.

Sua linguagem chega a ser pitoresca, porque abundam metáforas que ilustram as verdades que inundavam seu coração. É evidente que toda a carta foi escrita sob tensão e emoções profundas. Percebe-se, nos seus escritos, uma mescla de severidade e ternura, de exortação e louvor, de gratidão e indignação, de humilhação e exaltação. Todos esses elementos de sua personalidade e espiritualidade revelam um homem como nós, totalmente dependente do Espírito Santo para fazer a obra de Cristo. Acima de tudo, a paixão que o consumia era servir ao Senhor Jesus Cristo de corpo, alma e espírito.

Ensinador Cristão 1º. Trimestre 2010

Elienai Cabral é líder da AD em Sobradinho (DE), articulista, escritor e comentarista deste trimestre das Lições Bíblicas para Jovens e Adultos, que trata de 2Coríntios.

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